A autoestima exagerada de Netanyahu
Após doze anos, o mandato de Netanyahu como premiê terminou abruptamente. A razão disso ele deve atribuir principalmente a si mesmo. Por doze anos contínuos, o chefe do Likud foi primeiro-ministro israelense e, antes de 2009, também já de 1996 a 1999. O término do seu mandato acabou então sendo melancólico: Netanyahu não conseguiu mais formar a maioria necessária para um governo. A isso se acrescentam investigações de corrupção contra ele. Ele ainda não foi condenado, mas teria sido possível preservar a confiança de alguns dos seus companheiros que depois se posicionaram contra ele por meio de uma renúncia. E o que poderia haver contra a cessão ao menos transitória do cargo de chefe do governo ou mesmo apenas da candidatura de ponta a algum amigo partidário e fiel a ele? Assim, em última análise, Netanyahu não conseguiu prevalecer, apesar de muitos eleitores ainda preferirem tê-lo como premiê. Não só por isso, é lamentável que no fim ele perdeu a eleição quase marginalmente.
Queremos destacar aqui apenas uma das suas conquistas – sua contribuição para os acordos Abraão com quatro países árabes, que Israel assinou desde setembro de 2020. A importância deles revela-se também no modo como o ministro das relações exteriores, Lapid, lida com a matéria. Diante da abertura da embaixada nos Emirados em meados de julho, ele disse: “Ampliaremos ainda mais o círculo de paz e normalização”. Aquele foi um compromisso que o próprio Netanyahu bem que gostaria de ter assumido pessoalmente. Agora ele foi pressionado para um outro papel: Benjamin Netanyahu, o líder da oposição –algo a que não só os israelenses ainda terão de se acostumar.