Os últimos serão os primeiros

No trato com seus apóstolos e por meio de uma notável parábola, o Senhor explica o que vai importar no fim e como sua palavra profética se cumprirá. Uma exposição e um encorajamento para a vida pessoal.

O que vai importar no fim, quando Cristo voltar? O que será importante para nós, agora? Catarina de Siena disse certa vez: “A hora é preciosa. Não espere por um tempo futuro e mais adequado, porque você não tem certeza se o terá. O tempo foge de você imperceptivelmente”. Quando o jovem rico perguntou a Jesus o que deveria fazer de bom para alcançar a vida eterna, “retirou-se triste”, porque o Senhor lhe disse: “Se você quer ser perfeito, vá, venda os seus bens, dê o dinheiro aos pobres e você terá um tesouro nos céus; depois, venha e siga-me” (Mt 19.21). Em vista disso, Pedro perguntou o que ele e os outros apóstolos ganhariam por terem renunciado a tudo pelo Senhor. Jesus respondeu com uma perspectiva do futuro do reino messiânico e com uma parábola notável para a história sagrada – o que também esclarece como devemos julgar suas declarações, pois dão a impressão de que, afinal, seriam nossas boas obras que nos conduzem à vida eterna.

Os tronos dos doze apóstolos

“Então Pedro, tomando a palavra, disse: ‘Eis que nós deixamos tudo e seguimos o senhor; que será, pois, de nós?’ Jesus lhes respondeu: ‘Em verdade lhes digo que, na regeneração, quando o Filho do Homem se assentar no trono da sua glória, vocês que me seguiram também se assentarão em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos, por causa do meu nome, receberá muitas vezes mais e herdará a vida eterna. Porém muitos primeiros serão últimos; e os últimos serão primeiros’” (Mt 19.27-30).

Com o termo “regeneração” o Senhor se refere à renovação de todas as coisas. Trata-se da renovação da terra para formar o reino messiânico. Ou seja, Jesus voltará, e quando ele vier, esta terra será regenerada e a criação, liberta (Rm 8.18-23). O trono glorioso de Jesus será erigido em Jerusalém (Mt 25.31) e os seus doze apóstolos se assentarão com ele em doze tronos e julgarão as doze tribos de Israel. Esse julgamento inclui uma corregência, pois eles se assentarão em doze tronos.

Alguns aspectos interessantes a observar: Jesus respondeu à pergunta de Pedro. Ele não a desprezou e também não a censurou como exagerada. Pelo contrário: a pergunta é tão importante e verdadeira que o Senhor deu a ela uma resposta séria. Ele sabia como seria o futuro dos seus apóstolos: eles abandonariam o seu lar, seriam separados de suas famílias, largariam suas posses (Mt 4.20-22), seriam odiados e perseguidos (Lc 21.12) e esqueceriam de si mesmos por amor a Jesus.

Aplicado a nós, o que Jesus disse aos apóstolos quanto ao reino messiânico é: ser cristão não é empolgação, não é ter riqueza ou paz terrenas, mas vem acompanhado de ódio, perseguição, blasfêmia, rejeição, tribulação e perigo. Os cristãos seguirão Jesus pela “Via Dolorosa”, mas também seguirão Jesus para a glória. Os cristãos têm paz, uma viva esperança em Deus e não serão mais julgados com o mundo – eles julgarão o mundo (1Co 6.2-3).

Sim, vale a pena seguir o Senhor. Vale a pena superar e largar. Vale a pena tomar uma decisão clara. Vale a pena renunciar por amor a ele.

O reino messiânico

Como já dissemos, o que Jesus explica aqui refere-se ao reino messiânico na terra. Ainda não se trata da igreja-corpo chamada posteriormente, nem sequer do apóstolo Paulo. O foco está nos doze tronos para os doze apóstolos, não treze. Como podemos observar na ocorrência com o jovem rico, as boas obras são necessárias para o ingresso nesse reino e para, assim, ganhar a vida eterna. – Paulo, por sua vez, enfatizou mais tarde que vamos ao céu sem obras, apenas pela fé. – Jesus disse ao jovem rico que quem vive dependendo das riquezas terá dificuldade em entrar no reino. Seria mais fácil um camelo atravessar o fundo de uma agulha. Diante desse fato, Pedro pergunta assustado: “Eis que nós deixamos tudo e seguimos o senhor; que será, pois, de nós?” (Mt 19.27).

