Por que Deus permite tanto sofrimento?

Por que Deus permite tanto sofrimento? Por que, por exemplo, Deus tira uma mãe dos seus filhos e do seu marido?

Resposta:

Por mais que meditemos nas razões do sofrimento, não poderemos sondar Deus e seus propósitos. No entanto, como pessoas que creem em Jesus Cristo, podemos confiar em que Deus é bom. Não digo isso assim simplesmente da boca para fora, mas de experiência própria com sofrimentos e as mais diferentes tribulações. A Bíblia diz em Jeremias 29.11 a respeito da natureza de Deus: “‘Eu é que sei que pensamentos tenho a respeito de vocês’, diz o Senhor. ‘São pensamentos de paz e não de mal, para dar-lhes um futuro e uma esperança’”. Em outra passagem, Deus testifica que “Deus é amor” (1Jo 4.16). É nessas declarações que podemos apoiar-nos ainda que as circunstâncias digam outra coisa. Nós temos a nossa limitação humana, seja em nosso conhecimento, seja em nossas experiências e também em nossa perspectiva. Deus, porém, não! Deus sempre age com seus filhos a partir da perspectiva da eternidade e do amor – para o nosso bem e sua honra. Não tenho resposta para o porquê de Deus permitir que uma mãe seja arrancada do meio da sua vida para longe dos seus filhos e do seu marido. Essa pergunta ultrapassa o meu horizonte e não posso responder a ela – e é bom que seja assim: apenas a eternidade revelará um dia esse porquê e para quê. Nosso conhecimento simplesmente é limitado demais para isso. Essa condição nos mantém humildes, dependentes e misericordiosos. Seria Jesus capaz de se solidarizar com essa dor da despedida, essa separação, essa solidão, esse anseio por cumprimento? Sim – Jesus consegue solidarizar-se com isso profundamente – creio nisso de todo o coração! Não só porque a Bíblia o diz, mas também porque Jesus mesmo sofreu tudo isso. Foi ele quem inventou o casamento. Ele sabe o que significa essa mais profunda união entre duas pessoas. Ele conhece a dor da despedida, a solidão e a separação. A Bíblia diz que Jesus e o Pai são um (Jo 10.30). Eles são tão unidos que entre eles não existem variações nem sombras de mudança (Tg 1.17). Jesus chega a dizer: “E quem vê a mim vê aquele que me enviou” (Jo 12.45). Todavia, por amor a nós, Jesus abandona o céu e a comunhão com o Pai. Ele deixa a eternidade e entra no tempo (cf. Fp 2.6-8). Por 33 anos ele permanece longe de casa. Na cruz é abandonado não só por seus amigos, mas também por seu Pai (Mt 27.46)! Sim, Jesus conheceu e conhece essa solidão e esse abandono. Foi Jesus que proferiu esse mais terrível brado da história humana: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mc 15.34). Ele sofreu o inferno, passou pela pior solidão. Foi tentado, mas não pecou e, por ser assim, pode compadecer-se de nós, ajudar-nos e nos consolar na mais profunda tribulação e no sofrimento, porque ele conhece nossas necessidades e fraquezas.

Samuel Rindlisbacher é ancião da igreja da Chamada na Suíça e foi fundamental no desenvolvimento do grande ministério de jovens dela.

sumário Revista Chamada Março 2022

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