Até a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo
1ª Carta a Timóteo | Parte 23 | 1Timóteo 6.13-14
Uma interpretação da primeira carta de Paulo a Timóteo, por Norbert Lieth.
13Diante de Deus, que a tudo dá vida, e de Cristo Jesus, que diante de Pôncio Pilatos fez a boa confissão, eu recomendo: 14Guarde este mandamento imaculado e irrepreensível, até a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo.
Depois que Paulo exortou Timóteo, seu filho espiritual, a combater o bom combate da fé, ele escreveu os versículos 13-14. Timóteo não devia perder de vista a realidade de que Deus continuava no comando e é o Senhor sobre a vida e a morte: “Diante de Deus, que a tudo dá vida... eu recomendo”. No fim de todas as coisas, todas as pessoas serão ressuscitadas pelo poder da palavra do Senhor e cada uma delas será responsabilizada pelos seus atos diante dele. Por isso não há razão para temer homens, mas sim Deus, e é por isso que Paulo fala quatro vezes em piedade no capítulo 6 (v. 3,5,6,11).
Servimos a um Deus que vivifica tudo e que mantém a razão em tudo, por isso é tão importante confessarmos nossa fé a ele e aos outros. Todos os poderosos senhores passarão, todas as decisões políticas se dissolverão, todo obstáculo à fé bíblica desaparecerá. Feliz é aquele que se dedica de modo intransigente a cumprir os mandamentos de Deus e vive de acordo com eles.
O próprio Paulo compareceu destemidamente diante de Félix, Festo e Agripa e pediu-lhes que fosse enviado a Roma para testemunhar de Jesus Cristo diante do imperador com ânimo. Paulo não se intimidou diante dos maiores deste mundo porque ele sabia da existência de alguém ainda maior.
“... de Cristo Jesus, que diante de Pôncio Pilatos fez a boa confissão...” Jesus, na hora mais difícil de sua vida, testemunhou sem pestanejar que ele é o Rei e Messias, diante de Pilatos. “Pilatos então voltou para o Pretório, chamou Jesus e lhe perguntou: ‘Você é o rei dos judeus?’ ‘Então, você é rei!’, disse Pilatos. Jesus respondeu: ‘Tu dizes que sou rei. De fato, por esta razão nasci e para isto vim ao mundo: para testemunhar da verdade. Todos os que são da verdade me ouvem’” (Jo 18.33,37). Em nenhum momento Jesus deixou de confirmar publicamente aquilo que ele é, para o que veio e o significado do seu reino. Com esse testemunho, o próprio Senhor Jesus é o nosso maior exemplo para que nos mantenhamos firmes à sua Palavra e para que testemunhemos destemidamente, mesmo que isso signifique ser levado a juízo.
“Guarde este mandato imaculado e irrepreensível, até a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo” (v. 14). Esse mandamento se refere a toda a Palavra de Deus: “Na presença de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos por sua manifestação e por seu Reino, eu o exorto solenemente: Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina” (2Tm 4.1-2; cf. 3.16-17).
A Palavra de Deus precisa ser mantida e guardada imaculadamente. Nada deve ser omitido dela nem acrescentado a ela. Nada deve ser escondido ou interpretado de modo diverso até a volta de nosso Senhor Jesus Cristo. Jesus voltará e Timóteo já foi exortado a viver direcionado a isso, esperando por ele e agindo nesse sentido.
“... até a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo”, em minha opinião, refere-se primeiramente ao aparecimento de Jesus por ocasião do arrebatamento (cf. 1Co 1.7; Fp 1.5-10; 1Ts 1.10; 3.13; 5.23; 2Tm 4.8). Em seguida, porém, refere-se aos demais eventos até a sua volta em glória, porque o mandamento vale também para os que se converterem depois do arrebatamento e que esperam pela gloriosa vinda do Senhor (Ap 12.17; 14.12). O plano de salvação de Deus não encerra com o arrebatamento, mas vai além. A Bíblia também permanecerá na terra após o arrebatamento e ainda haverá pessoas que crerão nela. Timóteo, assim como nós, deve ter esse final completo diante dos olhos. Não é à toa que também no final do livro de Apocalipse as pessoas são exortadas a não fazer nenhum acréscimo à Palavra revelada, nem retirar algo dela (Ap 22.18-19). “Eis que venho em breve! Feliz é aquele que guarda as palavras da profecia deste livro” (Ap 22.7).