Distribuição dos mandatos não reflete os votos dos eleitores

O espectro conservador de direita em torno do Likud, dos ultraortodoxos e de um flanco radical de extrema direita captou a maioria dos mandatos. À primeira vista, parece que a maioria dos israelenses votou à direita e que um contingente significativo se tenha declarado a favor de uma representação religiosa. Todavia, é justamente isso o que não ocorre. Os eleitores israelenses estão tão divididos como antes. De acordo com os votos, existe apenas uma diferença inferior a 40 mil votos entre o governo atual e seus oponentes. O que aconteceu, então? O sistema eleitoral israelense atacou: a alta participação nas eleições fez com que se requeressem muito mais votos para vencer a cláusula de barreira de 3,25%. Por isso, um número incomum de partidos – três ao todo – fracassou, apesar de enormes contingentes de votos. Seus votos não foram considerados na distribuição dos mandatos. E, como no caso de dois desses três partidos cujos votos se perderam, trata-se de partidos do espectro esquerdista, essa posição política perde ainda mais mandatos. Com isso, o espectro direitista de marca religiosa ganhou a supremacia no parlamento de Israel, embora o povo continue dividido. Assim, embora Israel possa ter um governo estável, os tempos continuam intranquilos.

Antje Naujoks dedicou sua vida para ajudar os sobreviventes do Holocausto. Já trabalhou no Memorial Yad Vashem e na Universidade Hebraica de Jerusalém.

sumário Revista Chamada Fevereiro 2023

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