O Novo Universo

“Pois vejam! Criarei novos céus e nova terra, e as coisas assadas não serão lembradas. Jamais virão à mente!”

René Malgo

“Pois vejam! Criarei novos céus e nova terra, e as coisas passadas não serão lembradas. Jamais virão à mente!”
(Is 65.17)

“Todavia, de acordo com a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, onde habita a justiça.”
(2Pe 3.13)

“Então vi novos céus e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham passado...”
(Ap 21.1)

Os dois primeiros capítulos da Bíblia começam com as palavras: “No princípio Deus criou os céus e a terra” (Gn 1.1) e descrevem como Deus criou o universo. Seu centro era o jardim do Éden com a “árvore da vida” (Gn 2.9), onde Deus mesmo mantinha comunhão direta com os seres humanos que criara (cf. Gn 3.8). Este era literalmente o paraíso na terra. – Esse foi o começo.

Como será o fim? Os dois últimos capítulos da Bíblia começam com as palavras “Então vi novos céus e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham passado...” (Ap 21.1) e descrevem como Deus criará um novo universo. Nele, o centro será a nova Jerusalém com a “árvore da vida” (Ap 22.2), em que Deus mesmo manterá comunhão direta com os humanos que ele terá redimido (Ap 21.3-4). Isto será literalmente o paraíso na terra.

A Bíblia começa com o paraíso. A Bíblia termina com o paraíso. A Bíblia começa com a criação dos céus e da terra. A Bíblia termina com a criação de novos céus e de uma nova terra.

Já no terceiro capítulo da Bíblia lemos que o paraíso se perdeu porque o primeiro homem, Adão, pecou. Por meio dele, a humanidade foi excluída do paraíso, da árvore da vida e da comunhão direta com Deus (Gn 3; Rm 5.12-21). No entanto, no quarto e no terceiro capítulos finais da Bíblia vemos como o último homem, Jesus Cristo, julgará os pecadores e o causador do pecado, e restaurará o paraíso. Por meio dele, a humanidade pode receber um novo acesso ao paraíso, à árvore da vida e à comunhão direta com Deus (Ap 19–20; Rm 5.12-21).

Desde a queda no pecado, a Criação está sob maldição (Gn 3.17). O apóstolo Paulo revela que a atual Criação “aguarda, com grande expectativa”, e espera “que os filhos de Deus sejam revelados” (Rm 8.19). Ele constata que “toda a natureza criada geme até agora, como em dores de parto” (Rm 8.22). A Criação maldita aguarda ansiosamente ser finalmente libertada da maligna influência do pecado, para ser dominada pelos filhos de Deus (Rm 8.20-21). Ela padece dores de parto e aguarda o seu renascimento, “quando o Filho do homem se assentar em seu trono glorioso” (Mt 19.28). Ela aguarda o momento em que “o Deus dos céus estabelecerá um reino que jamais será destruído e que nunca será dominado por nenhum outro povo” (Dn 2.44). Encontramos a descrição do definitivo cumprimento desse anseio nos dois últimos capítulos da Bíblia.

Uma nova criação

O apóstolo Pedro declara: “Todavia, de acordo com a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, onde habita a justiça” (2Pe 3.13). Nosso alvo não é o céu atual, no qual entraremos quando morrermos (cf. Fp 1.23), mas um novo universo. Encontramos a respectiva promessa no Antigo Testamento, onde o Senhor promete por meio do profeta Isaías: “Pois vejam! Criarei novos céus e nova terra, e as coisas passadas não serão lembradas. Jamais virão à mente!” (Is 65.17).

É isso o que a Criação aguarda em sua ansiosa expectativa. Pelo que consta, o cumprimento dessa promessa será tão grandioso que, quando ocorrer, o estado anterior não será mais lembrado. Por isso, Paulo pôde dizer – mesmo diante das piores situações que alguém possa ter de enfrentar hoje – que “os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada” (Rm 8.18).

