Visitantes palestinos em Israel
O mundo inteiro fala no “muro” que Israel começou a construir em 2002. O correto seria o termo “barreira”, pois apenas em locais em que havia perigo para transeuntes israelenses foi de fato construído um muro. A fronteira entre Israel e a Cisjordânia mede quase 760 quilômetros. No entanto, diante da concepção vigente no exterior, não se trata de uma fronteira intransponível – a exemplo do que aconteceu na Alemanha no século passado. Quem já esteve no local sabe que, somente em Jerusalém, existem inúmeros pontos de passagem além dos postos oficiais em que diariamente palestinos atravessam a pé, entrando em Israel sem apresentar passaporte. Além disso, após passados quase 20 anos desde o início da construção, em muitos trajetos não há nem cerca – ou a cerca está danificada, de modo que apenas quem passa nos locais percebe as falhas da fronteira.
No verão de 2020, em meio ao período da pandemia, quando a Cisjordânia também lamentava pessoas infectadas e falecidas e quando houve maiores restrições para o fluxo na fronteira por motivos sanitários, podia-se encontrar grandes famílias palestinas usufruindo de praia, sol e mar em muitos balneários na costa do mar Mediterrâneo. Em vários pontos da cerca da fronteira chegavam carros de árabes-israelenses para buscar os “visitantes do dia” e levá-los às diversas praias. Quando a demanda cresceu, todos podiam observar, na internet, o rápido aumento dos preços para esse transporte. Uma coisa era certa: a qualquer momento o exército de Israel poderia proibir essa movimentação; no entanto, nada aconteceu. Tratava-se de um “fechar de olhos” para proporcionar às pessoas da Cisjordânia, nesse período tão difícil, um pouco de recuperação de forças e lazer junto ao mar. Muitos israelenses ficaram preocupados com aspectos de segurança – menos por motivo de terror, mas por causa do vírus.