O Coronavírus e a Profecia Bíblica

“Os homens desmaiarão de terror, apreensivos com o que estará sobrevindo ao mundo; e os poderes celestes serão abalados.” (Lucas 21.26)

Leitores da Bíblia estão familiarizados com Lucas 21 e Mateus 24. É importante enfatizar a distinção nas Escrituras entre o passado, o presente e o futuro.

Por exemplo, em Mateus 24, nós vemos diversas vezes o uso de verbos no futuro (“acontecerá”, “haverá” etc.). Uma das passagens mais citadas quando se lida com escatologia é Mateus 24.6-7: “Vocês ouvirão falar de guerras e rumores de guerras, mas não tenham medo. É necessário que tais coisas aconteçam, mas ainda não é o fim. Nação se levantará contra nação, e reino contra reino. Haverá fomes e terremotos em vários lugares”. Na verdade, isso não é algo novo: guerras e rumores de guerras começaram desde o primeiro assassinato, quando Caim matou seu irmão Abel. Desde então, milhares de milhões de pessoas foram mortas por guerras. Jesus, no entanto, disse: “... mas ainda não é o fim”.

Veja o versículo onde se lê que “haverá fomes”. Novamente, isso não é nada de novo; a história fala de diversas ocasiões em que isso ocorreu, e a Bíblia também. Isso também se aplica para terremotos. Algumas pessoas presumem que hoje em dia há mais terremotos que nos séculos passados. Isso, no entanto, está incorreto. O órgão British Geological Survey [Pesquisa Geológica Britânica] na verdade lista uma diminuição no número de terremotos nas últimas décadas. O National Earthquake Information Center [Centro Nacional de Informações sobre Terremotos] localiza mais ou menos 20 mil terremotos por ano. Por que tantos? A alta tecnologia é capaz de medir até mesmo os menores terremotos nas regiões mais remotas. O público agora sabe mais sobre os terremotos e mais rapidamente do que nunca. Então, a resposta é: sempre houve terremotos no passado, nós ainda registramos muitos hoje em dia, e haverá ainda mais no futuro. Com base em Apocalipse 16.18, nós sabemos que um terremoto sem igual está por vir: “Houve, então, relâmpagos, vozes, trovões e um forte terremoto. Nunca havia ocorrido um terremoto tão forte como esse desde que o homem existe sobre a terra”.

Não vale a pena ser alarmista e dizer “Deus está enviando punição à terra”, ou “Isso é um sinal de Deus”. Não é assim; o mundo inteiro hoje está na dispensação da graça. Durante esse período, Deus faz com que seus servos chamem as pessoas a Cristo globalmente. Quando a plenitude dos gentios chegar, então a igreja estará completa e será arrebatada para a presença do Senhor.

Enganação do Sensacionalismo

É extremamente importante não ser afetado por cada nova sensação publicada. Quando os discípulos perguntaram a Jesus: “Dize-nos, quando acontecerão essas coisas?”. Ele respondeu: “Cuidado, que ninguém os engane”. Isso é a coisa mais importante na nossa caminhada com o Senhor: estar saturado com o evangelho, cheio do Espírito e, portanto, capaz de detectar ensinos falsos, particularmente o sensacionalismo.

Bug do Milênio

Muitos de nós ainda lembram de 1999, quando um grande número de respeitados ministros do evangelho e ministérios cristãos ficaram alvoroçados e alertaram as pessoas sobre a catástrofe iminente do ano 2000. E o que realmente aconteceu? Nada.

Claro, o bug do milênio era um problema sério, e muitos programadores trabalharam intensamente no final da década de 1990 para consertá-lo e amenizar quaisquer consequências; portanto, as predições fervorosas de catástrofe se tornaram, em sua maior parte ou até mesmo inteiramente, falsas.

Luas de Sangue

Anos atrás, em 2013-2014, houve um grande alvoroço sobre a chamada “Lua de Sangue”. Alguns estudiosos respeitáveis da Bíblia se aproveitaram de Lucas 21.25: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas...”. Outra passagem diz: “O sol se tornará em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e temível dia do Senhor” (Jl 2.31). Apocalipse 6.12 conclui: “... toda a lua tornou-se vermelha como sangue”. O alinhamento especial do sol, terra e lua fizeram com que esta tivesse uma cor extremamente vermelha. Por esse motivo, foi feita a interpretação: isso é um sinal do fim. Não era.