Quando essa glória vindoura dos novos céus e da nova terra foi mostrada ao apóstolo João em Apocalipse, ele parece ter ficado tão empolgado que Deus mesmo teve de lembrá-lo da sua missão: “Escreva isto, pois estas palavras são verdadeiras e dignas de confiança” (Ap 21.5b). Após o término da visão do novo universo, Deus o confirmou mais uma vez: “Estas palavras são dignas de confiança e verdadeiras” (Ap 22.6). Duas vezes o Todo-Poderoso enfatiza: “Estou falando sério: cumpro minhas promessas. Os novos céus e a nova terra certamente virão do modo como revelei”.

Assim como Deus criou o universo no princípio dos tempos, ele criará um novo universo no fim dos tempos. Assim como “o mundo original” foi aniquilado pela água do Dilúvio, “os céus e a terra que agora existem” serão aniquilados por fogo, conforme declara o apóstolo Pedro (2Pe 3.6-7,10-12). E tal como a fênix ressurge das cinzas, ressurgirá um novo universo desse que terá sido queimado pelo fogo. Essa é a glória futura que esperamos. Este é o paraíso pelo qual ansiamos.

A beleza da Criação antiga que hoje apreciamos será ainda mais gloriosa na nova criação. Nós – e conosco toda a Criação antiga – aguardamos o paraíso, e não apenas de forma recuperada, mas nova e melhor. Randy Alcorn expressa isso assim: “O jardim do Éden representa a ausência de maldição; a nova terra representará a presença de todas as bênçãos”.

Tal como a fênix ressurge das cinzas, ressurgirá um novo universo desse que terá sido queimado pelo fogo.

A glória eterna será maravilhosa acima de qualquer imaginação. A nova realidade que Deus criará não será mais tediosa, erma ou sem graça do que o universo atual. Será ainda mais grandiosa! Quando Deus cria algo novo, isso é melhor, muito melhor. A nova aliança é melhor que a antiga. Sim, a nova terra da nova criação será mais estimulante, variada, bela, pitoresca, maravilhosa, grandiosa e interessante que a terra que conhecemos agora.

Um novo centro

Embora Deus seja sempre o Senhor soberano sobre tudo, no momento o Diabo ainda tem a concessão de domínio sobre a terra caída (cf. Mt 4.8; Ef 6.12). O mundo dança pela música dele (Ef 2.2). Isso mudará! Jesus Cristo, o “REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES”, colocará seu pé sobre esta (velha) terra com grande poder e glória (Ap 19.16). Ele assumirá o domínio e mandará prender Satanás e seus demônios por mil anos (Ap 20.2-3). Durante esse período, Jesus Cristo governará nesta terra em Israel como rei dos judeus, como Moisés e os profetas prometeram (cf. Dt 30.1-10; Is 2.1-5). Assim, por exemplo, previu o profeta Daniel no Antigo Testamento: “Ele recebeu autoridade, glória e o reino; todos os povos, nações e homens de todas as línguas o adoraram. Seu domínio é um domínio eterno que não acabará, e seu reino jamais será destruído” (Dn 7.14; cf. 2.44). Este é o início do renascimento, “quando o Filho do homem se assentar em seu trono glorioso” (Mt 19.28). A Criação, que anseia suspirando, recebe aqui o que esperava – mas apenas em parte. O pecado ainda continua presente apesar do domínio de Jesus Cristo e da ausência de Satanás e dos seus poderes tenebrosos, e as pessoas ainda continuam precisando morrer (cf. Is 65.20). O poder avassalador do pecado se revelará quando o Diabo for solto depois de mil anos e muitos homens das nações, cujo “número é como a areia do mar”, serão seduzidos para uma última rebelião (Ap 20.7-8). Deus, porém, aniquilará essa rebelião com fogo dos céus (Ap 20.9).