A posição dos doze apóstolos

Os apóstolos judeus de Jesus ocupam uma posição especial. Com vista à igreja, eles fazem parte das suas fundações (1Co 3.10; Ef 3.20). Seu lugar será junto de nós no céu (1Pe 1.4). Quanto a Israel e o reino messiânico, porém, eles dispõem adicionalmente de uma posição especial que compete apenas a eles. Explicitamente, esses doze se assentarão em doze tronos (Judas foi excluído e Matias foi acrescentado, cf. At 1.15-26).

Encontramos um paralelo para isso em Apocalipse 21.14, onde se descreve a nova Jerusalém, que tem doze fundamentos. Esses fundamentos ostentam os nomes dos doze apóstolos. Em retrospectiva, isso mostra que sua trajetória valeu a pena. Alguns deles caíram no esquecimento da história: André, Bartolomeu, Tomé, Filipe, Tiago (filho de Alfeu), Simão (o Zelote), Judas (o irmão de Tiago), Matias... e, exceto João, provavelmente todos foram martirizados. Deus, porém, gravou todos eles na nova Jerusalém e os assentará futuramente em tronos. Aqui se revela o que importou no fim.

Deus também se lembrará das suas obras. Alguns tornaram-se conhecidos na história da igreja como grandes homens e mulheres; outros foram completamente esquecidos e não são citados em lugar nenhum. O Senhor, porém, os conhece e se lembra deles! “Porque Deus não é injusto para se esquecer do trabalho que vocês fizeram e do amor que mostraram para com o seu nome, pois vocês serviram e ainda estão servindo aos santos” (Hb 6.10). O que quer que você tenha feito na sua igreja ou família, Deus o sabe.

Os primeiros e os últimos

Com relação ao reino messiânico, Jesus disse aos seus discípulos: “Porém muitos primeiros serão últimos; e os últimos serão primeiros” (Mt 19.30).

Os fariseus, os anciãos do povo e os escribas ocupavam a primeira posição entre o povo. Os apóstolos, por sua vez, eram os últimos. (Paulo escreve sobre isso: “Porque me parece que Deus pôs a nós, os apóstolos, em último lugar, como se fôssemos condenados à morte. Porque nos tornamos espetáculo para o mundo, tanto para os anjos como para os seres humanos” [1Co 4.9].) No final, porém, eles se assentarão em primeiro lugar com Jesus no trono.

A geração do tempo em que Jesus esteve na terra pertencia aos primeiros. Essas pessoas em Israel tinham Jesus entre elas. Como, porém, o rejeitaram e preferiram sua vida pessoal, tornaram-se últimos. Perderam o reino messiânico. A última geração de israelenses, durante a grande tribulação, voltará a renunciar a tudo, tal como os apóstolos. Eles se tornarão vencedores e mártires, e assim serão elevados a primeiros e entrarão no reino messiânico.

“Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade para julgar. Vi ainda as almas dos que foram decapitados por terem dado testemunho de Jesus e proclamado a palavra de Deus. Estes são os que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam a sua marca na testa e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos” (Ap 20.4).

Uma parábola da história sagrada

Mateus 20.8: “Ao cair da tarde, o dono da vinha disse ao seu administrador: ‘Chame os trabalhadores e pague-lhes o salário, começando pelos últimos, indo até os primeiros’.”
Mateus 20.8: “Ao cair da tarde, o dono da vinha disse ao seu administrador: ‘Chame os trabalhadores e pague-lhes o salário, começando pelos últimos, indo até os primeiros’.”

