Segurança da Parte de Deus

A crise do novo coronavírus causou muitas carências financeiras também entre os cristãos, enquanto que aqueles que exploram a pandemia para os seus propósitos enriquecem cada vez mais. Aparentemente, quem persegue o lucro injusto acaba abençoado. Como deveríamos viver num mundo que idolatra o materialismo?

Ainda que possamos usar nossa inteligência para lidar da melhor maneira possível com nossas economias e recursos e ser bons administradores neste mundo, a nossa esperança definitiva é bem maior. Pressupondo que vivamos como servos obedientes, temos uma carteira cheia de garantias nas quais podemos confiar: as promessas de Jesus Cristo. Vamos então examinar essas valiosas garantias e instruções que encontramos na Bíblia:

Jesus Cristo nunca nos abandonará. “Conservem-se livres do amor ao dinheiro e contentem-se com o que vocês têm, porque Deus mesmo disse: ‘Nunca o deixarei, nunca o abandonarei’. Podemos, pois, dizer com confiança: ‘O Senhor é o meu ajudador, não temerei. O que me podem fazer os homens?’” (Hb 13.5-6).

Será infrutífero confiar em nosso dinheiro e buscar nossa segurança no ilimitado lucro financeiro. Quando, ao final, chegar a disciplina de Deus (ou o seu juízo sobre aqueles que viverão durante o período da grande tribulação), nossos investimentos não nos proporcionarão nem refúgio nem recompensa eterna.

Não se preocupe com aquilo sobre o que você não tem influência. “Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal” (Mt 6.34).

Não devemos nos ocupar o tempo todo só com o futuro. Será inútil investir tempo e forças em sondar o volume dos possíveis riscos e do desconhecido. Deus somente sabe o que para nós é impossível saber. Só ele é quem prevê com perfeição o futuro. Se tão somente o servirmos de forma plenamente dedicada, não haverá nada com que nos preocuparmos.

“Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: Alegrem-se! Seja a amabilidade de vocês conhecida por todos. Perto está o Senhor. Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus” (Fp 4.4-7). A passagem a seguir também reflete a mesma certeza: “O Senhor é a força do seu povo, a fortaleza que salva o seu ungido. Salva o teu povo e abençoa a tua herança! Cuida deles como o seu pastor e conduze-os para sempre” (Sl 28.8-9).

Não se aborreça quando gente má enriquecer. A obra dos ricos, que o mundo idolatra, se perderá totalmente e não renderá recompensa eterna. Sua recompensa é de curta duração, e mesmo durante esse breve período a riqueza não proporciona paz. A busca pelas riquezas terrenas os arrasta a muitas dores e os sujeita a serem enganados. A profecia bíblica não deixa dúvidas sobre o que sobrevirá aos maus e à sua riqueza: “A arrogância dos homens será abatida e o seu orgulho será humilhado. Somente o Senhor será exaltado naquele dia, e os ídolos desaparecerão por completo” (Is 2.17-18).

Mesmo com pouco dinheiro na conta, será que a nossa vida andará bem na terra? Se servirmos fielmente apenas ao Senhor, não importa como a eternidade nos pareça: “Melhor é o pouco do justo do que a riqueza de muitos ímpios; pois o braço forte dos ímpios será quebrado, mas o Senhor sustém os justos” (Sl 37.16-17).

Seja gentil com os outros e tente salvá-los das consequências da queda na armadilha do dinheiro nestes perigosos dias finais. “Tenham compaixão daqueles que duvidam; a outros, salvem, arrebatando-os do fogo; a outros, ainda, mostrem misericórdia com temor, odiando até a roupa contaminada pela carne” (Jd 22-23).

Mantenha o foco e olhe para cima porque a vinda do Senhor se aproxima. “Edifiquem-se, porém, amados, na santíssima fé que vocês têm, orando no Espírito Santo. Mantenham-se no amor de Deus, enquanto esperam que a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo os leve para a vida eterna” (Jd 20-21).

É infrutífero confiar em nosso dinheiro e buscar nossa segurança no ilimitado lucro financeiro.

Não se prostre diante do “ídolo dourado” – Deus nos salvará. Podemos adquirir coragem da experiência dos três amigos de Daniel (Sadraque, Mesaque e Abede-Nego): eles se recusaram a participar do culto ao ídolo que Nabucodonosor impôs, fosse qual fosse o preço. Se tivessem de morrer no fogo ou passar a vegetar como excluídos à margem da sociedade a fim de permanecerem fiéis ao seu Deus, então que assim fosse: “Se formos atirados na fornalha em chamas, o Deus a quem prestamos culto pode livrar-nos, e ele nos livrará das tuas mãos, ó rei. Mas, se ele não nos livrar, saiba, ó rei, que não prestaremos culto aos teus deuses nem adoraremos a imagem de ouro que mandaste erguer” (Dn 3.17-18). Ainda que o grande colosso comercial e financeiro do mundo dos tempos finais em que vivemos deseja nos seduzir a adorá-lo e até tentar nos atrair para uma armadilha, será melhor aceitar uma existência à margem da sociedade a compartilhar os seus pecados.

