Norbert Lieth

O Todo-Poderoso tem, antes de tudo, propósitos de redenção. Deus quer salvar, não julgar. Essa intenção amorosa de Deus se estende por toda a história, desde o início até sua consumação. E o eixo de tudo isso é Jesus Cristo.

Para mim, uma das facetas mais insignes da salvação é o fato de que Jesus se calou durante o seu julgamento. Ele não se justificou nem se defendeu. Na verdade, os homens é que deveriam justificar-se perante ele, mas ele aceitou ser acusado e se calou. Diante do sumo sacerdote, “Jesus permaneceu em silêncio” (Mt 26.63). Diante de Pilatos, “Jesus não respondeu nada, e Pilatos ficou impressionado” (Mc 15.5). Este é o cumprimento de Isaías 53.7: “Ele foi oprimido e afligido; e, contudo, não abriu a sua boca; como um cordeiro, foi levado para o matadouro; e, como uma ovelha que diante dos seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca”.

Por que Jesus se calou e não se defendeu? Por ser culpado sem ter culpa. Voluntariamente ele assumiu a nossa culpa e assim apresentou-se a si mesmo como culpado. Jesus experimentou o julgamento de Deus: cada condenação que deveria atingir os homens o atingiu. Este é o nosso valor para Deus! Em sua morte e ressurreição, Jesus eliminou tudo o que nos separa de Deus: o muro do pecado foi demolido. O véu se rasgou. A ira de Deus foi removida. Estabeleceu-se justiça eterna. Humanamente, temos a tendência de empurrar nossa culpa para os outros e buscar evasivas. O nosso Senhor, porém, fez o oposto. Ele assumiu a culpa de outros e depositou-a sobre si mesmo. Isso é graça. Não preciso justificar a culpa e o pecado; posso confessá-los, e a salvação, a glória, a honra e o poder de Deus são suficientes para perdoar.

Temos a tendência de empurrar nossa culpa para os outros e buscar evasivas. O nosso Senhor, porém, fez o oposto.

Você sabe o que significa graça? Não é apenas clemência, mas é Deus a nosso favor em tudo o que ele é. Podemos ver isso nos seguintes exemplos, que de modo nenhum propagam alguma graça barata, mas revelam a grandeza da salvação, da glória, da honra e do poder do nosso redentor:

Caim matou seu irmão, e Deus o protegeu. Noé se embriagou, mas era tido como piedoso. Abraão mentiu, mas Deus fez dele uma bênção. Sara riu das promessas de Deus, mas o Senhor cumpriu o que prometera. Ló contemporizou e Deus o declarou justo. Jacó era astuto, mas o Senhor o protegeu em todos os seus caminhos. Moisés era homicida, e Deus o escolheu como salvador do seu povo. Raabe era uma prostituta, mas o Senhor a salvou junto com toda a sua família. Davi foi traiçoeiro e malvado, mas Deus o perdoou. Salomão era filho de adultério, mas o Senhor lhe permitiu construir o templo como casa de Deus. Elias se cansou da vida, mas o Senhor o fortaleceu. Jeremias preferia não ter nascido, e Deus o usou. Jonas fugiu do Senhor, mas Deus o usou em favor de toda a cidade de Nínive. Zaqueu era um estelionatário, mas o Senhor foi à sua casa e o abençoou. Paulo perseguiu Jesus e os cristãos, e o Senhor lhe permitiu levar o evangelho à Europa.

Todos esses e ainda muitos outros passaram pelo educandário de Deus, mas foi a absoluta graça do Todo-Poderoso que os susteve, corrigiu e usou. Vemos aí como é grandiosa a obra redentora de Jesus, significativa para todos eles.

Ninguém precisa considerar-se por demais insignificante, incapaz, pecador, degenerado ou solitário. Jesus proveu uma redenção perfeita, completa e suficiente para todos. Isso valia ontem, vale hoje e também valerá amanhã. A grandeza do poder da redenção também se manifesta nos seguintes testemunhos de vida:

Um homem que pretendia suicidar-se foi salvo quando ouviu a palavra “shalom”. Um inspirado músico fracassou diante da questão do sentido da vida; então ele leu a Bíblia e hoje prega o evangelho. Alguém recebe um livrinho e, graças a isso, duas pessoas se convertem: ele e mais alguém. Uma mulher divorciada, para a qual tudo desmoronara, lê um livro, encontra a fé junto com seu ex-marido e ambos se casam novamente.

“Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre” (Hb 13.8). Maranata, vem, Senhor nosso!

Norbert Lieth é autor e conferencista internacional. Faz parte da liderança da Chamada na Suíça.

sumário Revista Chamada Abril 2020

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