Guerra da Ucrânia: abalo das relações entre Israel e a Rússia?

O presidente da Ucrânia, Zelensky, continua muito aborrecido com o fato de Israel não participar do rearmamento do seu país. O tom dos seus pronunciamentos tem sido cada vez mais áspero. Também dentro de Israel multiplicam-se as vozes requerendo que o Estado judeu finalmente pare de manobrar entre Moscou e Kiev porque, nas agressões russas a civis, Israel teria obrigação moral de tomar posição – contra o agressor e a favor dos civis. Nachman Shay, o ministro encarregado de assuntos da diáspora, já vem pleiteando há tempo tal redirecionamento. Seu apelo ao governo israelense ganhou o apoio de Natan Sharansky, que, como ex-prisioneiro judeu na URSS, sabe muito bem do que está falando. Justamente o Estado que representa o povo judeu teria a obrigação moral de se posicionar maciçamente ao lado da Ucrânia. Ao mesmo tempo, vão-se tornando mais críticos os motivos pelos quais Israel, embora aqui e ali condene Moscou, deixa de impor sanções. A mobilização decretada por Putin afeta também judeus. Por isso, a Jewish Agency vem tentando por todos os meios tirar judeus da Rússia, o que, por sua vez, requer relações razoavelmente normais com Moscou. Contudo, existe ainda outra questão: entrementes, a Rússia vem lançando mão de drones iranianos na Ucrânia e consta estar até mesmo levando especialistas iranianos para as áreas de ocupação russa na Ucrânia a fim de treinar os soldados de lá. De acordo com algumas notícias extraoficiais, Israel passou agora a ajudar a Ucrânia no plano digital e de serviços noticiosos a combater a aplicação desses drones. Assim como a Europa foca na Ucrânia, Israel também o faz, mas ao mesmo tempo tenta não ofender Moscou. No entanto, provavelmente não demorará muito até Israel ser forçado a assumir uma posição clara a favor de um dos lados.

Antje Naujoks dedicou sua vida para ajudar os sobreviventes do Holocausto. Já trabalhou no Memorial Yad Vashem e na Universidade Hebraica de Jerusalém.

sumário Revista Chamada Fevereiro 2023

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