Política de identidade

O noticiário Spiegel Online publicou um comentário do jornalista René Pfister a respeito dos ideólogos da política de identidade. Ele escreve “que na Europa está sendo disseminada uma cultura de debates em que a argumentação é substituída por perplexidade e indignação. O ‘cry bullying’ é o nome de um instrumento que foi aplicado inicialmente em universidades norte-americanas, por meio do qual grupos que se consideram discriminados tentam sufocar qualquer contestação. Ele é tão eficaz que a esta altura partidos e empresas já se dobram ao menor sopro de protesto”. Com isso ele se refere à discussão da tradução de uma poesia da poetisa negra Amanda Gorman para o holandês. O tradutor (branco), que a própria Gorman aprovou, teve de abrir mão do seu trabalho de tradução porque os ideólogos da política de identidade protestaram contra sua pele branca. Segundo Pfister, “seria ingênuo considerar o caso como pirueta curiosa mas no fundo inofensiva de algum discurso de política de identidade um tanto exacerbado. No fundo, ele revela a tentativa de reverter os valores do universalismo e do iluminismo. Se um tradutor branco não pode mais traduzir uma poetisa negra, não seria lógico então que escritoras só possam ser traduzidas por mulheres? Será que não seria melhor então que repórteres brancos não escrevessem mais sobre políticos negros?”.[1]

Notas

  1. René Pfister, “Wer schreit, gewinnt”, Spiegel Online, 5 mar. 2021. Disponível em: https://www.spiegel.de/kultur/identitaetspolitik-wer-schreit-gewinnt-a-67fa2f7c-f086-4d07-a19a-bfd65044417c.
sumário Revista Chamada Junho 2021

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