As renovações futuras de israel

Jeremias 31.31-40 nos apresenta diversas promessas importantes que Deus faz ao povo de Israel. Quais são elas?

Em Jeremias 31.31-40, podemos ver o Espírito Santo inspirando o profeta para nos mostrar o plano de Deus para Israel. O que salta claramente aos olhos é que Israel tem futuro. Não por si mesmo, mas proporcionado por Deus. É o Deus vivo que está operando.

Nesses versículos aparecem seis ações de Deus. Nove vezes aparece a expressão “diz o Senhor” ou “declara o Senhor” e, no texto hebraico original, o nome Yahweh é empregado doze vezes, sendo traduzido por “Senhor” na maioria das vezes. Abaixo, veremos as renovações futuras que são prometidas a Israel e à sua terra nesse texto bíblico.

Renovação espiritual

A nova aliança realiza essa renovação espiritual e pessoal: “Porei a minha lei no íntimo deles e a escreverei nos seus corações” (Jr 31.33b). Deus não escreve mais sua lei em placas de pedra mortas, externas (Êx 31.18), mas em placas de carne internas, vivas do coração. Essa é a obra do Espírito Santo por ocasião da conversão da pessoa.

O profeta Ezequiel também descreveu esse procedimento: “Darei a vocês um coração novo e porei um espírito novo em vocês; tirarei de vocês o coração de pedra e, em troca, darei um coração de carne. Porei o meu Espírito em vocês e os levarei a agir segundo os meus decretos e a obedecer fielmente às minhas leis” (Ez 36.26-27).

Paulo apresenta a mesma verdade em 2Coríntios 3.3: “Vocês demonstram que são uma carta de Cristo, resultado do nosso ministério, escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo; não em tábuas de pedra, mas em tábuas de corações humanos”. E ele complementa: “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!” (2Co 5.17). Que acontecimento maravilhoso será quando se cumprirem as palavras de Romanos 11.26: “E assim todo o Israel será salvo...”!

Renovação nacional

No versículo 33c de Jeremias 31, Deus anuncia: “Serei o Deus deles, e eles serão o meu povo”. Como já foi mencionado, a identidade nacional de Israel foi preservada por Deus apesar de séculos de dispersão.

O versículo 34 demonstra que essa renovação nacional acontecerá somente no início do reino milenar: “‘Ninguém mais ensinará ao seu próximo nem ao seu irmão, dizendo: “Conheça ao Senhor”, porque todos eles me conhecerão, desde o menor até o maior’, diz o Senhor”.

Por que não haverá mais necessidade de evangelizar? A evangelização não será mais necessária porque Jesus Cristo estará visível para todos, reinando em Jerusalém!

O profeta Ezequiel apontou para a mesma verdade. De acordo com o teólogo Roger Liebi, uma espécie de refrão é repetida 77 vezes até o capítulo 39 do livro de Ezequiel. Esse refrão diz: “Então vocês saberão que eu sou o Senhor” (p. ex. Ez 11.10). A partir do capítulo 40, no entanto, esse refrão não aparece mais nenhuma vez.1 Por quê? Porque nos capítulos 40–48 vemos as descrições do templo e do Israel renovado, que se alegra com a presença do Senhor em Jerusalém. Então todos conhecerão o Senhor! Que maravilhosa renovação nacional!

Renovação jurídica

No entanto, a questão da culpa também pertence à renovação nacional. Israel tornou-se culpado diante de Deus em diversas ocasiões, o que infelizmente continua fazendo atualmente. Por isso Deus acusa o seu povo: “Por que você grita por causa do seu ferimento, por sua ferida incurável? Fiz essas coisas a você porque é grande a sua iniquidade e numerosos são os seus pecados” (Jr 30.15).

Por mais terrível que seja o som dessas palavras, isso não muda em nada o fato de que a tribulação de sete anos, a angústia para Jacó, será primeiramente o juízo de Deus para o Israel incrédulo. A questão da culpa ainda precisa ser esclarecida. Todavia, como será possível que Israel, em sua situação pecaminosa, possa comparecer na presença do Santo Deus?

