Será o fim do mundo que conhecemos?

Aumenta o número de rabinos que falam abertamente sobre o fim dos tempos e da iminente chegada do Messias. Alguns vão além do alvo com suas especulações, outros mencionam fontes antigas.

No final do mês de julho, havia mais de 68 700 casos de israelenses contaminados com o novo coronavírus (35 500 já recuperados), sendo que 497 já haviam falecido. Comparativamente, trata-se do 65º lugar no índice de mortalidade a nível mundial, abaixo da média mundial. No site Worldometers é possível acompanhar a propagação do vírus. Em Israel ocorreram apenas 54 vítimas fatais por um milhão de pessoas. O Brasil, com seus cerca de 210 milhões de habitantes, apresenta 424 mortes por um milhão de pessoas (/mi). Outros países, por exemplo, apresentam as seguintes taxas: Alemanha (110/mi), Suécia (567/mi), Dinamarca (106/mi) e Espanha (608/mi).[1]

O vírus causou a destruição da economia local. Há um milhão de israelenses desempregados. A sociedade israelense encontra-se num modo sabático como nunca houve anteriormente. A maioria entre o povo teme pelos dias após a crise da pandemia. Como o povo conseguirá sobreviver a isso?

Os sinais dos tempos

Alguns religiosos em Israel, entre eles o ministro da Saúde, Yaakov Litzman, opinam que o caos e o sofrimento causados pelo Covid-19 são um sinal para a iminente vinda do Messias. Em uma entrevista, perguntaram a Litzman se as restrições para evitar a propagação do Covid-19 seriam suspensas após a festa da Páscoa. Sua resposta: “Tenho certeza de que o Messias virá na festa da Páscoa e trará cura e salvação, do mesmo modo como Deus nos salvou durante o Êxodo e nós fomos libertos. O Messias virá e salvará a todos nós”.

Infelizmente podemos afirmar, com toda certeza, de que as esperanças do ministro da Saúde não se confirmaram. O Messias não apareceu e, diante do ainda drástico crescimento do número de infectados, podemos deduzir que ainda não ocorreu a esperada cura na Páscoa. Para piorar ainda mais, o próprio ministro da Saúde foi afetado. Diante de sua infecção, ele imediatamente determinou a quarentena para o primeiro-ministro Netanyahu, com o qual ele manteve atividades em conjunto. “O senhor Litzman nos disse que o Messias nos salvaria do coronavírus. Como psiquiatra, eu já internei pessoas que fizeram declarações menos significativas do que essa”, foi o comentário rude do famoso neurocientista e professor Yoram Yovell.

Netanyahu: tenham confiança!

Parece ser mais importante do que nunca, em nossos dias, não colocar nossa confiança em pessoas, mas em Deus e, assim, não perder nossas esperanças. Não sabemos quando virá nosso Redentor, sabemos apenas que os sinais dos tempos apontam para a sua vinda e que os tempos estão justamente mudando.

“Cidadãos israelenses, vocês estão em meio a uma grande mudança, realmente uma grande mudança”, reforçou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. “Tenho certeza de uma coisa somente: que, com a ajuda de Deus, poderemos conjuntamente superar essa crise.” Ele conclamou que, com emunah [fé], se mantenha um corpo saudável e uma alma saudável.

As dores de parto do Messias

Lancemos um olhar sobre o que famosos sábios judeus disseram sobre as “dores de parto do Messias” (Chevlei Mashiach), já que as mais de 670 mil vítimas fatais ao redor do mundo e os mais de 17 milhões de infectados podem ser considerados como dores de parto. Um renomado sábio judeu é o rabino Zamir Cohen, o líder da organização judaica Hidabroot.

O rabino Cohen diz que a salvação poderá ocorrer de duas maneiras. Uma possibilidade seria que o povo israelense fizesse penitência e então a salvação ocorreria pacífica e suavemente. O outro caminho para a salvação seria por meio de guerras e muito sofrimento, quando a atual ordem mundial se dissolver.

O Talmude (Toldos 139a; 140a; Shemot 10a) diz que, no fim dos dias, “não haverá diferença entre este mundo e os dias do Messias, exceto a opressão dos povos”. O livro de Daniel diz sobre o fim dos dias: “Será um tempo de muitas dificuldades, como nunca se viu antes”.