Quando virem face a face o Cordeiro de Deus com as cicatrizes em seu corpo ressurreto, as pessoas serão lembradas dessa verdade mesmo no novo universo.

Tal acontecimento desembocará no juízo final diante do grande trono branco de Deus. Então Jesus Cristo terá removido definitivamente todo “domínio, toda autoridade e todo poder” (1Co 15.24). O Diabo, seus demônios e todos os inimigos de Deus serão “lançado[s] no lago de fogo que arde com enxofre, onde... serão atormentados dia e noite, para todo o sempre (Ap 20.10; cf. v. 11-15). E “o último inimigo a ser destruído é a morte” (1Co 15.26). Assim, tudo estará submisso aos pés de Jesus (1Co 15.27). “Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai” (Fp 2.10-11). Com isso terá chegado o fim, no qual o Senhor Jesus “entregar[á] o Reino a Deus, o Pai” (1Co 15.24), a fim de reinar com ele na eternidade e por toda a eternidade. Então Deus Pai criará novos céus e uma nova terra, “onde habita[rá] a justiça”: um novo universo sem pecado, sem Diabo, sem demônios. O renascimento estará completo, as dores de parto da antiga Criação terão passado definitivamente.

O antigo universo purificado pelo fogo dá lugar a um novo universo, purificado do pecado. A ardente expectativa da antiga Criação se cumprirá plenamente. Então tudo estará sujeito a Deus, a fim de que “Deus seja tudo em todos” (1Co 15.28). O Reino “que jamais será destruído” e que se iniciou na terra pecadora com o reino milenar terá atingido na eternidade sem pecado seu estado definitivo (cf. Dn 2.44).

Esse eterno reino celestial no novo universo terá um centro acima de tudo o mais – “o Senhor Deus todo-poderoso e o Cordeiro” (Ap 21.22). O apóstolo João fornece sobre isso uma das descrições mais maravilhosas de toda a Bíblia: “Vi a Cidade Santa, a nova Jerusalém, que descia dos céus, da parte de Deus, preparada como uma noiva adornada para o seu marido. Ouvi uma forte voz que vinha do trono e dizia: ‘Agora o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos; o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus. Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou’” (Ap 21.2-4).

O novo universo se caracterizará pela habitação de Deus com os homens (Ap 21.3-4). Eles até “verão a sua face” (Ap 22.4; cf. 1Jo 3.2). Assim como Deus andava pelo jardim do Éden com Adão e Eva, os homens poderão viver e andar na nova terra com Deus! Deus terá seu trono de glória na nova metrópole do novo universo, descida dos céus. Essa capital da nova terra também será chamada de “noiva, a esposa do Cordeiro” ou “Cidade Santa, Jerusalém” (Ap 21.9-10). Esta é provavelmente a casa do Pai, na qual haverá “muitos aposentos” (Jo 14.2). Trata-se, portanto, da morada de Deus, da Sião celestial (cf. Hb 12.22) que descerá sobre a nova terra (Ap 21.2,10). No novo universo, o céu literalmente estará sobre a terra.

Apocalipse 21–22 citam várias vezes o Cordeiro, Jesus. A ele pertence a nova Jerusalém (Ap 21.9). Ele é o templo da cidade junto com o Pai (21.22). Ele está assentado com o Pai sobre o trono e reina (22.3). Por toda a eternidade, o Cordeiro será o centro do novo universo – o Cordeiro “que parecia ter estado morto” (Ap 5.6). Com isso se sublinha tratar-se de Jesus Cristo, “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1.29). Não é casual que aqui o Rei dos reis seja chamado de Cordeiro. João 20.27 nos informa que o corpo ressurreto de Jesus Cristo possui as cicatrizes da crucificação. Teria sido fácil para Deus conferir-lhe um corpo glorioso isento de feridas, mas foi com esse corpo que Jesus subiu ao céu. Por quê? Com isso, os redimidos de Deus serão lembrados para sempre, “de eternidade a eternidade”, da razão por que podem gozar essa eterna glória do novo universo.