Isso será possível somente porque Jesus Cristo pagou toda a culpa na cruz do Gólgota por Israel – e por você e por mim. Ele, que é sem pecado, que não conhecia pecado algum, “foi traspassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados” (Is 53.5).

“Deus o ofereceu como sacrifício para propiciação mediante a fé, pelo seu sangue, demonstrando a sua justiça. Em sua tolerância, havia deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; mas, no presente, demonstrou a sua justiça, a fim de ser justo e justificador daquele que tem fé em Jesus” (Rm 3.25-26).

O próprio Deus sentou-se no banco dos réus, aceitou a justa sentença de condenação e pagou o imensurável castigo! Somente nessa base é possível compreender o trecho de Jeremias 31.34: “Porque eu lhes perdoarei a maldade e não me lembrarei mais dos seus pecados”. Deus não age de acordo com o lema “Isso não é tão grave. Esqueça!”. Não, para a culpa é necessário haver penitência!

Renovação topográfica

Vimos que haverá, através da nova aliança, uma renovação pessoal, nacional e jurídica do povo de Israel. Como, porém, está a situação da terra? O povo voltará a morar em eretz Israel e terá a posse de Jerusalém?

Jeremias escreveu a esse respeito: “‘Estão chegando os dias’, declara o Senhor, ‘em que esta cidade será reconstruída para o Senhor, desde a torre de Hananeel até a porta da Esquina. A corda de medir será estendida diretamente até a colina de Garebe, indo na direção de Goa. Todo o vale, onde cadáveres e cinzas são jogados, e todos os terraços que dão para o vale do Cedrom a leste, até a esquina da porta dos Cavalos, serão consagrados ao Senhor. A cidade nunca mais será arrasada ou destruída’” (Jr 31.38-40).

Nessa passagem está descrita a topografia da Nova Jerusalém bem como a sua finalidade e o seu futuro. As condições aqui referidas até agora ainda não ocorreram na história de Israel.

O historiador e arqueólogo Eric H. Cline disse: “Nenhuma outra cidade, no decorrer de sua história, foi tão amargamente combatida como Jerusalém”. Cline contou “pelo menos 118 conflitos em e por Jerusalém durante os últimos quatro milênios”. Ele calculou, ainda, que Jerusalém foi completamente destruída pelo menos duas vezes, vinte e três vezes sitiada, quarenta e quatro vezes conquistada e cinquenta e duas vezes atacada.2

Sob essa luz talvez possamos compreender melhor a extensão dessa última afirmação da passagem estudada: Jerusalém “nunca mais será arrasada ou destruída” (v. 40).

A evangelização não será mais necessária porque Jesus Cristo estará visível para todos, reinando em Jerusalém.

Além disso, Jeremias profetizou que “esta cidade será reconstruída para o Senhor” e consagrada a ele. O cumprimento literal dessa predição será vivenciado por Israel no reino milenar. Jerusalém terá drásticas mudanças topográficas – provavelmente causadas por movimentos tectônicos. O profeta Zacarias descreveu essas mudanças da seguinte maneira: “A terra toda, desde Geba até Rimom, ao sul de Jerusalém, será semelhante à Arabá. Mas Jerusalém será restabelecida e permanecerá em seu lugar, desde a porta de Benjamim até o lugar da primeira porta, até a porta da Esquina, e desde a torre de Hananeel até os tanques de prensar uvas do rei” (Zc 14.10).

Um novo platô também deverá ser construído para que o templo do reino milenar, que terá um 1,5 quilômetro quadrado, possa ser construído sobre ele.

Qual é a finalidade do templo? Será a morada pessoal de Jesus Cristo, o Príncipe da Paz! Por isso Jerusalém receberá um novo nome: “E, daquele momento em diante, o nome da cidade será, ‘O Senhor está aqui’” (Ez 48.35b).

