Cinco Indicações da Volta de Jesus

A Escritura Sagrada está repleta de indicações da volta de Jesus. Encontramos cinco delas no livro de Judas.

Um dicionário bíblico afirma: “O tema da volta de Cristo ocupa o maior espaço no Novo Testamento”.[1] A carta de Judas também se ocupa intensamente com o assunto. Portanto, a volta de Jesus também deveria receber muito espaço em nossos corações.

Certa vez ouvi um professor bíblico dizer em uma palestra que, na sua opinião, todo ministro da Palavra de Deus deveria ser obrigado a pregar sobre a volta de Jesus pelo menos 10 a 15 vezes por ano, já que este tema aparece com tanta frequência na Bíblia.

1. A expressão “últimos tempos”. “Eles diziam a vocês: ‘Nos últimos tempos haverá zombadores que seguirão os seus próprios desejos ímpios’” (Jd 18). Toda a era da igreja, o tempo a partir da primeira vinda de Jesus a esta terra, desde o Pentecostes, faz parte dos “últimos tempos” em sentido amplo:

“Essas coisas aconteceram a eles como exemplos e foram escritas como advertência para nós, sobre quem tem chegado o fim dos tempos” (1Co 10.11).

“Há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas, mas nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o universo” (Hb 1.1-2).

“O ouro e a prata de vocês enferrujaram, e a ferrugem deles testemunhará contra vocês e como fogo devorará a sua carne. Vocês acumularam bens nestes últimos dias” (Tg 5.3).

“... conhecido antes da criação do mundo, revelado nestes últimos tempos em favor de vocês” (1Pe 1.20).

“O fim de todas as coisas está próximo. Portanto, sejam criteriosos e estejam alertas; dediquem-se à oração” (1Pe 4.7).

Existe, porém, um último tempo em sentido mais restrito, um tempo final mais imediato e mais delineado. Este tempo está relacionado à fundação do Estado de Israel. Para os judeus, os “últimos dias” significam o tempo da vinda do Messias em glória: “Nos últimos dias, vocês entenderão isso. Naquele tempo, diz o Senhor, serei o Deus de todas as tribos de Israel, e elas serão o meu povo” (Jr 30.24b–31.1, NAA; ver tb. Gn 49.1,10; Nm 24.14; Jr 33.7-8,14-15; Dn 7 etc). Nos últimos dias, o povo judeu, que fugiu da espada (do Holocausto), depois de muito tempo de dispersão mundial e perseguição, encontrará a graça de Deus e irá reconstruir sua pátria devastada (ver Ez 36.33-36). Com isso, será conduzido para a paz final no reino messiânico (ver Hb 4.8-9). Em outras palavras: primeiramente Israel é ajuntado ainda em estado de incredulidade, e mais tarde conduzido à fé (ver Jr 33.7-8; Ez 37; Os 3.4-5; Sf 2.1-3).

A restauração física de Israel (um Estado judeu literal em terras judaicas) vale como sinal para os povos de que esse tempo está chegando. E as nações fazem bem em levar em consideração este sinal e em temer a Deus, ao invés de agir contra Israel: “Ele erguerá uma bandeira para as nações a fim de reunir os exilados de Israel; ajuntará o povo disperso de Judá desde os quatro cantos da terra” (Is 11.12). E: “Ouçam a palavra do Senhor, ó nações, e proclamem nas ilhas distantes: ‘Aquele que dispersou Israel o reunirá e, como pastor, vigiará o seu rebanho’” (Jr 31.10).

A volta dos judeus à sua própria terra serve

  • para desencadear os acontecimentos dos tempos finais;
  • para o cumprimento da palavra profética de Deus;
  • de preparo para a tribulação, para a entrada em cena dos 144 mil selados (ver Ap 7), das duas testemunhas (ver Ap 11), das duas bestas anticristãs (ver Ap 13) e preparar a volta de Jesus em glória (ver Mt 24);
  • para arrependimento, ou seja, os judeus verão aquele a quem traspassaram e se arrependerão (ver Zc 12.10; Is 53; Dn 9). Quando Jesus voltar, até os últimos judeus serão levados de volta à terra dos seus patriarcas por meio dos anjos (ver Mt 24.31).

Quando Jesus voltar, as circunstâncias deverão ser semelhantes às vigentes por ocasião de sua ascensão: o judaísmo terá novamente uma pátria geográfica (Israel) e Jerusalém estará em mãos judaicas outra vez. Muitos israelenses já se empenham pela construção de um novo templo.