Foi por amor que Deus enviou seu Filho à terra há dois mil anos, o qual humilhou a si mesmo e morreu na cruz pelos pecados do mundo (Fp 2.6-8). Ele suportou voluntariamente o castigo de Deus pelos pecadores para que estes, crendo, fossem reconciliados com o sacrossanto Deus por meio da sua morte, sendo justificados por seu sangue derramado e tendo recebido a vida eterna por sua ressurreição (Rm 4.25; 5.9-10). Quando virem face a face o Cordeiro de Deus com as cicatrizes em seu corpo ressurreto, as pessoas serão lembradas dessa verdade mesmo no novo universo.

Deus Pai e o Cordeiro sobre o trono da glória na nova metrópole da nova terra serão o incontestável centro do novo universo. O domínio não será mais do poder do pecado, mas do poder do Altíssimo.

No novo universo haverá hierarquias, riquezas, atividades, cultura, comida e trabalho – e tudo isso durará para sempre.

Um novo estado

Como se apresentará o novo universo em que Deus mesmo viverá com os homens? Primeiro, a notícia assustadora: em algum lugar haverá um “fora” (Ap 22.15), em que estarão os “cães”, os covardes, os descrentes, os contaminados com abominações, os homicidas, promíscuos, feiticeiros, idólatras e todos os mentirosos (Ap 21.8,27; 22.15). Apocalipse 21.8 chama esse lugar de lago de fogo. Essa gente não terá acesso ao novo universo e de modo nenhum à nova Jerusalém (Ap 21.27; 22.15). Portanto, em algum lugar existirá o local do castigo eterno.

É evidente que no novo universo só viverão redimidos, cujos pecados tenham sido lavados pelo sangue de Jesus e que tenham sido pagos por sua morte na cruz, até porque não existe ninguém que já não tenha sido flagrado como mentiroso, covarde ou – ao menos intimamente – como assassino, promíscuo ou idólatra. No novo universo não haverá ateus, agnósticos, budistas e muçulmanos, nem judeus ou “cristãos” que tenham rejeitado Jesus como Senhor. No novo universo só se encontrará gente reconciliada com Deus pela fé em Jesus Cristo, declarada justa e santa.

Entre outras coisas, isto significa que os habitantes do novo universo não enfrentarão gente malvada. Na nova terra, quem falar com outra pessoa não precisará temer que seu interlocutor minta para ele. Não haverá discussões sobre justiça e injustiça e ninguém colocará algo acima da adoração e da honra de Deus. Ninguém defraudará outro. Ninguém fará, dirá ou pensará nada de maligno. Ninguém terá conflitos com outros. Ninguém mais odiará alguém.

A relaão entre o reino milenar e o novo universo

“Já não haverá maldição nenhuma” (Ap 22.3a). A maldição do pecado que repousa sobre a nossa atual antiga Criação não existirá mais nos novos céus e nova terra. Nada se quebrará, estragará ou decomporá. Nenhuma maldição – nenhum pecado. Nenhum pecado – nenhuma morte. Nenhuma morte – nenhuma decomposição. As condições serão perfeitas. A nova criação do novo universo será eterna e perfeita. Não haverá lágrimas, nem morte, nem luto, nem gritaria (brigas, bravatas etc.) e nenhuma dor (ferimentos, feridas etc.) (Ap 21.3-4). Não haverá mais noite e o sol e a lua não serão mais necessários porque Deus mesmo será a fonte pulsante de luz e vida da nova terra (Ap 21.22-24).

Segundo Apocalipse 21.3, haverá gente vivendo nessa nova e perfeita criação – a propósito, junto com os anjos (v. 12). Portanto, fala-se aqui de gente, não de almas ou espíritos. O que é o homem? Uma unidade composta de corpo, alma e espírito (1Ts 5.23; cf. Pv 20.27; Rm 8.10; 1Co 5.3; 7.34).