Conte com a perseguição. “Sem de forma alguma deixar-se intimidar por aqueles que se opõem a vocês. Para eles isso é sinal de destruição, mas para vocês, de salvação, e isso da parte de Deus; pois a vocês foi dado o privilégio de não apenas crer em Cristo, mas também de sofrer por ele, já que estão passando pelo mesmo combate que me viram enfrentar e agora ouvem que ainda enfrento” (Fp 1.28-30).

Aqui nos é dito que precisamos contar com a perseguição aos cristãos, quer seja sutil, quer direta. Na verdade, ela é sinal de que estamos no caminho certo e que de fato vivemos a nossa fé. Se você caminhar pelo caminho largo e fácil ou nadar com a corrente dos valores ou das tendências mundiais, não sofrerá perseguição nenhuma (seja espiritual ou com violência física). Nesse caso, haverá boa chance de você entender como mordomia verdadeira o mesmo que o mundo. Se for assim, você constatará que já está profundamente envolvido na rede que Satanás estendeu.

Alguma vez você já se perguntou qual seria a opinião da “grande nuvem de testemunhas” (Hb 12.1) a respeito do nosso mundo atual? Se você observasse o mundo de cima, perceberia que a pedra angular da humanidade – o humanismo e o materialismo – vem tomando forma rapidamente: a globalização da humanidade, o sistema “666”, vai-se tornando visível. Você se espantaria em constatar que a humanidade está novamente envenenada pela visão de uma nova torre de Babel, dizendo: “Vamos construir uma cidade, com uma torre que alcance os céus. Assim nosso nome será famoso e não seremos espalhados pela face da terra” (Gn 11.4). Todavia, a maior tristeza dessa nuvem de testemunhas provavelmente seria ver como muitos supostos cristãos estão totalmente ofuscados por promessas sedutoras, mas falsas, e pelas preocupações dos tempos atuais.

Ainda que o grande colosso comercial e financeiro do mundo dos tempos finais em que vivemos deseja nos seduzir a adorá-lo e até tentar nos atrair para uma armadilha, será melhor aceitar uma existência à margem da sociedade a compartilhar os seus pecados.

Do ponto de vista de tendências mundiais de longo prazo, revela-se um desenvolvimento histórico da humanidade que a Bíblia já profetizou há muito tempo. O sistema da “besta”, simbolizado também pelo número 666, provavelmente já opera na atualidade, diretamente diante dos nossos olhos. Virá o dia, e provavelmente não demorará, em que o Anticristo liderará esse sistema mundial e o utilizará para oprimir o mundo inteiro. A pura igreja dos crentes não precisa preocupar-se com a vinda dele. Essa igreja – a igreja de Filadélfia – será guardada desse período. Cristo diz: “Visto que você guardou a minha palavra de exortação à perseverança, eu também o guardarei da hora da provação que está para vir sobre todo o mundo, para pôr à prova os que habitam na terra” (Ap 3.10).

Ainda que esta interpretação literal da Escritura possa oferecer consolo, ela não se refere ao tempo atual, mas antes à tribulação vindoura. Por outro lado, o estado atual do mundo é absolutamente enganoso para os cristãos. Esta é uma característica-chave das condições dos tempos finais. A Bíblia fala de muitas vítimas e perdas naquele tempo. Lembremo-nos de que Cristo profetizou que quase não haverá mais fé na terra quando ele voltar (Lc 18.8). Por quê? Alguns se desviarão da fé por causa da cobiça e das riquezas sedutoras; outros serão vítimas de manobras e de crises econômicas (Mt 24.12; Lc 21.24; 2Tm 3.1-7). Tudo isso pode tornar-se uma armadilha para nós, seja por culpa própria ou alheia. Seja qual for a situação em que nos encontremos, teremos de estar bem consolidados para conservar uma mentalidade satisfeita e pacífica.

Contudo, todo desafio implica também uma chance. Temos motivos para nos alegrar porque nossa luta será breve, e depois nos aguarda a recompensa eterna – esta que é riqueza autêntica: “Nisso vocês exultam, ainda que agora, por um pouco de tempo, devam ser entristecidos por todo tipo de provação. Assim acontece para que fique comprovado que a fé que vocês têm, muito mais valiosa do que o ouro que perece, mesmo que refinado pelo fogo, é genuína e resultará em louvor, glória e honra, quando Jesus Cristo for revelado. Mesmo não o tendo visto, vocês o amam; e, apesar de não o verem agora, creem nele e exultam com alegria indizível e gloriosa, pois vocês estão alcançando o alvo da sua fé, a salvação das suas almas” (1Pe 1.6-9).

Wilfred J. Hahn é economista e já foi o diretor executivo do Grupo de Investimentos Globais do Bank of Canada.

sumário Revista Chamada Setembro 2020

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