No “fim dos últimos tempos” surgirão mais e mais escarnecedores andando segundo suas cobiças ímpias. Tudo o que é santo e verdadeiro será enlameado e zombado.

“O ouro e a prata de vocês enferrujaram, e a ferrugem deles testemunhará contra vocês e como fogo devorará a sua carne. Vocês acumularam bens nestes últimos dias.”

2. O arcanjo Miguel. “Contudo, nem mesmo o arcanjo Miguel, quando estava disputando com o Diabo acerca do corpo de Moisés, ousou fazer acusação injuriosa contra ele, mas disse: ‘O Senhor o repreenda!’” (Jd 9).

Miguel é o anjo que toma partido exclusivamente por Israel: “Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu durante vinte e um dias. Então Miguel, um dos príncipes supremos, veio em minha ajuda, pois eu fui impedido de continuar ali com os reis da Pérsia. Agora vim explicar a você o que acontecerá ao seu povo no futuro, pois a visão se refere a uma época futura... mas antes revelarei a você o que está escrito no Livro da Verdade. E nessa luta ninguém me ajuda contra eles, senão Miguel, o príncipe de vocês... Naquela ocasião Miguel, o grande príncipe que protege o seu povo, se levantará. Haverá um tempo de angústia como nunca houve desde o início das nações até então. Mas naquela ocasião o seu povo, todo aquele cujo nome está escrito no livro, será liberto” (Dn 10.13-14,21; 12.1; ver Mt 24.21).

É interessante observar que o arcanjo Miguel volta a ser mencionado justamente na carta de Judas – e mais tarde em Apocalipse. Isso certamente tem suas profundas razões. Afinal, Judas descreve os tempos do fim, um tempo em que Israel novamente existirá como Estado. Provavelmente Miguel entrará em ação por ocasião do arrebatamento da igreja: “Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro” (1Ts 4.16). Apenas um arcanjo é chamado por seu nome na Bíblia, e este é Miguel. Assim, é possível que por ocasião do arrebatamento ele levantará sua voz, porque, a partir desse momento, ele voltará a se empenhar por Israel, que terá de passar pela tribulação: “Houve então uma guerra nos céus. Miguel e seus anjos lutaram contra o dragão, e o dragão e os seus anjos revidaram. Mas estes não foram suficientemente fortes, e assim perderam o seu lugar nos céus. O grande dragão foi lançado fora. Ele é a antiga serpente chamada Diabo ou Satanás, que engana o mundo todo. Ele e os seus anjos foram lançados à terra. Então ouvi uma forte voz dos céus, que dizia: ‘Agora veio a salvação, o poder e o Reino do nosso Deus, e a autoridade do seu Cristo, pois foi lançado fora o acusador dos nossos irmãos, que os acusa diante do nosso Deus, dia e noite’” (Ap 12.7-10). A igreja, contudo, estará no céu ainda antes do início da tribulação: “Portanto, celebrem-no, ó céus, e os que neles habitam! Mas ai da terra e do mar, pois o Diabo desceu até vocês! Ele está cheio de fúria, pois sabe que lhe resta pouco tempo” (Ap 12.12).

A menção a Miguel no livro de Judas eventualmente indica que os sinais dos tempos finais nele mencionados poderiam coincidir com a volta dos judeus à terra de seus patriarcas. Os judeus em Israel formam um povo que vivenciará a volta de seu Messias: “Tu te levantarás e terás misericórdia de Sião, pois é hora de lhe mostrares compaixão; o tempo certo é chegado. Escreva-se isto para as futuras gerações, e um povo que ainda será criado louvará o Senhor, proclamando” (Sl 102.13,18). O Senhor tem um zelo especial por seu povo, pois voltou a colocá-lo em cena para os tempos finais. E nós, não deveríamos ter zelo por Israel também? Afinal, o próprio Jesus é judeu.

“Lembre-se de Jesus Cristo, ressuscitado dos mortos, descendente de Davi, conforme o meu evangelho” (2Tm 2.8).

Enoque foi a primeira pessoa, ainda antes do Dilúvio, a ser arrebatada, pois andava com Deus.

3. Enoque. “Enoque, o sétimo a partir de Adão, profetizou acerca deles: ‘Vejam, o Senhor vem com milhares de milhares de seus santos’” (Jd 14).