A guerra entre Gogue e Magogue já começou?

A guerra entre Gogue e Magogue faz parte das profecias de Ezequiel (cap. 38) sobre o fim dos tempos. O famoso rabino Chafetz Chaim (Yisrael Meir Kagan), falecido em 1933, falou de uma guerra tripla em relação a Gogue e Magogue. A Primeira Guerra Mundial seria a primeira etapa. Chaim previu com certeza que haveria uma nova guerra mundial em 25 anos, que seria ainda mais destruidora. Então, muitos anos depois, haveria uma terceira guerra entre o mundo cristão e o mundo árabe. Esta fase da guerra entre Gogue e Magogue iniciaria no Hoshaná Rabá, o sétimo dia da festa das Cabanas.

O Talmude diz que, no fim dos dias, “não haverá diferença entre este mundo e os dias do Messias, exceto a opressão dos povos”.

Após o dia 11 de setembro de 2001, os EUA formaram uma coalizão para derrotar a Al-Qaeda e os Talibãs no Afeganistão. O ataque no Hoshaná Rabá começou em 2001, e a guerra perdura até hoje. Ela destruiu vários países árabes hostis, tanto ao Israel antigo como ao moderno.

A chamada “Primavera Árabe” na verdade foi um inverno islâmico, pois os islamitas tentaram assumir países seculares no Oriente Médio. O regime islamita no Irã também tentou fazer isso. O Irã sustenta forças militares Quds (Quds = Jerusalém), mesmo que essa cidade não tenha significado algum para o islã xiita. Erdogan, atual presidente da Turquia, também promove uma coalizão puramente muçulmana para a “libertação de Jerusalém”. Isso faz parte da profecia sobre Gogue e Magogue.

Tempos difíceis pela frente

O rabino Abraham Azulai escreveu sobre os 45 dias finais dessas dores de parto: “As dificuldades aumentarão tanto como nunca se apresentaram antes” (Chessed LeAvraham, Maayan 5, Nahar 5).

O rabino compara essas dificuldades àquelas que Ló e sua família passaram, os quais foram tirados de sua casa e levados ao deserto, onde sobreviveram à destruição de Sodoma. Ele disse que, nos últimos 45 dias das dores de parto do Messias, Israel sofreria um destino semelhante: “Ali [no deserto] Israel contará 45 dias [...] em que comerão apenas as raízes salgadas que encontrarão no deserto e então todos farão penitência ali. Aqueles que não suportarem isso se unirão às nações e lá serão eliminados juntamente com estas”.

Recentemente o rabino Zamir Cohen proferiu uma palestra sobre o que vivenciamos nos dias contemporâneos. Ele disse que agora é muito importante que o povo israelense se mantenha unido. Cohen tem bons conhecimentos sobre a área da ciência e das escrituras judaicas. Numa palestra anterior, ele afirmou que haveria um momento, antes da redenção, em que os judeus não teriam mais condições de chegar a Israel. Desde então, quase todas as companhias aéreas cancelaram seus voos para Israel.

Precisamos fazer a nossa parte

Em sua palestra sobre a crise do novo coronavírus, o líder da Hidabroot disse que “fé” não seria a tradução correta para emunah, mas seria antes “confiança” ou “esperança”. É necessário confiar em Deus, ressaltou Cohen. No entanto, isso não significa que é possível ficar descontraído e esperar que o Criador do mundo faça tudo, permanecer passivo e até se descuidar dos perigos do vírus. Assim como foi na primeira libertação, Deus espera que nós primeiramente entremos na água e então, quando nós fizermos a nossa parte, ele salvará Israel. Foi assim que ele fez junto ao mar Vermelho, quando o exército do faraó perseguiu o povo de Israel, mas então submergiu nas torrentes. O povo de Israel estava salvo.

Yochanan Visser

Publicado com autorização de israeltoday.co.il.

Nota

  1. “COVID-19 CORONAVIRUS PANDEMIC”, Worldometer, atualizado em 30 jul. 2020. Disponível em: <https://www.worldometers.info/coronavirus/>. Acesso em: 30 jul. 2020.

Yochanan Visser é um jornalista freelancer e diretor da Missing Peace Information, uma agência de notícias independente.

sumário Revista Chamada Setembro 2020

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