Rosh Hashaná: O Começo de um novo ano

Quando os judeus comemoram o Ano Novo? O que Deus falou sobre isso no Anti go Testamento?

O que é o Rosh Hashaná? Grande parte do mundo comemora um novo começo quando o dia 31 de dezembro termina e o 1º de janeiro surge, enquanto o povo judeu comemora seu novo ano com a Festa das Trombetas. Porém, de acordo com a Bíblia, o novo ano inicia “no primeiro dia do primeiro mês”.

O “primeiro mês” é o mês em que comemoramos o Pessach, na primavera, e a lua nova marca o início de cada novo mês. “O Senhor disse a Moisés e a Arão na terra do Egito: Este mês será para vocês o principal dos meses; será o primeiro mês do ano” (Êx 12.1-2, NAA).

Nosso Deus é um Deus de muitos novos começos, de novas estações e de novos meses. Ao invés de comemorar uma vez ao ano, Deus pede que seja comemorado o início de cada mês, isto é, cada lua nova – ou seja, doze reinícios ao invés de apenas um! Isso é chamado de Rosh Chodesh, ou “cabeça do mês”. É interessante observar que a palavra “mês” (chodesh) é derivada da palavra “novo” (chadash).

A ordem bíblica

Números 10.10 determina: “Também em seus dias festivos, nas festas fixas e no primeiro dia de cada mês, vocês deverão tocar as cornetas por ocasião dos seus holocaustos e das suas ofertas de comunhão, e elas serão um memorial em favor de vocês perante o seu Deus. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês”.

Números 28.11-15 vai além e solicita muitos sacrifícios: “No primeiro dia de cada mês, apresentem ao Senhor um holocausto...”. As trombetas eram tocadas, diversos sacrifícios eram trazidos e Israel tinha um feriado – um dia livre de trabalhos regulares.

No decorrer da história bíblica, essas festas de lua nova muitas vezes eram esquecidas e ignoradas; em outras épocas, novamente comemoradas com alegria; e, ainda em outras épocas, observadas de maneira fraca e vazia – o que entristecia Deus. É interessante notar que Deus desejava que seu povo observasse o início de cada mês. A lua então estava muito fina, nova e animada, iniciando um novo ciclo e um novo mês.

Surgimento do calendário judaico

O calendário judaico se diferencia do calendário gregoriano pelo fato de que ele se baseia mais na lua do que no sol (apesar de que ocorrem pequenas alterações para harmonizá-lo com as estações do ano), e os dias se estendem de um pôr do sol ao outro, e não de uma meia-noite à outra. Lemos a razão disso em Gênesis 1: “A noite passou e veio a manhã, encerrando o primeiro dia” (v. 5, NVT) – o início foi com a noite.

Talvez você conheça os nomes dos meses do calendário judaico, mas Deus mencionava os meses simplesmente em sua ordem – o primeiro mês, o segundo mês etc. Ele mantinha esse mesmo princípio para os dias da semana – primeiro dia, segundo dia... até o sexto dia e, então, o Shabat.

Em muitas línguas, os nomes dos dias da semana praticamente se baseiam em idolatria! (Veja, p. ex., no inglês: Sunday [domingo] = dia do sol / Monday [segunda-feira] = dia da lua / Thursday [quinta-feira] = dia do deus Thor etc.) Os nomes dos meses judaicos também não são encontrados na Bíblia, mas foram trazidos pelo povo judeu da época do exílio babilônico: 1) nissan; 2) yar; 3) sivan; 4) tamuz; 5) av; 6) elul; 7) tishrei; 8) cheshvan; 9) kislev; 10) tevet; 11) shivat; 12) adar.

A influência babilônica também foi o motivo de o povo judeu adotar a comemoração do ano novo, o que ocorreu por ocasião da Festa das Trombetas. O nome Rosh Hashaná (“cabeça/início do ano”) é mencionado uma única vez na Bíblia: “No início do vigésimo quinto ano do exílio, no início do ano [Rosh Hashaná], no décimo dia do mês, no décimo quarto ano depois da queda da cidade, naquele exato dia a mão do Senhor esteve sobre mim e ele me levou para lá” (Ez 40.1).

O contexto, no entanto, mostra que ali não se trata da comemoração do ano novo, mas simplesmente da indicação de uma data.

Ajustando o relógio

Como já foi mencionado, Deus apresentou o calendário aos judeus por ocasião do êxodo do Egito (acredita-se que isso tenha acontecido em 1446 a.C.), mas, como eram contados os dias antes disso?

Relógio com nome e símbolo das doze tribos de Israel no Muro das Lamentações, em Jerusalém.Relógio com nome e símbolo das doze tribos de Israel no Muro das Lamentações, em Jerusalém.

Se alguém procurar pela palavra “mês” na Bíblia, descobrirá que antigamente o tempo era contado com base na idade de Noé – pois lemos que o Dilúvio aconteceu no segundo mês do sexagésimo ano de Noé! A partir dali o tempo continuava a ser medido com base na idade de Noé até que foi instituído o novo paradigma – Deus realizou o dramático milagre do êxodo do Egito e ajustou o tempo. Todavia, o calendário de Deus não era necessariamente aquilo que os outros povos da terra conheciam – as pessoas baseavam o tempo na idade ou no reinado do rei, conforme podemos ver nos livros dos Reis e dos Profetas. No entanto, o relógio foi novamente ajustado de modo dramático com a vinda do Messias – e o proclamamos cada vez que escrevemos a data – agora 2021 anos desde a sua vinda.

O ano judaico, que será 5782, pretende indicar o número de anos desde a criação, apesar de que isso seria difícil de provar. A verdade é que o fato de vivermos no ano de 2021 é algo desconfortável para quem não é fã de Yeshua. Ao invés de dizer “a.C.” (antes de Cristo) ou “AD” (Anno Domini: o ano de nosso Senhor), em Israel costuma-se dizer: “n.T.” (nossa contagem de tempo) e “a.n.T.” (antes da nossa contagem de tempo). Assim, a desconfortável verdade sobre o significado central de Yeshua, a qual aponta para todas essas contagens e cálculos temporais, é acobertada para os que preferem negar aquele que dividiu o tempo em duas épocas.

No entanto, virá o dia no qual todo joelho precisará se dobrar e reconhecer que ele é o Senhor. Até lá, não cessaremos de oferecer nossa vida a ele como sacrifício vivo, dia após dia, semana após semana, mês após mês e ano após ano.

Originariamente publicado
em oneforisrael.org.

sumário Revista Chamada Outubro 2021

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