Haifa, agosto de 2023

O livro de Apocalipse começa dizendo que aquilo que foi revelado a João aconteceria em breve. É como as traduções alemãs reproduzem o texto. Essa leitura fez com que alguns concluíssem que aquilo que está escrito em Apocalipse já se cumpriu quando Jerusalém e o templo foram destruídos.

O texto original grego traz para a expressão “em breve” a palavra tachei. Dessa palavra deriva o termo tacômetro. Todavia, o tacômetro não é um “medidor de brevidade”, mas de velocidade – o velocímetro. Sendo assim, uma tradução melhor seria “o que ocorrerá rapidamente”. O mesmo se repete mais uma vez no capítulo 22, nos versículos 7, 12 e 20.

Em Apocalipse 1.10, João escreve que ele esteve em espírito no dia do Senhor. O que significa isso? Muitas interpretações afirmam que esse dia do Senhor se refere ao domingo. No entanto, isso não é possível. O domingo só passou a ser chamado de dia do Senhor mais tarde na história, isso ainda não era feito nos tempos bíblicos. Aqui se trata do dia do Senhor no fim dos tempos, ao qual quase todos os profetas do Antigo Testamento se referiram, como, por exemplo, Joel em 2.1-11.

Portanto, Apocalipse dá a entender que, quando os eventos escatológicos começarem, tudo ocorrerá rapidamente. A mensagem central de Apocalipse é o dia do Senhor. Não se trata aqui de um dia de 24 horas, mas, conforme se depreende de Apocalipse, de um período que durará sete anos, ou, mais exatamente, duas vezes três anos e meio.

Lucas 4.16-21 nos informa como Jesus leu na sinagoga em Nazaré a passagem de Isaías 61.1-2, para dizer em seguida: “Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabam de ouvir”. Ali consta, entre outras coisas, que ele foi enviado para proclamar o ano aceitável do Senhor, que também não significa um ano de 365 dias, mas o período da graça, que já dura quase dois mil anos. No entanto, Isaías 61.2 não termina com o anúncio do ano da graça do Senhor, mas prossegue com: “E o dia da vingança do nosso Deus”. Também aqui não se trata de um dia de 24 horas, mas dos últimos sete anos do dia do Senhor.

Pergunta-se então se Jesus também anunciou o dia da vingança. Geralmente essa pergunta é respondida com um “não”. Contudo, o Senhor também falou sobre esse dia, mas só na semana antes da sua morte na cruz, no seu discurso no monte das Oliveiras (Mt 24). Tudo que fora escrito sobre ele haveria de se cumprir.

É bem possível que hoje estejamos pouco antes do início dos últimos sete anos. Em Israel realizou-se recentemente um importante congresso de segurança, no qual um militar de alta patente advertiu os inimigos de Israel de que uma guerra futura terá outras dimensões. Hassan Nasrallah, o chefe do Hezbollah no Líbano, reagiu imediatamente a essa ameaça israelense e disse: “Também nós falamos de uma guerra de grande porte. Essa guerra incluirá centenas de milhares de combatentes. Temos uma grande supremacia no fator humano em comparação com o nosso inimigo Israel. Se Israel quiser uma grande guerra, abriremos dessa vez as comportas sem nos retrair como até agora”.

Diante dessas palavras, cabe levar em conta que Nasrallah não costuma blefar, mas em geral executa aquilo que anuncia. Por isso, o comando do exército israelense alertou a população para que se preparasse para um caso como esse.

No entanto, nós temos a confiança e o consolo de que então o próprio Senhor intervirá para glorificar seu grande nome, tal como muitas passagens bíblicas anunciam.

Confiando naquele que deseja glorificar seu santo nome, saúdo a todos cordialmente com Shalom, Fredi Winkler.

Fredi Winkler é guia turístico em Israel e dirige, junto com a esposa, o Hotel Beth-Shalom, em Haifa, que é vinculado à missão da Chamada.

sumário Revista Chamada Agosto 2023

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