Pessoas reais com corpos reais viverão na nova criação. Os crentes em Cristo têm a esperança de um dia ressuscitar livres do pecado (1Co 15; 1Ts 4.13-18). Todos os redimidos receberão corpos ressurretos livres do pecado: os “corpos humilhados” de cada crente serão convertidos “semelhantes ao seu corpo glorioso” (Fp 3.20-21). Por quê? Porque um dia os redimidos viverão em corpos ressurretos perfeitos num universo recriado e perfeito com seu Senhor ressurreto e perfeito sob condições perfeitas!

O profeta Daniel revela que as pessoas ressuscitarão, umas “para a vida eterna” e outras “para a vergonha, para o desprezo eterno” (Dn 12.2-3). Uns receberão corpos ressurretos para a condenação eterna, outros para o paraíso eterno. Na nova terra viverão pessoas redimidas, ressurretas e glorificadas. Serão então como os anjos de Deus no céu (Mt 22.30). E de forma tão variada e diferenciada como Deus criou os homens, tão variados e diferenciados eles serão em seu estado glorificado quando tiverem a “imagem do homem celestial” (1Co 15.49), possuindo corpos espirituais ou celestiais, porque a ressurreição dos redimidos não significa uma padronização de todos os redimidos, mas uma transformação individual e a glorificação de cada redimido individualmente (1Co 15.35-49). Tal como Jesus tem um corpo ressurreto individual, no qual seus ferimentos ainda estarão visíveis (Jo 20.27), assim também os redimidos receberão um corpo ressurreto individual (Fp 3.20-21).

Essas pessoas redimidas no novo universo serão o povo de Deus (Ap 21.3). Algumas traduções também dizem “povos”. Depende do tradutor que variante ele considera mais exata, porque o contexto geral de Apocalipse 21–22 admite perfeitamente a leitura “povos”: Apocalipse 21.12 menciona as “doze tribos de Israel” e os versículos 24 e 26 falam de “nações” ou “povos gentios” (no plural). É como se, mesmo no eterno novo universo, ainda haverá distinção entre Israel e as nações. Por isso também não deixa de fazer sentido supor que na nova terra ainda haverá diversos povos, todos servindo ao mesmo Deus. Por que não levar avante a linha que começou no reino milenar na terra pecadora? Na eternidade, porém, ela será isenta de pecado!

Quem disse que no novo universo Deus abrirá mão da variedade? Nenhum ser humano é igual a outro. Nenhum redimido é igual a outro. Somos todos membros diferentes com tarefas, nacionalidades e caracteres diferentes no mesmo corpo, o corpo de Cristo. A glorificação do nosso próprio corpo não apagará nosso caráter, mas nossa debilidade e pecaminosidade. Paulo declara que “de um só fez ele [Deus] todos os povos, para que povoassem toda a terra...” (At 17.26). Os homens consistem de um mesmo sangue. Não existem etnias superiores ou inferiores, e mesmo assim Deus fez de um mesmo sangue diversas nações. Haverá algo que deponha contra a existência dessa variedade também na nova criação?

Segundo Apocalipse 21.24, as nações andarão – portanto haverá movimento no novo universo. Os reis da terra levarão sua glória e riqueza para a nova Jerusalém. Portanto, haverá entrada e saída na nova capital. Além disso, por um lado os habitantes do novo universo servirão a Deus (Ap 22.3) e, por outro, “reinarão para todo o sempre” com ele (Ap 22.5). Consta que também poderão comer (Ap 22.2; cf. Ap 19.9; Mt 26.29).

Um dia os redimidos viverão em corpos ressurretos perfeitos num universo recriado e perfeito com seu Senhor ressurreto e perfeito sob condições perfeitas!

