Haifa, julho de 2021

Após a quarta etapa sequencial de eleições, diferentemente do que era esperado, Benjamim Netanyahu continuou sem conseguir formar uma coalizão para governar nos 28 dias que possuía para tanto. Desta vez ele não conseguiu convencer um dos partidos menores a apoiar o seu governo. Isso demonstra o quanto as frentes estão totalmente rígidas. A magia do antigo poder de convencimento de Netanyahu aparenta ter se dissipado. Parece que ninguém acredita mais nas suas promessas e compromissos.

Ele tentou, de todos os meios, formar um governo. Esteve disposto até de quebrar velhos tabus existentes para alcançar o seu objetivo; antes mesmo das eleições ele já cortejou os árabes, considerando-os como eventuais parceiros. No entanto, havia sido ele que, no passado, alertou abertamente os judeus que um governo de esquerda estaria disposto a fazer até uma parceria com antissionistas e com árabes que apoiassem o terrorismo.

De fato, ele também precisaria deles para formar o seu governo. Estes árabes, no entanto, não se convenceram com vagas promessas. Além disso, o novo partido de extrema-direita liderado por Bezalel Smotrich se opôs à ideia, mesmo recebendo o apoio de Netanyahu em seu início.

Assim, ao final das quatro semanas do mandato, todas as possibilidades de formação de governo estavam bloqueadas para Netanyahu. Ironicamente, a única coisa que ele conseguiu foi dar legitimidade aos árabes para uma eventual parceria de coalizão – algo que os partidos de oposição de fato levarão em conta caso consigam formar um governo. Neste caso, Netanyahu não poderá contesta-los por isso, já que ele mesmo praticamente estabeleceu a abertura com os partidos árabes nesse sentido.

Como última e desesperada tentativa de manter-se no páreo, Netanyahu pretendia rapidamente alterar a legislação para que o primeiro-ministro seja escolhido diretamente via eleição popular. Logicamente tal avanço, com prazo tão escasso e diretamente vinculado à sua pessoa, não obteve apoio. Também é difícil saber se essa cartada poderia mudar alguma coisa diante do impasse já formado.

Desse modo, a oposição a Netanyahu, sob a direção de Yair Lapid, recebeu o mandato do presidente para compor um governo. Se ele terá êxito é algo igualmente duvidoso, uma vez que nesse campo político as divergências entre os diferentes partidos são ainda maiores. Na verdade, a única coisa que os une é a oposição ao atual governo. A questão é saber se isso será suficiente para que componham um governo apto para agir. Vale lembrar que, no decorrer dos anos, a oposição a Netanyahu cresceu. Os fundadores e líderes de quatro dos partidos de oposição já participaram de governos com Netanyahu. As experiências que ali acumularam os transformaram em efetivos opositores, mesmo que de fato, do ponto de vista político e ideológico, alguns deles estejam próximos ao partido Likud (presidido por Netanyahu).

Assim, é possível cogitar que a atual crise política em Israel não seja tão política ou ideológica, mas pessoal. O alvo principal da oposição é: Netanyahu precisa sair. A única ideologia que pode ajudar nesta situação é a base mais importante de todas – a unidade nacional. O governo que será formado precisa ser um governo de unidade nacional. Espera-se que seja isso possível, para o bem de Israel. Que consigamos um governo que não age para separar, mas unir.

Nessa esperança, elevando o olhar para Aquele que mantém tudo em suas mãos, saúdo a todos com Shalom, vosso Fredi Winkler

Fredi Winkler é guia turístico em Israel e dirige, junto com a esposa, o Hotel Beth-Shalom, em Haifa, que é vinculado à missão da Chamada.

sumário Revista Chamada Julho 2021

Confira