O “Todavia” da fé quando a razão diz “Não”

“Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apoie no seu próprio entendimento” (Pv 3.5).

Na vida de Jeremias podemos observar o que significa não se apoiar no entendimento, mas confiar de todo o coração no Senhor. Ele orou: “No entanto, Senhor Deus, tu me disseste: ‘Compre o campo por dinheiro e chame testemunhas’, embora a cidade já esteja sendo entregue nas mãos dos caldeus’” (Jr 32.25). Fazer algo assim era um completo despropósito. Por que comprar um campo se os inimigos conquistariam a cidade?

Muitas vezes, a nossa mente não enxerga muito longe. Ela só percebe o que é visível e o momento atual. No entanto, quem crer mesmo quando a razão disser “não”, experimentará o futuro com Deus. Nos últimos versículos desse capítulo, Deus disse a Jeremias: “Ainda se comprarão campos nesta terra, da qual vocês dizem: ‘Está deserta, sem pessoas e sem animais; foi entregue nas mãos dos caldeus’. Comprarão campos por dinheiro, assinarão as escrituras e as fecharão com selos, e chamarão testemunhas, na terra de Benjamim, nos arredores de Jerusalém, nas cidades de Judá, nas cidades da região montanhosa, nas cidades da Sefelá e nas cidades do Sul. Porque eu os trarei de volta do cativeiro, diz o Senhor’” (v. 43-44).

Ainda que a razão diga “não”, Deus tem recursos para efetivar o que para a razão é impossível. Quem praticar o “todavia da fé”, talvez sofra zombaria e seja ridicularizado, mas experimentará as maravilhas de Deus. Como foi mesmo a conquista de Jericó? Era insensato marchar em torno da cidade e com isso esperar que acontecesse algo. A razão sempre diz que não dá. Porém, quem “todavia” crer, praticará o que Provérbios 3.5 declara.

Um devocional relata a seguinte ocorrência: “Anos atrás viajei para a América. O capitão do navio em que eu viajava era um cristão decidido. Quando chegamos ao litoral da Terra Nova, ele me contou: ‘Quando passei por aqui da última vez, há cinco semanas, aconteceu algo que abalou toda a minha fé.

“‘Tínhamos a bordo Georg Müller, de Bristol. Eu havia passado 24 horas ininterruptas na ponte de comando porque estávamos cercados de uma densa neblina. Georg Müller me procurou e disse: “Capitão, eu só queria dizer que no sábado à tarde preciso estar em Quebec”. Eu disse que era impossível. “Pois bem”, disse ele, “se o seu navio não puder me levar até lá, Deus encontrará uma outra via. Em 57 anos eu nunca quebrei um compromisso. Vamos descer até a sala de mapas e orar!”

“‘Olhei para aquele homem de Deus e pensei: “Acho que ele está delirando um pouco! Nunca ouvi algo assim!”. “Sr. Müller”, disse eu, “sabe o quanto esta neblina é densa?” “Não”, disse ele, “a neblina não me interessa. Eu olho para o Deus vivo, que dirige toda e qualquer circunstância da minha vida.”

“‘Ele se ajoelhou e enunciou uma oração muito singela. Quando terminou, eu quis orar, mas ele pôs a mão no meu ombro e disse que eu não deveria orar. “Em primeiro lugar, o senhor não crê que Deus responderá e, em segundo, eu creio que ele já respondeu. Por isso é desnecessário que o senhor ainda ore.”

“‘Olhei fixo para ele, e ele disse: “Capitão, conheço meu Senhor há 57 anos, e nesses 57 anos não houve nenhum dia em que eu não buscasse o Rei. Levante-se, capitão e abra a porta. Veja que a neblina se foi!”. Levantei-me – a neblina realmente tinha desaparecido! No sábado à tarde Georg Müller estava pontualmente em Quebec para o seu compromisso.’”

O “todavia da fé” eleva-nos a alturas que só podemos experimentar por meio da fé. Creia em mais do que a razão admite e você experimentará que Deus pode fazer mais do que você imaginava. Mesmo onde toda a esperança acabou, Deus ainda pode ajudar.

Ernesto Kraft é missionário desde 1975 e atualmente desenvolve um ministério específico de evangelização através de folhetos em São Paulo.

sumário Revista Chamada Dezembro 2021

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