Enoque foi a primeira pessoa, ainda antes do Dilúvio, a ser arrebatada, pois andava com Deus (ver Gn 5.24). Ele é uma ilustração da verdadeira igreja de Jesus, que anda com o Senhor e será arrebatada. Noé, por sua vez, simboliza Israel, que será salvo ao passar pelo “dilúvio” da grande tribulação. As miríades representam os crentes arrebatados, que retornarão com o Senhor para exercer juízo sobre a terra. Acerca deste assunto, leiamos os seguintes versículos bíblicos:

“Quando Cristo, que é a sua vida, for manifestado, então vocês também serão manifestados com ele em glória” (Cl 3.4).

“Que ele fortaleça o coração de vocês para serem irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus com todos os seus santos” (1Ts 3.13).

“E dar alívio a vocês, que estão sendo atribulados, e a nós também. Isso acontecerá quando o Senhor Jesus for revelado lá dos céus, com os seus anjos poderosos, em meio a chamas flamejantes” (2Ts 1.7).

“Os carros de Deus são incontáveis, são milhares de milhares; neles o Senhor veio do Sinai para o seu Lugar Santo” (Sl 68.17).

“Vocês fugirão pelo meu vale entre os montes, pois ele se estenderá até Azel. Fugirão como fugiram do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá. Então o Senhor, o meu Deus, virá com todos os seus santos” (Zc 14.5).

“Vi os céus abertos e diante de mim um cavalo branco, cujo cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro. Ele julga e guerreia com justiça... Os exércitos dos céus o seguiam, vestidos de linho fino, branco e puro, e montados em cavalos brancos” (Ap 19.11,14).

Enoque viveu logo antes do Dilúvio e foi o primeiro a prever a volta de Jesus. Seu filho Matusalém morreu no ano do Dilúvio. Por que será que Enoque não recebeu a incumbência de pregar sobre o Dilúvio que estava por vir? É que Enoque olhava para mais longe, para o mais significativo de todos os alvos: a vinda de Jesus para estabelecer seu reino. A volta de Jesus encerrará todos os juízos e catástrofes e trará o reino divino de paz. O alvo de Deus não é o fim do mundo, mas o reino de seu Filho.

A restauração física de Israel vale como sinal para os povos de que esse tempo está chegando. E as nações fazem bem em levar em consideração este sinal e em temer a Deus, ao invés de agir contra Israel: “Ele erguerá uma bandeira para as nações a fim de reunir os exilados de Israel; ajuntará o povo disperso de Judá desde os quatro cantos da terra”.

4. A Espera. “Mantenham-se no amor de Deus, enquanto esperam que a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo os leve para a vida eterna” (Jd 21).

Com a volta de Jesus para a ressurreição dos mortos e para o arrebatamento dos salvos que ainda estiverem vivendo na terra na ocasião, a vida eterna torna-se real. Hoje todo aquele que crê em Jesus possui a vida eterna, porém ainda não de forma visível. Devemos permitir que o Senhor nos guarde em amor, esperando continuamente pela volta de Cristo. Essa postura tem sempre consequências práticas sobre nossa vida terrena. A jovem igreja de Tessalônica é elogiada por estar fortemente direcionada à volta do Senhor: “Pois eles mesmos relatam de que maneira vocês nos receberam e como se voltaram para Deus, deixando os ídolos a fim de servir ao Deus vivo e verdadeiro e esperar dos céus seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos: Jesus, que nos livra da ira que há de vir” (1Ts 1.9-10).

Semelhantemente, Tiago sublinha o quanto é importante esperar pela volta de Jesus: “Portanto, irmãos, sejam pacientes até a vinda do Senhor. Vejam como o agricultor aguarda que a terra produza a preciosa colheita e como espera com paciência até virem as chuvas do outono e da primavera. Sejam também pacientes e fortaleçam o seu coração, pois a vinda do Senhor está próxima. Irmãos, não se queixem uns dos outros, para que não sejam julgados. O Juiz já está às portas!” (Tg 5.7-9).

E João escreve: “Visto que você guardou a minha palavra de exortação à perseverança, eu também o guardarei da hora da provação que está para vir sobre todo o mundo, para pôr à prova os que habitam na terra” (Ap 3.10). Guardar a “palavra de exortação à perseverança” significa esperar pela volta de Jesus sem desanimar, com inabalável expectativa por sua vinda.

Enoque descreve a vinda de Jesus com os seus como se já tivesse acontecido: “Vejam, o Senhor vem com milhares de milhares de seus santos, para julgar a todos e convencer todos os ímpios a respeito de todos os atos de impiedade que eles cometeram impiamente e acerca de todas as palavras insolentes que os pecadores ímpios falaram contra ele” (Jd 14b-15). Devemos esperar pelo Senhor de forma viva e ardente, como se ele viesse ainda hoje!

