O sermão sem palavras

O sr. H está internado num lar público para portadores de demência há algum tempo. Ele só consegue reconhecer em parte sua família. Quando o sr. H ainda tinha saúde, um dos seus hábitos diários era procurar depois do desjejum o seu “cubículo”, ajoelhar-se diante da sua poltrona e orar. Durante a crise do coronavírus, ele também não pôde mais receber visitas. Assim, sua esposa se informava por telefone sobre o seu estado. Num desses telefonemas, a cuidadora lhe informou que ele não estava muito bem e que, naquele período, sofrera cinquenta quedas. Alguns dias depois, sua nora perguntou pelo sogro. Ele estava melhor. A cuidadora perguntou de repente se no passado ele teria tido em sua casa um lugarzinho fixo em que tivesse se ajoelhado regularmente para orar. Sim, ele tivera. Então a cuidadora contou que imaginara tal coisa e que, desde então, sempre que possível, ela acompanhava o sr. H. após o desjejum para o seu quarto a fim de ajoelhar-se com ele e orar o “Pai nosso”, ajudando-o em seguida a levantar-se novamente. Depois disso, o sr. H. sorria feliz. Provavelmente, suas muitas quedas decorreram de ele ter se ajoelhado como de costume em seu lugar e não ter mais conseguido levantar-se em seguida. Essas ocorrências deixaram a cuidadora pensativa e ela disse à nora ao telefone: “Talvez eu também devesse orar como o sr. H”.

sumário Revista Chamada Dezembro 2021

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