Perigo para os cristãos na Zona do Sahel

Em 2013, tropas francesas penetraram na Zona do Sahel para combater jihadistas islâmicos que em 2012 haviam assumido o controle do norte do Mali. Desde 2014, cerca de 5 100 soldados franceses estão mobilizados ao lado de soldados de Burkina Faso, Chade, Mali, Mauritânia e Níger na chamada Operação Barkhane. A política francesa consistia em manter os jihadistas em xeque enquanto os países africanos desenvolvessem a capacidade de defender seus próprios territórios. A Operação Barkhane era extremamente impopular na França. Os franceses se perguntavam por que era necessário utilizar recursos franceses e pôr vidas francesas em risco (ainda que muito poucas) para defender as ex-colônias na África. A questão ainda piora pelo fato de que, em razão do volume das tropas mobilizadas ser insuficiente, a Operação Barkhane foi malsucedida.

Mais do que isso, os grupos jihaidistas se multiplicaram e fortaleceram, enquanto os empobrecidos exércitos da Zona do Sahel estavam mal equipados e desesperadamente sobrecarregados. Em uma entrevista coletiva realizada no dia 10 de junho deste ano, o presidente francês Emmanuel Macron anunciou que a Operação Barkhane terminará oficialmente no primeiro trimestre de 2022 e que uma retirada já foi iniciada. Cerca de dois mil soldados franceses se juntarão à Força-Tarefa Takuba, uma recém-criada tropa da União Europeia que assessorará e apoiará as forças armadas africanas em suas operações antiterroristas. As tropas serão repatriadas a tempo antes das eleições presidenciais francesas, marcadas para 10 de abril de 2022. Isso ocorre num momento em que os jihadistas (1) estão aumentando suas atividades; (2) impondo a legislação da Sharia e aplicando as consequentes punições nas regiões sob o seu controle; e (3) operando ativamente para expandir ao sul, em direção ao golfo da Guiné. Os cristãos na Zona do Sahel – especialmente na região de Liptako-Gourma (na tríplice fronteira entre Mali, Burkina Faso e Níger) – estão diretamente ameaçados.