C. S. Lewis: “Todo o imaginário das Escrituras (harpas, coroas, ouro etc.) é uma tentativa meramente simbólica de expressar o inexprimível. Os instrumentos musicais são mencionados porque, para muita gente (nem todos), a música é algo familiar na vida presente que mais fortemente sugere o êxtase e a eternidade”.

Há algum tempo encontrei um irmão em Cristo que trabalha no ramo imobiliário. Ele me contou que certa vez tinha um assunto a resolver num hotel elegante do sul da Alemanha. Chamou sua atenção que os três andares superiores estavam bloqueados e eram guardados pelo pessoal da segurança do hotel. Esse estabelecimento pertence a um xeique árabe, para quem os andares superiores ficam reservados. Mas isso não é tudo: os quartos do xeique são mantidos imaculadamente limpos. As mesas são postas e retiradas novamente todos os dias, frutas frescas são colocadas à disposição, a grama é cortada etc. – mesmo que o xeique se hospede ali apenas de anos em anos. Tudo deve estar preparado para o caso dele chegar de surpresa com seus amigos para ficar ali. Esse não é um caso único. Conta-se que os xeiques compraram propriedades nas montanhas, onde se costuma fazer exatamente o mesmo. Tudo está sempre pronto, à espera de seu dono.

C. S. Lewis escreveu sobre a esperança dos cristãos pelo além e pela vida futura, esperança esta que está diretamente relacionada à volta de Jesus: “... uma visão constantemente voltada para a frente, para o mundo eterno, não é (como algumas pessoas modernas pensam) uma forma de escapismo ou ilusão, mas uma atitude típica de um cristão. Isso não significa que devamos deixar o mundo presente do jeito que está. Quem investiga os registros da história descobre que os cristãos que fizeram mais pelo mundo presente foram justamente aqueles que mais pensaram no porvir. Os próprios apóstolos, que possibilitaram a conversão do Império Romano, os grandes homens que construíram a Idade Média, os protestantes ingleses que aboliram a escravidão, todos deixaram a sua marca na Terra justamente porque suas mentes estavam ocupadas com o Céu. Desde que os cristãos deixaram de pensar amplamente no mundo vindouro, tornaram-se ineficazes neste mundo. Aspire ao Céu, e terá a terra de ‘lambuja’; aspire à Terra, e não terá nenhum dos dois...

“Não há necessidade de se preocupar com pessoas debochadas, que tentam ridicularizar a esperança cristã pelo Céu dizendo que não desejam ‘passar a eternidade tocando harpa’. A resposta a pessoas assim é que, se elas não conseguem entender livros escritos para adultos, não deveriam falar sobre eles. Todo o imaginário das Escrituras (harpas, coroas, ouro etc.) é uma tentativa meramente simbólica de expressar o inexprimível. Os instrumentos musicais são mencionados porque, para muita gente (nem todos), a música é algo familiar na vida presente que mais fortemente sugere o êxtase e a eternidade. As coroas são mencionadas para sugerir o fato de que aqueles que estão unidos com Deus na eternidade compartilham o seu esplendor, seu poder e sua alegria. O ouro é mencionado para sugerir a perenidade do Céu (o ouro não enferruja) e a preciosidade disso.”[2]

E Paul Gerhard Mink faz a pergunta: “... Nosso coração estremece de alegria quando pensamos naquele glorioso dia, ou as passagens bíblicas que nos contam sobre o céu não são mais do que meras informações? Se realmente cremos na volta de Jesus, então deveríamos ansiar com alegria por esse dia, e então a fé nessa maravilhosa realidade deveria nos influenciar, modificar e dominar de forma decisiva. Que o Senhor abra nossos olhos e aqueça nossos corações para essa maravilhosa mensagem de Maranata, pois Maranata significa que nosso Senhor vem (1Co 16.22)”.[3]

O Salmo 98 nos fornece uma cronologia interessante de acontecimentos que conduzem à volta de Jesus:

  • Versículo 1 – a primeira vinda de Jesus e Sua vitória no Gólgota: “Cantem ao Senhor um novo cântico, pois ele fez coisas maravilhosas; a sua mão direita e o seu braço santo lhe deram a vitória!”.
  • Versículo 2a – propagação do evangelho: “O Senhor anunciou a sua vitória...”.
  • Versículo 2b – formação da igreja dentre as nações: “... e revelou a sua justiça às nações”.
  • Versículo 3 – restauração de Israel: “Ele se lembrou do seu amor leal e da sua fidelidade para com a casa de Israel; todos os confins da terra viram a vitória do nosso Deus”.
  • Versículo 9 – volta do Senhor: “Cantem diante do Senhor, porque ele vem, vem julgar a terra; julgará o mundo com justiça e os povos com retidão”.
A igreja será protegida antes da hora do Anticristo, que conduzirá o mundo todo à tentação.

