Lápides e suas inscrições

Talvez este é o aspecto do cemitério do futuro: ao lado de colunas de vidro com pedras, veem-se telas mostrando fotos e vídeos dos falecidos. Códigos QR nas lápides permitirão baixar páginas de internet no celular, e no lugar das inscrições e dos símbolos cristãos há tatuagens dos defuntos esculpidos em pedra. Ficção científica? De modo nenhum. Todas essas tendências já existem e, lenta e seguramente, vão penetrando nos cemitérios.

Já faz tempo que os clássicos como pedra natural com cruz de bronze não passam mais de uma entre muitas possibilidades para configurar o último repouso. Os tempos de monotonia ficaram para trás. Deseja-se que a vida do falecido se reflita em seu último leito. Onde desaparece o fundamento da fé busca-se outras formas de expressão para o tempo após a morte. A cruz como símbolo da esperança cristã pela ressurreição é substituída por outros símbolos. “A árvore, a rosa e o coração são símbolos que já se estabeleceram, mas as ideias vão além: o trailer para o apaixonado por camping, o chalé de montanha para o caminhante ou o caminhão para o caminhoneiro”, informa um escultor. Em tempos passados, o túmulo era adornado principalmente por plantas. Quando as lápides eram todas muito semelhantes, eram as flores que faziam a diferença. Hoje há cada vez mais demanda por placas de pedra que cubram o túmulo inteiro porque os falecidos desejavam assim. “Querem poupar suas famílias do trabalho de cuidar do túmulo.”

O que chama a atenção em todos esses desdobramentos é que os símbolos cristãos se retraem cada vez mais. No entanto, o escultor acrescenta: “Mas é raro que desapareçam completamente”. Quase todos mantêm a pequena cruz ao lado da data do falecimento. Será que pretendem com isso manter aberta uma porta dos fundos para o caso de haver algo de verdadeiro na noção de Deus?

sumário Revista Chamada Janeiro 2021

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