Ellen SteigerEllen Steiger

O primeiro parágrafo do primeiro artigo da Lei Fundamental alemã diz: “A dignidade da pessoa humana é intangível”.[1] Todos os conceitos éticos e morais fluem desse princípio, que surge dos valores judaico-cristãos. A intangibilidade do homem é, portanto, derivada de Deus.

Por que isso é tantas vezes esquecido em nosso mundo? Hoje as pessoas preferem viver de acordo com o princípio de “buscar o prazer e evitar a dor”! Ou, em outras palavras, “agir de forma que surja o maior grau possível de felicidade”.[2] Em princípio, isso parece muito bom (quem não quer experimentar plena felicidade?), mas o bem-estar máximo para um número máximo de seres vivos lançará uma longa sombra sobre os demais. Afinal, não é possível alcançar o bem-estar máximo de muitos às custas do de poucos. Li recentemente um exemplo: “Quatro pessoas muito famosas e úteis à sociedade estão tão gravemente doentes que dependem de novos órgãos. Seria permitido sacrificar uma única pessoa para, com seus órgãos saudáveis, salvar essas quatro personalidades importantes? Se deixássemos a orientação divina de lado – que afirma que a dignidade humana é intangível –, poderíamos dizer que o exemplo seria, pela lógica, correto. O bem-estar de muitos (neste caso, de quatro pessoas) aumentou às custas de um único indivíduo, e só isso basta.

Como é bom saber que temos um Deus amoroso que nos protege de uma moral tão distorcida! Como é bom ler no artigo de capa desta edição, escrito por Samuel Rindlisbacher, o que constou numa declaração governamental da cidade suíça de Berna em 1831: “Plantem temor a Deus, cada um antes de tudo em seu próprio coração, depois em sua casa e por meio disso também em todo o povo. O temor a Deus é o fundamento de toda felicidade; por meio dele os nossos pais mantiveram no passado a disciplina e a ordem; por meio dele tornaram-se diligentes, satisfeitos, dispostos para todo dever, por meio dele tinham força em cada perigo e tranquilidade na hora da morte. Lutemos por esse precioso bem para que ele volte a residir entre nós” (leia aqui). Samuel reflete: “Somos portadores de uma mensagem maravilhosa: nenhum de nós precisa continuar a servir o pecado. Existe perdão! Podemos ser salvos! Existe redenção para você e para mim. Esse é o evangelho que podemos levar a um mundo perdido, e Paulo quer nos motivar nessa direção”.

Precisamos lembrar do que Paulo escreveu aos efésios: “Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos, por meio de Jesus Cristo...” (Ef 1.4-5a). Sejamos movidos pelo amor, o “maior mandamento de Deus” (leia aqui), e no temor do Senhor, “conforme o bom propósito da sua vontade, para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado” (Ef 1.5b-6).

Desejo a todos uma boa leitura. Maranata!

Notas

  1. “Lei Fundamental da República Federal da Alemanha”, trad. Assis Mendonça (1949, 2020), p. 16. Disponível em: https://www.btg-bestellservice.de/pdf/80208000.pdf.
  2. Jeremy Bentham, “An Introduction to the Principles of Morals and Legislation” (Londres: 1789). Disponível em: http://www.koeblergerhard.de/Fontes/BenthamJeremyMoralsandLegislation1789.pdf.
sumário Revista Chamada Outubro 2021

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