Em seguida, o Senhor sublinha com uma parábola o princípio dos primeiros e dos últimos: “Porque o Reino dos Céus é semelhante a um homem, dono de terras, que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha. E, tendo combinado com os trabalhadores o pagamento de um denário por dia, mandou-os para a vinha. Saindo por volta de nove horas da manhã, viu, na praça, outros que estavam desocupados e lhes disse: ‘Vão vocês também trabalhar na vinha, e eu lhes pagarei o que for justo.’ Eles foram. Tendo saído de novo, perto do meio-dia e às três horas da tarde, fez a mesma coisa. E, saindo por volta de cinco horas da tarde, encontrou outros que estavam desocupados e lhes perguntou: ‘Por que vocês ficaram desocupados o dia todo?’ Eles responderam: ‘Porque ninguém nos contratou.’ Então ele lhes disse: ‘Vão vocês também trabalhar na vinha.’ Ao cair da tarde, o dono da vinha disse ao seu administrador: ‘Chame os trabalhadores e pague-lhes o salário, começando pelos últimos, indo até os primeiros.’ Chegando os que foram contratados às cinco da tarde, cada um deles recebeu um denário. Ao chegarem os primeiros, pensaram que receberiam mais; porém também estes receberam um denário cada um. Mas, tendo-o recebido, começaram a murmurar contra o dono das terras, dizendo: ‘Estes últimos trabalharam apenas uma hora, mas você os igualou a nós, que suportamos a fadiga e o calor do dia.’ Então o dono disse a um deles: ‘Amigo, não estou sendo injusto com você. Você não combinou comigo trabalhar por um denário? Pegue o que é seu e saia daqui. Pois quero dar a este último tanto quanto dei a você. Será que não me é lícito fazer o que quero com o que é meu? Ou você ficou com inveja porque eu sou bom?’ Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos” (Mt 20.1-16).

O sentido dessa parábola não é de dogmatizar cada mínimo detalhe. Encontramos a doutrina claramente definida nas cartas doutrinárias. As parábolas, no entanto, pretendem destacar alguma verdade em particular. Assim, o objetivo da parábola acima é explicar que, na história sagrada, havia primeiros que se tornaram últimos, e vice-versa.

O chamado quíntuplo

O dono da vinha representa Deus. Chama atenção que ele sai cinco vezes para chamar pessoas para trabalhar na sua vinha: cedo de manhã, às seis horas; a terceira hora corresponde às nove horas; a sexta e a nona hora são doze e quinze horas; e a undécima hora é 17 horas. O “cair da tarde”, quando os trabalhadores foram buscados, é às 18 horas.

“Deus não seleciona só alguns. Ele quer empregar todos em sua vinha.”
“Deus não seleciona só alguns. Ele quer empregar todos em sua vinha.”

O dono da vinha negociou um salário de um denário apenas com o primeiro grupo de trabalhadores; com os outros, não mais. Na hora do pagamento, os primeiros então ficam frustrados e resmungam contra o seu senhor. Exigem justiça e não conseguem entender a atitude do senhor.

À luz da história sagrada, é possível entender o que isso significa. (É possível que a interpretação que segue abaixo não tenha sido, em cada detalhe, a intenção do Senhor, já que ele ainda não falava da comunidade-corpo, mas é perfeitamente razoável mencionar que a aplicação se encaixa bem em toda a história sagrada.)

Primeiro, os que foram chamados no início, às seis horas da madrugada, com os quais ainda se combina um salário na base de “você faz algo e eu lhe pago por isso”, lembra o povo de Israel da primeira hora. Com Israel havia uma aliança, uma lei. Israel sempre se reportava a essa aliança, e não concordou nem um pouco quando o Senhor chamou outros sem impor condições – aquilo gerou muito ciúme. Paulo escreve o seguinte a respeito: “Que diremos, então? Que os gentios, que não buscavam a justificação, vieram a alcançá-la, a saber, a justificação que decorre da fé, e que Israel, que buscava a lei de justiça, não chegou a atingir essa lei. Por quê? Porque não a buscou pela fé, mas como que por obras. Tropeçaram na pedra de tropeço” (Rm 9.30-32).

Segundo, aqueles chamados às nove horas – e com quem não há nenhuma negociação, mas a quem simplesmente se diz: “... eu lhes pagarei o que for justo” – são os apóstolos (At 1). Depois da era da lei (seis horas), eles são os primeiros de uma nova era da graça (nove horas). Seu tempo é um momento de transição. Os primeiros baseiam-se na lei; os outros, em fé e confiança (cf. Rm 1.5).

