Ensinamentos da carta à igreja de Sardes

As pessoas no Antigo Testamento recebiam seu nome de acordo com seu ser, seu caráter ou sua tarefa. Alguns exemplos: Israel = príncipe de Deus; Eva = mãe dos viventes etc. O nome Sardes, “o que escapou”, indica uma igreja viva, que escapou do mundo, mas ela só o é aparentemente. Se pertencemos à igreja de Jesus, então dizemos com nosso nome, com a designação “igreja”, “congregação” ou “comunidade”, e quaisquer que sejam os outros nomes, que somos uma fonte de água viva e, ao mesmo tempo, uma barreira espiritual contra todos os poderes satânicos. A igreja de Sardes dava a impressão de ser isso, mas estava morta. Terrível!

Essa é também a aflição em nossos dias. A grande mentira envolveu muitos “cristãos de Sardes”, pois quando se aparenta uma coisa por muito tempo ou se repete uma mentira constantemente, no fim você mesmo acaba acreditando que é verdade. Assim, não se reage mais à pregação ou a uma correção espiritual, mas se pensa: “Isso não me diz respeito, comigo está tudo na mais perfeita ordem”. Tal pessoa está muito convencida de estar certa, assim como um morto não reage quando é tocado ou mesmo espancado. “... Você tem fama de estar vivo, mas está morto.”

Tanto mais comovente é o fato de que o Senhor Jesus Cristo, que é a vida, apresenta-se justamente a essa igreja como o Senhor que tem a plenitude do Espírito e assim também a plenitude do Espírito criador. Ele também se apresenta assim a você. Da mesma maneira ele se apresenta também a Israel, pois, na verdade, Israel ainda está morto. Em Ezequiel 37.9 lemos: “... Venha dos quatro ventos, ó espírito, e sopre sobre estes mortos, para que vivam”. Essa é a intenção do Senhor altíssimo com Israel e com você: o que é morto deve despertar para a nova vida!

A esse respeito temos uma maravilhosa passagem paralela em Efésios 5.14, onde o Senhor diz, através da boca de Paulo: “... Desperte, você que está dormindo, levante-se dentre os mortos, e Cristo o iluminará”. Portanto, o objetivo dessa carta a Sardes é que os mortos fiquem novamente vivos: “Fique vigiando e fortaleça o restante que estava para morrer...” (Ap 3.2). É claro que com isso o Senhor se refere ao sono da morte espiritual.

Cada um que renasce para uma esperança viva e pertence à igreja de Jesus é chamado a revelar vida. No entanto, com muitos de nós o verdadeiro estado está em oposição com o ser real, que é vida. Frequentemente somos luzes enganosas ao invés de luzes orientadoras, de modo que pessoas se despedaçam nos recifes ao invés de encontrar o porto seguro da salvação. Existem pessoas que ficam desnorteadas com o nosso ser, por não estar visível a mansidão, humildade e clareza do Senhor Jesus, mas o eu teimoso, ambicioso e orgulhoso.

Aparentemente a igreja em Sardes nada sabe da grande mentira em que vive, assim como muitos também não sabem o quanto suas vidas de fé são farsas e mentirosas. Nesse caso Israel está um passo à nossa frente em seu conhecimento próprio, pois lemos em Ezequiel 37.11: “... Eis que [os israelitas] dizem: ‘Os nossos ossos estão secos, perdemos a nossa esperança, fomos exterminados’”. Esse é um autoconhecimento salvador, pois, em outras palavras, quer dizer: “Nós, que fomos salvos do Egito pelo sangue do cordeiro, estamos perdidos; tudo acabou conosco”.

O Senhor aproveita esse conhecimento próprio e começa novamente a revivificar Israel pelo Espírito de vida do alto. Enquanto não chegamos a esse ponto profundo do conhecimento próprio, o Senhor não pode dar vida. Mas quem confessa: eu tenho o nome daquele pelo qual eu vivo, mas estou morto, e se humilha e procura passar pela porta estreita, esse recebe a vida eterna.

Wim Malgo (1922-1992) é o fundador da Chamada da Meia-Noite. Autor de mais de 40 livros, pregou e ensinou durante décadas.

sumário Revista Chamada Agosto 2022

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