Porque os progressistas são tão extremistas

Em artigo do jornal NZZ, o filósofo Alexander Grau observa: “Diante da derrocada das instituições tradicionais e das próprias tradições, a única instância que gera sentido e que resta para o indivíduo inseguro é apenas o seu próprio mundo de sentimentos. Assim, ele se submete a uma moral de complexidade inferior que lhe promete segurança, orientação e sentimentos positivos”. Dito em outras palavras: pelo fato da pós-modernidade, sem Deus, ter destruído toda a segurança, as pessoas caem novamente ao extremismo para adquirir segurança. “Dessa maneira a pessoa insegura de nossa época também defende as suas singelas convicções morais com grande agressividade. A unilateralidade torna-se uma virtude e a intolerância, no mandamento da hora”. Esse conceito “divide a sociedade, impede a comunicação e assume a posição de inquiridora do politicamente correto”. De acordo com a jornalista judaica Bari Weiss, esse procedimento também acontece no The New York Times. A mentalidade terrorista de seus antigos colegas a levou a jogar a toalha no jornal. Ela escreveu: “A verdade é que a curiosidade intelectual – sem falar na disposição de correr risco – atualmente é um peso para o Times. Por que apresentar algo que seja desconfortável para os nossos leitores, por que escrever algo ousado somente para torná-lo passível de um cansativo processo ideológico, se pudermos assegurar nossas vagas de trabalho (e ‘cliques’) e conseguirmos 4 000 opiniões publicando sobre ‘Por que Donald Trump é um perigo para nosso país e para o mundo todo?’? Por isso a autocensura tornou-se a norma”. Assim, ela foi chamada de “nazista” numa comunicação interna por não ter concordado com todo o acervo do pensamento progressivo.[1]

Nota

  1. Edmund Lee, “Bari Weiss Resigns From New York Times Opinion Post”, The New York Times, 14 jul. 2020. Disponível em: <https://www.nytimes.com/2020/07/14/business/media/bari-weiss-resignation-new-york-times.html>.
sumário Revista Chamada Novembro 2020

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