E o Coronavírus?

As manchetes das notícias continuam aumentando, soando alarmes à medida que as horas e os dias passam. Embora isso não seja um cumprimento da Escritura que lemos acima – “Os homens desmaiarão de terror, apreensivos com o que estará sobrevindo ao mundo...” –, há definitivamente um pânico perceptível; não apenas por nações individuais, mas desta vez globalmente.

Fim do Mundo de Acordo com a Bíblia

Vamos observar exemplos nas Escrituras Sagradas para entender melhor os tempos antes que a catástrofe irrompa.

Durante a dispensação da graça, Deus faz com que seus servos chamem as pessoas a Cristo globalmente.

José é um excelente exemplo. A história é bem conhecida e não precisa ser repetida aqui, exceto por algumas breves sentenças. José foi vendido como escravo pelos seus próprios irmãos e acabou parando no Egito. Após um sucesso inicial, ele foi preso e encarcerado injustamente. Um dia, o faraó teve um sonho que ninguém conseguia interpretar para ele. Gênesis 41.15 testifica: “O faraó disse a José: ‘Tive um sonho que ninguém consegue interpretar. Mas ouvi falar que você, ao ouvir um sonho, é capaz de interpretá-lo’”. Ele contou a José o seu sonho: ele tinha visto sete vacas gordas, seguidas de sete vacas feias e magras que comeram as sete gordas. Similarmente, ele contou a José sobre espigas de cereal: sete cheias e boas, e sete “murchas e mirradas, ressequidas pelo vento leste”. As murchas e mirradas consumiram as cheias e boas.

Aqui está a lição: os primeiros sete anos trouxeram tremenda prosperidade ao Egito, como aparentemente nunca antes houvera. No que diz respeito à produção de comida, eles construíram silos gigantes e celeiros para armazenar a superabundância de grãos. O que aconteceu ao final dessa prosperidade de sete anos? Catástrofe, pobreza, fome e, para a maioria dos egípcios, a perda de suas propriedades.

A maioria de nós conhece a história bíblica de Ló. Abraão e seu sobrinho se tornaram muito ricos e poderosos. Gênesis 13.7a reporta: “Por isso surgiu uma desavença entre os pastores dos rebanhos de Abrão e os de Ló”. Abraão, o mais velho, deixou Ló escolher primeiro: “Aí está a terra inteira diante de você. Vamos separar-nos. Se você for para a esquerda, irei para a direita; se for para a direita, irei para a esquerda”. O versículo 10 testifica: “Olhou então Ló e viu todo o vale do Jordão, todo ele bem irrigado, até Zoar; era como o jardim do Senhor, como a terra do Egito. Isto se deu antes de o Senhor destruir Sodoma e Gomorra”. Ló escolheu o que entendeu ser o melhor para ele: uma terra rica em vegetação, perfeita para seu crescente rebanho. Isso é prosperidade. Como terminou? Em catástrofe.

Muito depois na história, o profeta Ezequiel nos dá uma visão do passado. Ezequiel 16.49 lê: “Ora, este foi o pecado de sua irmã Sodoma: ela e suas filhas eram arrogantes, tinham fartura de comida e viviam despreocupadas; não ajudavam os pobres e os necessitados”. De fato, a abundância de pão e a abundância de ócio testemunham a imensa prosperidade.

Independentemente do que aconteça no planeta terra, o cumprimento da profecia bíblica com respeito à grande tribulação só acontecerá no epítome da paz, segurança e prosperidade.

No Novo Testamento, nós lemos sobre a igreja de Laodiceia: “Você diz: ‘Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada’. Não reconhece, porém, que é miserável, digno de compaixão, pobre, cego, e que está nu” (Apocalipse 3.17).

Quando você tem seus bens aumentados e não tem necessidade de nada, isso é prosperidade. A igreja de Laodiceia tinha isso, mas eles obviamente não perceberam a destruição e o julgamento que estavam à porta.

