Haifa, novembro de 2020

A normalização das relações entre Israel e os Emirados Árabes Unidos (EAU) é parte de uma notável evolução no Oriente Médio. O fato de ter atingido esse ponto pode ser atribuído principalmente às ameaças vindas do Irã. Novamente se confirmou o ditado: “O inimigo do meu inimigo é meu amigo”.

Os EAU sentem-se cada vez mais ameaçados pelo Irã, e Israel é o país do Oriente Médio que já há muito tempo alerta contra as ameaças iranianas e age contra elas na esfera internacional.

A oposição ao Irã e ao extremo islamismo dentro do mundo árabe e islâmico está levando à formação de uma coalizão na qual Israel é bem-vindo. A tradicional rejeição a Israel perdeu sua importância. Logicamente, os EUA desempenham um papel importante na formação desse front contra o Irã.

Para equipar-se contra as ameaças do Irã, os EAU pretendem obter moderno armamento dos EUA, principalmente os caças F-35. Estes se dispõem a equipar os EAU, mas, ao mesmo tempo, assegurando a superioridade de Israel.

Em tudo isso podemos ver que, nas tratativas para as relações entre Israel e os EAU, há algo mais em jogo do que a normalização do relacionamento. O caso é tão importante que antigos preconceitos contra Israel foram deixados de lado e desconsiderados.

Jared Kushner e outras importantes autoridades americanas também estiveram no primeiro voo oficial com a delegação israelense para Abu Dhabi. Jared Kushner, sem dúvidas, é um dos arquitetos dessa evolução. O caso todo tem adicionalmente um aspecto propagandista. As eleições do EUA estão próximas e conta-se que esse acontecimento positivo para Israel gere apoio entre os eleitores norte-americanos que julgam importante o relacionamento com Israel.

Os palestinos, no entanto, não estão nada satisfeitos com essa aproximação, pois se sentem atropelados. Eles dão prioridade para a solução do problema palestino e consideram como traidor cada país árabe que encaminha a normalização das relações com Israel sem antes solucionar a questão palestina.

O único país que defende e propaga ativamente essa posição política e que trabalha contra a normalização das relações com Israel é a Turquia, governada por Erdogan. O chefe do serviço secreto de Israel declarou recentemente: “A Turquia hoje é mais perigosa para Israel do que o Irã”. Por enquanto ainda não se observa isso tão claramente; contudo, ao leste do mar Mediterrâneo há grandes interesses e reivindicações de posse de reservas de gás descobertas no mar. A Turquia insiste constantemente em amplas reivindicações para o gás e, dessa foram, opõe-se a Israel, Chipre e Grécia. Essas circunstâncias também aproximaram entre si Israel, Chipre, Grécia e o Egito, formando uma aliança contra os turcos.

Esse crescente conflito também envolve a União Europeia, pois a Grécia e o Chipre são países do bloco. Além disso, esse conflito atinge até a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), pois a Turquia – ironicamente – ainda continua sendo um país-membro da OTAN, apesar dos interesses cada vez mais conflitantes que eles defendem.

Em função da evolução dos fatos, na qual Israel é crescentemente aceito, o Oriente Médio talvez consiga finalmente fazer um acerto com os palestinos, pois a Bíblia também fala nisso (Ez 38.8,11,14; ver 1Ts 5.3).

Constantemente fascinado com os meios e caminhos que Deus utiliza para cumprir seus planos e intenções, vos saúda cordialmente com Shalom, de Israel, vosso

Fredi Winkler

Fredi Winkler é guia turístico em Israel e dirige, junto com a esposa, o Hotel Beth-Shalom, em Haifa, que é vinculado à missão da Chamada.

sumário Revista Chamada Novembro 2020

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