Haifa, dezembro de 2020
É bastante comum a ideia de que Deus destinou Israel a ser uma luz para as nações. Ela se baseia em Isaías 49.6, onde se lê que o servo do Senhor seria a luz para as nações. Quem será esse “servo do Senhor”? O versículo 3 e outras referências permitem primeiramente a inequívoca conclusão de que se refere a Israel, pois lemos ali que “você é meu servo, Israel, em quem mostrarei o meu esplendor”.
Nos versículos 5-6, porém, o servo é descrito como aquele que trará Jacó de volta e que reunirá Israel e restaurará as tribos de Israel. Com isso fica claro que o servo não pode ser plenamente identificado com Israel, mas que é alguém outro. Além disso, Isaías 42 também deixa bem claro que se fala ali do Messias. Os versículos 1, 4 e 6, em particular, apontam para isso. Entretanto, acima de qualquer dúvida, Isaías 52.13-15 e o capítulo 53 mostram a quem se refere a designação “servo do Senhor”.
No judaísmo, essas passagens foram originalmente consideradas messiânicas, mas, em reação à disseminação da fé cristã, passou-se depois a atribuir a Israel essas passagens referentes ao servo do Senhor como o Messias. Segundo essa interpretação, o judaísmo considera hoje Israel como o servo de Deus sofredor e, com isso, também a luz das nações (“Or la’Goyim” em hebraico).
Em Mateus 5.14, Jesus chama de “luz do mundo” aqueles que levam sua palavra a sério e procedem de acordo com ela. Entretanto, precisa ficar claro que nenhum de nós conseguirá, por si só, ser efetivamente luz – apenas poderá refletir a luz que ele nos concedeu – assim como a lua não tem brilho próprio, mas só reflete a luz do sol.
Deus elegeu Abraão para que em seu nome todos os povos fossem abençoados. Paulo declara depois, em Gálatas 3.16, que a expressão “semente” não se refere a todo o povo de Israel, mas ao Messias: “Assim também as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. A Escritura não diz: ‘E aos seus descendentes’, como se falasse de muitos, mas: ‘Ao seu descendente’, dando a entender que se trata de um só, isto é, Cristo”.
Deus cumpriu as suas promessas em Jesus Cristo, o maior descendente de Abraão, e a bênção prometida chegou depois a todas as nações por meio da proclamação do evangelho.
Em Israel ouve-se insistentemente a opinião de que eles, os que pertencem ao povo judeu, têm na verdade o chamado de serem luz para as nações. Ao mesmo tempo, porém, sempre se expressa também a decepção pelo seu repetido fracasso em cumprir essa suposta incumbência. Também não é de admirar, já que somente o Messias é o portador da verdadeira luz de Deus.
Todavia, Deus não deixará de cumprir aquilo a que ele se propôs com o povo de Israel. No futuro reino milenar, no qual o Messias reinará, a promessa de bênção que Deus deu a Abraão se cumprirá plenamente e penetrará por todas as nações.
Neste Natal, quando nos lembramos da vinda da semente ou do descendente já prometido a Abraão, que trouxe a verdadeira luz e a verdadeira bênção de Deus, sempre desejamos que ele se torne logo visível para todo o mundo ao voltar para estabelecer na terra seu reino de luz e de bênção.
Com a alegria de podermos conhecer o Príncipe da Paz e crer nele, saúdo a todos cordialmente com votos de shalom e bênção para suas festas!
Fredi Winkler