Epítome do Mal

Lemos em Apocalipse 17.5b: “MISTÉRIO: BABILÔNIA, A GRANDE; A MÃE DAS PROSTITUTAS E DAS PRÁTICAS REPUGNANTES DA TERRA”. Trata-se da última sociedade global. A prosperidade é autoevidente: “Façam-lhe sofrer tanto tormento e tanta aflição como a glória e o luxo a que ela se entregou. Em seu coração ela se vangloriava: ‘Estou sentada como rainha; não sou viúva e jamais terei tristeza’” (Apocalipse 18.7). Isso será cumprido pouco antes do julgamento ser executado.

Independentemente do que aconteça no planeta terra, o cumprimento da profecia bíblica com respeito à grande tribulação só acontecerá no epítome da paz, segurança e prosperidade. Isso está sendo trabalhado hoje. Embora haja muitos lugares na terra experimentando guerra, conflito civil acompanhado de sofrimento, fome, doenças etc., nós precisamos perceber que já foi muito pior no passado.

Pense na Europa, América (do Norte e do Sul), Austrália e Nova Zelândia: eles estão experimentando paz e prosperidade como nunca antes.

A Ásia está se erguendo. Um estudo recente mostrou que a China comunista está produzindo mais milionários que os Estados Unidos. A África neste momento é um continente em tumulto, mas com recursos naturais imensos; eles também serão integrados no novo mundo de sucesso, paz e prosperidade que está por vir.

Alguém poderá agora questionar essas afirmações por causa das notícias horríveis sendo publicadas diariamente, o que leva à conclusão de que as coisas estão piorando. Bem, elas não estão. Um bom número de organizações respeitáveis documentou claramente que as guerras têm diminuído globalmente. Até mesmo as taxas de criminalidade estão baixando no mundo todo. Com relação à fome, a Fundação Bill e Melinda Gates insiste que a fome mundial será eliminada por volta de 2035. Nos Estados Unidos, por exemplo, a expectativa de vida em 1900 era de apenas 43 anos de idade; hoje, já alcançou a marca dos 80 anos.

O site iflscience.com escreve: “Embora 216 milhões a menos de pessoas com fome em 25 anos possa soar como uma redução modesta, e 800 milhões [de pessoas passando fome] ainda seja um número deprimente, há motivo para se estar esperançoso com o futuro – uma vez que essa diminuição foi alcançada apesar de a terra ganhar cerca de 80 milhões de humanos por ano”.

De acordo com o documento intitulado “The State of Food Insecurity in the World 2015” [O Estado da Insegurança Alimentícia no Mundo 2015], em regiões em desenvolvimento a proporção de pessoas desnutridas, ou daquelas que não estão comendo o suficiente para levar uma vida ativa e saudável, tem quase caído pela metade desde 1990, diminuindo de 23,3% da população para 12,9%.1

Epidemias Históricas

A pior e mais devastadora epidemia foi a Peste Negra na Europa no século 14. Estima-se que entre 75 e 200 milhões morreram. Desde então, muitas outras epidemias têm sido registradas ao redor do mundo. A varíola, com até 400 mil mortes anualmente no final do século 18 na Europa. Em 1918, a epidemia da Gripe Espanhola matou entre 17 e 50 milhões em todo o planeta. A SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), a Gripe Aviária, Ebola, lepra, pólio etc. – não há fim ao horrível sofrimento da humanidade devido a essas doenças mencionadas, e outras não mencionadas, ao longo da história.

Quando olhamos as estatísticas e gráficos da Organização Mundial da Saúde, as maiores doenças têm sido vencidas e até mesmo erradicadas devido à descoberta da vacinação e ao nascimento e crescimento do campo da imunologia. Dessa forma, podemos dizer com segurança que o coronavírus também será vencido. O sucesso da ciência médica, a produção de comida de alta qualidade, a melhoria geral do conforto tanto em casa quanto no ambiente de trabalho etc. têm contribuído para uma expectativa de vida maravilhosa e longa.

O Engano Final

O engano não pode ser realizado com o cano de uma arma, mas com coisas boas que as pessoas desejam. Todo governo no planeta terra sempre promete às pessoas mais liberdade, mais prosperidade, mais segurança e menos impostos. Alguma nação no planeta terra alguma vez atingiu esse objetivo? A resposta é um sonoro não! Os políticos não precisam cumprir suas promessas.