Certeza da renovação

A nova aliança, a restauração pessoal, nacional e jurídica... Sim, todas essas são promessas maravilhosas, quase inacreditáveis, para Israel.

No entanto, diante da injustiça praticada pelo povo e diante do iminente juízo de Deus, alguns talvez se perguntam: “Como posso ter certeza de que tudo isso vai acontecer e que Israel não irá desaparecer?”. Os versículos 35-37 abordam justamente isso. Aqui está finalmente a resposta concreta sobre quando Israel sucumbirá:

“Assim diz o Senhor, aquele que designou o sol para brilhar de dia, que decretou que a lua e as estrelas brilhem de noite, que agita o mar para que as suas ondas rujam; o seu nome é o Senhor dos Exércitos: ‘Somente se esses decretos desaparecerem de diante de mim’, declara o Senhor, ‘deixarão os descendentes de Israel de ser uma nação diante de mim para sempre’. Assim diz o Senhor: ‘Se os céus em cima puderem ser medidos, e os alicerces da terra embaixo puderem ser sondados, então eu rejeitarei os descendentes de Israel, por causa de tudo o que eles têm feito’, diz o Senhor.”

Talvez o empreendimento mais simples de todos esses casos impossíveis seria modificar a lua: durante as seis missões do Programa Apollo, da NASA, os astronautas trouxeram um total de 382 quilos de rochas lunares. Quanto tempo demandaria para que a lua inteira fosse removida? Para uma massa total de 7,349 x 1022 quilos, bastante tempo.

O único que estaria em condições de alterar a situação planetária e galáctica seria o próprio Criador. No entanto, “os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis” (Rm 11.29). Portanto, o futuro de Israel é absolutamente seguro!

Para convencer o último cético de que Israel nunca desaparecerá – nem pode desaparecer –, Jeremias confirma mais duas vezes essa afirmação ao final do seu “livro da consolação” (cf. 33.19-26). Isso não é comovente?

Com base nessa maravilhosa certeza, Paulo constatou: “Pergunto, pois: Acaso Deus rejeitou o seu povo? De maneira nenhuma!” (Rm 11.1). Acerca da expressão “De maneira nenhuma!”, o professor bíblico John MacArthur escreve: “... essa é a expressão idiomática mais forte em grego para rejeitar uma afirmação, e contém um sentido de indignação de que ninguém poderia sequer pensar que a afirmação fosse verdadeira”.3

Todas essas promessas serão cumpridas com certeza. Israel não vai desaparecer!

Do mesmo modo, também nós, filhos de Deus renascidos, podemos saber que Jesus Cristo com toda a certeza levará a nossa vida ao alvo (cf. Fp 1.6). Também podemos estar certos de que “Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam” (Rm 8.28) e que nada “na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8.39).

Se você ainda não é um filho ou uma filha de Deus, então confie agora a sua vida a Jesus Cristo. Ele também deseja perdoar a sua culpa e não lembrar mais do seu pecado.

Os dez versículos de Jeremias 31 que comentamos aqui pertencem entre os mais belos de todo o Antigo Testamento. Eles apresentam fortes argumentos para mostrar que, mesmo em tempos de maiores dificuldades e temores, Israel está firme nas mãos de Deus.

Fredy Peter

Notas

  1. Roger Liebi, Ezequiel (Porto Alegre: Chamada, 2016), p. 39.
  2. Eric H. Cline, Jerusalem Besieged: From Ancient Canaan to Modern Israel (Ann Arbor, MI: University of Michigan Press, 2004), p. 2.
  3. John MacArthur, Bíblia de Estudo MacArthur (Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2010), p. 1502.

Trecho extraído do livro Deus, Israel e Jerusalém, disponível em loja.chamada.com.br

Fredy Peter é responsável pelo trabalho de relações públicas e publicações da Chamada na Suíça.

sumário Revista Chamada Fevereiro 2021

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