As jardineiras de Deus

As jardineiras de Deus

Quando as mamangavas não encontram pólen suficiente em flores, elas danificam as folhas de plantas ainda não florescentes, que com isso aceleram a florada. Este foi o resultado de um estudo de uma equipe de pesquisadores da faculdade de tecnologia (ETH) de Zurique, tanto em plantas criadas em estufa como ao ar livre. O dilema é que, se insetos polinizadores interromperem precocemente sua hibernação em razão de tempo mais ameno, eles muitas vezes ainda não encontram alimento suficiente. Solução: as mamangavas enfrentam sua carência mordendo e furando plantas ainda não florescentes. As plantas reagem a isso desenvolvendo flores algumas semanas mais cedo que o normal. Para observar isso, os pesquisadores realizaram várias experiências em laboratório e ao ar livre com mamangavas-de-cauda-amarela-clara (Bombus terrestris) em tomateiros e mostardeiras.

“Os danos causados pelas polinizadoras exerceram uma influência dramática na floração”, disse o líder da pesquisa, Consuelo de Moraes. Tomateiros expostos às mordidas das mamangavas floresceram trinta dias antes daqueles não mordidos. Nas mostardeiras, a floração se adiantou por duas semanas. Além disso, os pesquisadores conseguiram demonstrar que a tendência das mamangavas danificarem folhas depende em alto grau da quantidade de pólen disponível. Se as mamangavas encontrarem pouco ou nenhum pólen, elas danificam as folhas com maior frequência e intensidade do que quando há pólen suficiente. A equipe verificou se o efeito na floração poderia ser desencadeado por danificação manual das folhas. O efeito não foi nem de longe tão intenso como o das mamangavas. Moraes supõe que o processo inclua algum sinal químico.

sumário Revista Chamada Agosto 2023

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