Terceiro, os chamados às doze e quinze horas. Esses dois momentos são interligados. É uma imagem do chamado da igreja primitiva de judeus (At 2–10) e do posterior acréscimo dos gentios, um pouco mais tardio (At 10–28).

Quarto, às 17 horas o dono da vinha sai novamente e chama os últimos trabalhadores para a sua vinha. É a última hora antes do fim do expediente e do acerto de contas. Do ponto de vista da história sagrada, isso poderia apontar para os tempos finais – nos quais nos encontramos hoje. João escreve profeticamente a respeito do tempo no qual o Anticristo começa a se revelar: “Filhinhos, esta é a última hora...” (1Jo 2.18). E Paulo escreve: “E digo isto a vocês que conhecem o tempo: já é hora...” (Rm 13.11).

Quinto, finalmente, são 18 horas. O senhor da vinha vem, reúne seus trabalhadores diante dele e acerta as contas com eles. Ele diz: “Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos [porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos]” (Mt 20.16, ARA). Os chamados são o Israel sob a lei; Israel reportou-se à lei e perdeu. Ele ficou sujeito à obediência da lei. Os eleitos reportam-se à igreja composta de judeus e gentios e ao período da graça no qual se encontram, tornando-se vencedores; são sujeitos à obediência pela fé. “Assim também nos dias de hoje sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça. E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça. Que diremos, então? O que Israel buscava, isso não alcançou; mas a eleição conseguiu isso. Os demais foram endurecidos” (Rm 11.5-7).

Na história sagrada, os primeiros tornaram-se últimos e os últimos, primeiros.

A aplicação pessoal da parábola

A aplicação pessoal é: aceite o chamado! Esta pode ser a última hora – vivemos nos tempos finais e Jesus quer usá-lo. “Aproveitando bem o tempo, porque os dias são maus” (Ef 5.16). C. H. Spurgeon disse: “Nunca temos outro tempo disponível a não ser o presente”.

Virá o dia em que todos olharemos para trás e reconheceremos o que era importante no fim. “Portanto, meus amados irmãos, sejam firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o trabalho de vocês não é vão” (1Co 15.58).

Será que realmente crescemos? Estaríamos avançando e aceitando uma condução para o que está adiante? Ou estagnamos e até retrocedemos? “Parar é retroceder”, dizia sempre Wim Malgo, o fundador da Chamada da Meia-Noite.

Alguém certa vez enfatizou: “Por meio da sua morte e ressurreição, Jesus fez tudo para levar você ao céu, mas agora ele também leva por meio de você o céu para a terra!”

O conde Nikolaus Ludwig von Zinzendorf viu um quadro do pintor italiano Domenico Fetti com a seguinte legenda: “Isto foi o que sofri por ti – o que fazes tu de fato por mim?”. Aquilo induziu Zinzendorf a uma nova dedicação da sua vida a Jesus. Ele se tornou o fundador da Igreja dos Irmãos Morávios e de uma ampla obra missionária em cerca de 30 regiões do mundo. Eles trabalharam entre esquimós, hotentotes, índios e escravos. Muito daquilo ele financiou com sua própria fortuna.

Deus levará sua decisão muito a sério. Talvez você diga: “Não sou adequado, estou cheio de defeitos, primeiro preciso me habilitar bem mais”. Para Deus, porém, ninguém é excessivamente inadequado e inábil. Theodore Roosevelt disse certa vez: “Mostre-me alguém que nunca cometeu erro nenhum e eu lhe mostrarei alguém que nunca realizou nada”.

Será que o Noé embriagado era adequado? Qual era a condição do idoso Abraão e de sua mulher, que adoravam ídolos na Caldeia? Ou Jacó, o mentiroso? Moisés, o homicida? Raabe, a prostituta? O jovem Timóteo com sua gastropatia? Pedro, o irritadiço violento? Os discípulos sonolentos, apavorados e fracassados? Ninguém era adequado, mas todos eles aceitaram o chamado. Todos foram sinceros e dedicados de coração. Tinham o Senhor diante dos olhos, ainda que fracassassem ocasionalmente.

