Ellen Steiger

Quando cristãos dizem que a Bíblia não é apenas um livro cheio de bons pensamentos, mas a Palavra de Deus, muitas vezes recebem risadas ou zombaria em resposta. Contudo, a rejeição de pessoas que não acreditam em Deus não é fatal; ela pode ser o ponto de partida para uma boa conversa. É muito mais complicado quando alguém nos círculos cristãos torna-se uma pedra de tropeço em relação à Bíblia, como Daniel Lima observou no artigo de capa desta edição: “Recentemente, um popular pastor brasileiro afirmou que ‘não é possível tratar a Bíblia como um texto que revela verdades absolutas, porque não somos seguidores de um livro, somos seguidores de Jesus Cristo’. Com tais afirmações ele defendeu uma atualização da Bíblia para se adequar a dois mil anos de civilização. Em resumo, o modo como as pessoas pensam mudou, portanto a Bíblia também precisa mudar”. Ele continua: “Curiosamente, muitos que propõe este raciocínio assumem uma postura mansa e sofisticada, afirmam basear-se no amor, proclamam tolerância e, ao mesmo tempo, declaram que todo aquele que afirma que a Bíblia é absoluta não compreendeu a ‘verdadeira’ mensagem de Jesus” (leia aqui). O teólogo alemão Holger Lahayne, missionário na Letônia, disse certa vez: “O evangelho é a libertação da culpa, do pecado e da raiva. Se esses três forem diluídos, o evangelho – estupidamente – também se dissolve”. Quem recebe o evangelho – ou a Bíblia – tomando o que gosta e jogando fora o que não lhe convém acaba sem nada. Não acaba sem pecado e não acaba sem a necessidade de experimentar a salvação e redenção por meio do Filho de Deus.

Vamos olhar para Elias. Deus é convidado a fornecer evidências de seu poder – o que faz. Ele derrete do céu uma pilha de pedras encharcada de água através de uma dramática bola de fogo. Muitos israelitas estão testemunhando tal evento, mas ninguém está impressionado! Não há conversão, não há quebrantamento espiritual. Deus se mostrou, mas cada um segue seu caminho como se nada tivesse acontecido. (Seria diferente hoje?) Não é de se admirar que Elias não entendesse mais a Deus e o mundo, desejando assim morrer (1Rs 19). Mas então o anjo do Senhor o encontra. Elias recebe comida e bebida, repouso e força para poder andar neste poder por 40 dias e 40 noites. E como Deus veio a Elias? Com “o murmúrio de uma brisa suave” (v. 12). Não foi com drama, não foi com uma resposta sensacional à oração, não foi com a prova visível de Deus, mas foi com o poder da palavra que Elias finalmente voltou a seus pés (v. 13-18).

É trágico como a palavra de Deus, a Bíblia, é distorcida, mal-usada, minimizada, negada e incompreendida... hoje. Que não sejamos influenciados por isso, mas nos apeguemos ao exemplo de Jesus. A salvação das pessoas estava próxima do seu coração! Cheios da Palavra, movidos pelo Espírito de Deus, devemos nos pôr a caminho e levar a cabo nossa sagrada missão: “Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas” (Mc 16.15). E quem conta com Deus enxerga tudo com outros olhos, ouve-o falar, experimenta seu poder e sente sua paz. Pensando nisso, desejo a todos uma boa leitura!

sumário Revista Chamada Fevereiro 2021

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