Seja o que for que tudo isso signifique, podemos ter certeza do seguinte: no novo universo haverá hierarquias, riquezas, atividades, cultura, comida e trabalho – e tudo isso durará para sempre. O profeta Daniel confirma para os redimidos – e provavelmente ele se refere a todos os redimidos de todas as eras: “Mas os santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para sempre; sim, para todo o sempre” (Dn 7.18). Quando o Senhor Jesus diz que deveríamos juntar para nós tesouros no céu (Mt 6.20), que muitos vindos do oriente e do ocidente se sentarão à mesa no reino dos céus com Abraão, Isaque e Jacó (Mt 8.11) e que o servo fiel será colocado acima de muitos (Mt 25.21), podemos perfeitamente tomar isso de forma literal (cf. 2Co 5.10). Sem dúvida o novo universo será o lugar em que haverá vida em abundância (cf. Jo 10.10), será o lugar em que Deus “mostrar[á], nas eras que hão de vir, a incomparável riqueza de sua graça, demonstrada em sua bondade para conosco em Cristo Jesus” (Ef 2.7) e isso “para todo o sempre” (Ap 22.5).

Deus, o Todo-Poderoso

Aquele que é “o Princípio e o Fim” promete: “Estou fazendo novas todas as coisas!... estas palavras são verdadeiras e dignas de confiança” (Ap 21.5). Você aguarda com alegria que Deus renovará tudo? Você crê que haverá novos céus e nova terra? Você crê que aquilo será melhor do que tudo o que possamos imaginar agora?

O rei Davi sabia alguma coisa sobre a vida na presença de Deus e disse: “Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria plena da tua presença, eterno prazer à tua direita” (Sl 16.11). O que nos espera é a vida, e esta em abundância. O Senhor já prometeu isso há milhares de anos. E “o Senhor não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Ao contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento” (2Pe 3.9).

Essa longanimidade, paciência, amor e misericórdia de Deus também se manifestam nos últimos dois capítulos da Bíblia. Deus não quer lotar de gente o lugar da condenação, mas povoar o paraíso reconstituído com pessoas como você e eu. Deus propõe uma oferta incrivelmente generosa: “A quem tiver sede, darei de beber gratuitamente da fonte da água da vida” (Ap 21.6b). Aqui vemos o indescritível amor e a glória de Deus. Sua oferta está firme. Jesus Cristo realizou na cruz do Gólgota tudo para você, assegurando plenamente a redenção. Tomar gratuitamente da água da vida significa que, por mais que possamos ser culpados diante de Deus, podemos agora comparecer diante dele plenamente justificados e sem culpa porque o Senhor Jesus já pagou na cruz por todos os nossos pecados. Podemos tomar gratuitamente da água da vida – por causa da transbordante graça de Deus e da fé no Senhor Jesus Cristo (Ef 2.1-10).

O ponto de inflexão mais importante da história é a cruz. A cruz é o lugar da substituição. Ali Cristo tomou sobre si a nossa injustiça pecaminosa e nossa inadequação ao novo universo para, em contrapartida, nos dar sua justiça e adequação perfeitas (Rm 5.15-19; 2Co 5.21). Na cruz se decide quem poderá se apossar das grandiosas promessas (Ef 3.6) e da eternidade na nova terra (Sl 37.29).

Você estará pronto quando o Senhor Jesus Cristo ressurreto retornar para cumprir todas as promessas? Você se alegra com essa expectativa? Ela lhe serve de estímulo para levar uma vida “de maneira santa e piedosa” (2Pe 3.11)? O seu Salvador lhe proporcionará uma glória que você não pode nem imaginar nas suas mais ousadas fantasias. E “aquele que dá testemunho destas coisas diz: ‘Sim, venho em breve!’”. Então nossa reação não pode ser outra, senão: “Amém. Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22.20).

René Malgo é encarregado do trabalho editorial das revistas da Chamada em alemão. Também é autor e coautor de diversos livros.

sumário Revista Chamada Janeiro 2021

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