Ellen Page vira Elliot Page

Ellen Page, atriz de Hollywood, autodeclarou-se transexual e agora se chama Elliot. Em um comentário na Zeit Online, Wenke Husmann se espanta por essa notícia levantar tanta poeira. Afinal, nada de extraordinário teria acontecido, já que qualquer um pode determinar por conta própria sua identidade. Husmann lamenta que nas cabeças de tantas pessoas o sexo e a identidade sexual ainda sejam vistos como inalteráveis. Cumprindo seu dever, ele também não se refere mais a Page como mulher, mas como homem: “Ele ficou conhecido como atriz e agora comunica ser trans. O rebuliço em torno da notícia de Elliot Page diz muito sobre a nossa relação com a identidade de gênero”.[1] Pode-se também inverter o argumento e declarar que o comentário de Husmann em um grande jornal alemão diz muito sobre a nova relação das elites com a identidade de gênero.

A “loucura do gênero” (como a chamam os destemidos entre os críticos) – que tem dominado principalmente as elites culturais – passará, mas a destruição que ela deixará atrás de si será real. Essa foi a observação do jornalista Rod Dreher a respeito de um documentário transexual do canal de televisão HBO.[2]  O documentário mostra, por exemplo, como ativistas trans educam seus filhos para serem transexuais, queiram eles ou não. As imagens do extrato de um filme revelariam como um menino preferia continuar menino, queixando-se de que sua mãe estaria arruinando sua vida por forçá-lo ao ativismo LGBT, mas ela não leva isso em conta. E é isso que a sociedade ocidental festeja como sinal de progresso. O “controvertido” blogueiro católico Matt Walsh observa a respeito desse documentário televisivo pretensamente transfavorável: “Em uma sociedade sadia e equilibrada, esse vídeo levaria a polícia a arrombar a porta e a deter com algemas todos os adultos. Não vivemos em tal sociedade”.[3]  Historiadores e sociólogos como Philip Rieff já comentaram que todas as civilizações que, ao longo da história, não tinham mais uma base comum, um mito comum, acabaram sucumbindo. Com sua dispensa da base comum das leis da natureza, o Ocidente parece estar cavando sua própria sepultura. Todavia, quem ou o que se levantará das cinzas?

 

Notas

  1. Wenke Husmann, “Elliot verabschiedet sich von Ellen”, Zeit Online, 2 dez. 2020. Disponível em: https://www.zeit.de/kultur/film/2020-12/elliot-ellen-page-trans-geschlecht-identitaet?utm_referrer=https%3A%2F%2Fwww.google.com.br.
  2. Rod Dreher, “Submitting To Reality”, The American Conservative, 27 nov. 2020. Disponível em: https://www.theamericanconservative.com/dreher/sex-gender-transgender-submitting-to-reality-family/.
  3. Matt Walsh (@MattWalshBlog), Twitter, 23 nov. 2020, 8:44 a.m. Disponível em: https://twitter.com/MattWalshBlog/status/1330839605847990272.
sumário Revista Chamada Maio 2021

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