Mesmo assim, de acordo com a Escritura profética, haverá paz, prosperidade e segurança. Como, onde e quando? Nós precisamos olhar nas Escrituras para receber uma resposta. A suposição de que o mundo é feito de 200 nações soberanas, livres para agir independentemente, é, na realidade, um grande engano. Por quê?

Vamos começar com Mateus 4.8-9: “Depois, o Diabo o levou a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o seu esplendor. E disse-lhe: ‘Tudo isto te darei se te prostrares e me adorares’”. Essa é uma afirmação forte; é o Diabo, Satanás, Lúcifer, o grande dragão, que está no comando do planeta terra. Na verdade, ele é chamado de deus desta era em 2Coríntios 4.4: “O deus desta era cegou o entendimento dos descrentes, para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus”.

Qual é o plano dele? A resposta é muito simples: substituir o real Príncipe da Paz, o verdadeiro Salvador Jesus Cristo, com o Anticristo. Por fim, os judeus e o resto do mundo aceitarão o falso cristo. Lembre-se do que Jesus disse aos judeus: “Eu vim em nome de meu Pai, e vocês não me aceitaram; mas, se outro vier em seu próprio nome, vocês o aceitarão” (Jo 5.43). Anticristo significa “ao invés de Cristo”, aquele que tenta substituir o verdadeiro. O Anticristo, com seu auxiliar, o Falso Profeta, é a obra-prima de Satanás.

Por que Satanás domina o planeta terra? Aqui novamente precisamos consultar as Escrituras. “Aquele que pratica o pecado é do Diabo, porque o Diabo vem pecando desde o princípio. Para isso o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do Diabo” (1Jo 3.8). Como “todos pecaram” e “não há nenhum justo”, o príncipe das trevas, o deus desta era, nos tem seguros em suas garras. No entanto, há apenas um escape, e somente um: a fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus, que realizou a remissão dos pecados, ou, como lemos em João 3.15, “para que todo o que nele crer tenha a vida eterna”.

O príncipe das trevas, o deus desta era, nos tem seguros em suas garras. No entanto, há apenas um escape, e somente um: a fé em Jesus Cristo.

Esta epidemia é apenas uma das muitas ferramentas que trarão unidade ao mundo. As finanças globais e o mercado global já são uma realidade irrevogável. Aqueles que foram excluídos da família global, como Cuba ou Coreia do Norte, aparentam ter dificuldades para simplesmente alimentar sua população, quanto mais competir na economia global. Embora muitas das epidemias anteriormente mencionadas tenham sido limitadas a certos grupos de pessoas, ou tenham se mantido relativamente dentro de certas fronteiras, o coronavírus de hoje é realmente global – sem exceções.

A ciência médica está trabalhando febrilmente para encontrar a cura, ou ao menos impedir que o vírus se espalhe. E, como já mencionado, ela encontrará uma. Mas, deste momento em diante, o mundo – ao menos no nível de controle epidemiológico – estará mais unido do que nunca. Nós podemos ter certeza de que outro vírus surgirá depois do coronavírus, e, pelo que sabemos, ele poderá ser muito pior.

A Pergunta Mais Importante

Os debates são infindáveis; há opiniões em profusão, e políticos no mundo todo discutem até ficarem roxos, pois cada um deles pensa estar certo. Não importa se é uma democracia ou comunismo, socialismo ou capitalismo, ditadura ou monarquia; todos eles estão sujeitos ao deus desta era. Por quê? Como já foi dito, aquele que peca pertence ao Diabo. Como todos pecaram e continuam pecando, todos são servos do príncipe das trevas. Mas eu insisto novamente: há um escape. Eu preciso entender minha condição pecadora e perdida e, assim, pedir perdão, clamar por misericórdia e por graça daquele que está escrito: “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).

Notas

  1. “The State of Food Insecurity in the World”, FAO, 2015. Disponível em: <http://www.fao.org/3/a-i4646e.pdf>.

Arno Froese é diretor executivo da Chamada nos EUA e autor de diversos livros.

sumário Revista Chamada Maio 2020

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