Você sabe o que a vespa-de-rodeio (também chamada de mamangava) tem de especial? Na verdade, as mamangavas não deveriam ser capazes de voar – são completamente inadequadas para isso. Todas as leis da física se opõem ao voo da mamangava. A estrutura do corpo, as asas curtas demais, o peso. Mas as mamangavas não se importam com nada disso. Simplesmente voam.

Não pense, porém, que sempre se deverá realizar alguma coisa exteriormente grandiosa. Talvez, sim. Se você sentir um impulso para mais, ceda a ele: missões, formação teológica... Como exemplo disso, Michael Kotsch cita D. L. Moody: “Moody tinha prosperado com seus negócios na indústria de botas e calçados de Chicago, e em 1860 se retirou da vida comercial para poder atender plenamente ao seu chamado espiritual. Ele não pensava naquilo como perda, pois estava convicto de que o homem só consegue ser genuinamente feliz por meio de uma plena entrega a Deus”.

Talvez o seu chamado esteja em sua igreja, no ministério de jovens ou na sua família. Um exemplo da multiplicidade dos chamados de Deus é o do importante fundador de igrejas e editor Johann Gerhard Oncken. Michael Kotsch escreve:

“Oncken era conhecido por sua opinião de que não apenas alguns poucos empregados, mas todos os membros da igreja deveriam exercer atividade missionária. [...] Em 1862, por ocasião de sua viagem à Inglaterra, o teólogo dr. Guthrie lhe perguntou: ‘De quantos missionários o senhor dispõe?’ Oncken respondeu: ‘Sete mil!’ O teólogo retrucou: ‘Desculpe, mas eu perguntei pelo número de missionários’. ‘Eu sei’, devolveu Oncken, ‘mas, entre nós, cada membro é missionário.’” Em outra ocasião, “perguntado por que sua igreja não tinha campanário, um irmão da igreja respondeu com segurança: ‘Não precisamos de sinos, convidamos pessoalmente’”.

Ser missionário não significa que cada um deva ser capacitado como evangelista, mas que cada um aplique os dons que o Espírito Santo lhe concedeu. Estes podem diferir bastante. Alguém terá um dom de oração, outro o da hospitalidade, do aconselhamento, de um trato particularmente amável, de serviço, da diaconia, do trabalho comunitário, de visitação ou na família. Não diga, por exemplo: “Sou apenas mãe”. Como apenas? Não se deixe rebaixar pela opinião do mundo. O mundo e seus formadores de opinião não têm noção do que realmente importa.

Uma médica na China resumiu sua plena confiança em Deus na seguinte declaração: “Se você tiver Jesus no coração, não importa qual seja o seu trabalho ou sua posição. A única coisa que importa é que você o ame e lhe seja fiel!”

Voltando ao dono da vinha, o seguinte é afirmado com relação à última hora: “E, saindo por volta de cinco horas da tarde, encontrou outros que estavam desocupados e lhes perguntou: ‘Por que vocês ficaram desocupados o dia todo?’ Eles responderam: ‘Porque ninguém nos contratou.’ Então ele lhes disse: ‘Vão vocês também trabalhar na vinha’” (Mt 20.6-7).

Você continua parado por aí, pensando não ter sido chamado? Ele se dirige a você e a todos nós: “Vão vocês também trabalhar na vinha”. Deus não seleciona só alguns. Ele quer empregar todos em sua vinha. O pastor Hans Gerd Krabbe expressa isso numa oração: “Ensina-nos a considerar, Senhor, que cada um de nós terá um dia de responder perante ti por aquilo que fez aqui na terra e pelo que deixou de fazer. Ensina-nos a considerar que dotaste e encarregaste cada um de nós a promover a paz, exercer o amor, semear a alegria e despertar a esperança. Ajuda-nos nisso”.

Quando chegar a grande prestação de contas, saberemos o que era efetivamente importante.

Norbert Lieth é autor e conferencista internacional. Faz parte da liderança da Chamada na Suíça.

sumário Revista Chamada Novembro 2021

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