5. A Proteção. “Toda a glória seja àquele que é poderoso para guardá-los de cair e para levá-los, com grande alegria e sem defeito, à sua presença gloriosa. Toda a glória seja àquele que é o único Deus, nosso Salvador por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor. Glória, majestade, poder e autoridade lhe pertencem desde antes de todos os tempos, agora e para sempre! Amém” (Jd 24-25, NVT). O apóstolo Paulo escreve paralelamente: “Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus” (Fp 1.6). Em Apocalipse também lemos sobre o termo “guardar”: “Visto que você guardou a minha palavra de exortação à perseverança, eu também o guardarei da hora da provação que está para vir sobre todo o mundo, para pôr à prova os que habitam na terra” (Ap 3.10).

Prestemos atenção à reciprocidade: quem permanece firme no discipulado – “... [você] guardou a minha palavra e não negou o meu nome” (Ap 3.8) – será guardado pelo Senhor – “... também o guardarei da hora da provação...” (Ap 3.10). Neste mesmo contexto, Judas escreve sobre autoproteção (v. 21), e no versículo 24 fala da proteção da parte de Deus. Quem se protege será protegido.

A igreja será protegida antes da hora do Anticristo, que conduzirá o mundo todo à tentação. Essa tentação está relacionada à septuagésima semana de Daniel (ver Dn 9.27). Paulo escreve a respeito: “A vinda desse perverso é segundo a ação de Satanás, com todo o poder, com sinais e com maravilhas enganadoras. Ele fará uso de todas as formas de engano da injustiça para os que estão perecendo, porquanto rejeitaram o amor à verdade que os poderia salvar. Por essa razão Deus lhes envia um poder sedutor, a fim de que creiam na mentira e sejam condenados todos os que não creram na verdade, mas tiveram prazer na injustiça” (2Ts 2.9-12). Guardemos, pois, o Senhor Jesus, sua Palavra, sua volta e seu povo Israel em nossos corações! Então ele nos guardará pelo poder da sua Palavra!

Como ilustração, transcrevo uma pequena história: “Em 1731, 20 mil evangélicos tiveram de deixar sua terra na região de Salzburgo, Áustria. Eles encontraram refúgio no leste da Prússia. Uma família deixou seu filho crente para trás na esperança de que as coisas fossem mudar. Ele lia a velha Bíblia, que sempre tinha de manter escondida. Mas, quando percebeu que havia sido denunciado, colocou sua grande Bíblia em sua mochila e fugiu para junto de seus pais. Deus o protegeu em sua perigosa jornada. Era inverno e a neve atingia metros de altura. Finalmente, na noite de Natal, ele chegou a um lugar onde recebeu as últimas informações sobre o paradeiro de seus pais. Os lobos uivavam à distância, a noite chegou, mas ele ainda não havia alcançado seu destino. Ao longe ele viu uma luz e dirigiu seus passos para lá, mas tropeçou e caiu na neve. Um enorme lobo atacou-o por trás. Ele gritou; a mochila com a Bíblia caiu sobre sua cabeça e o jovem perdeu os sentidos.

“A luz vinha de uma fazenda. A ceia de Natal havia passado, mas o agricultor ouviu um grito e correu para o campo, armado com sua espingarda. Lá ele viu um lobo atacando um vulto caído na neve. Atirou e acertou o animal. Carregou o jovem inconsciente para dentro de sua casa. Chegando lá, a esposa reconheceu que era seu filho! Quando tirou a mochila de suas costas, percebeu que o lobo havia cravado seus dentes na capa dura da Bíblia.”

A Palavra de Deus é nossa proteção. Quando vivemos segundo ela e com ela, quando ela nos acompanha continuamente, quando a empacotamos na mochila da nossa vida, o inimigo sempre falhará e nós chegaremos seguros em casa!

Notas

  1. Das Grosse Bibellexikon, vol. III, 2. ed. (Wuppertal-Giessen: R. Brockhaus/Brunnen, 1990).
  2. C. S. Lewis, Cristianismo Puro e Simples (Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2017), p. 180,184.
  3. Maranatha-Andachtsbuch (jul. 2006), p. 618.

Norbert Lieth é autor e conferencista internacional. Faz parte da liderança da Chamada na Suíça.

sumário Revista Chamada Agosto 2020

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