Quando soar a grande “aleluia”

Em nenhuma das cartas apostólicas aparece a “aleluia” mencionada no Antigo Testamento. O termo só retorna no final de Apocalipse. Isso aponta para uma profunda verdade da história sagrada.

Em Apocalipse 19, o céu irrompe em júbilo por ocasião do retorno do nosso Senhor em grande poder e glória: “Então ouvi algo semelhante ao som de uma grande multidão, como o estrondo de muitas águas e fortes trovões, que bradava: ‘Aleluia!, pois reina o Senhor, o Todo-poderoso!’” (v. 6).

Como foi que o nosso Senhor Jesus ensinou seus discípulos a orar? O teólogo Herbert Jantzen traduziu assim o Pai Nosso: “Nosso Pai, que está nos céus: santificado seja o teu nome. Venha o teu reino. Faça-se a tua vontade assim como é feita no céu também na terra” (Mt 6.9-10). Quando o nosso Senhor vier, terá chegado a hora. “Aleluia!, pois reina o Senhor, o Todo-poderoso!” Jesus, como Deus Filho, traz o reino divino à terra quando retornar.

Quando o Senhor Jesus celebrou a última Páscoa com seus discípulos e instituiu a ceia da nova aliança, ele cantou com eles um hino de louvor: “Depois de terem cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras” (Mt 26.30). Esse hino consistia dos chamados “Salmos do Hallel”, os salmos de aleluia (113–118). Assim, por exemplo, o Salmo 116.13 diz: “Erguerei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor”.

Nesse contexto, o Senhor Jesus também disse aos seus discípulos: “Eu digo que, de agora em diante, não beberei deste fruto da videira até aquele dia em que beberei o vinho novo com vocês no Reino de meu Pai” (Mt 26.29). Com isso ele assegurou que retornaria para estabelecer o reinado. Por esse motivo não soa nenhuma aleluia na igreja no período intermediário (ou seja, não o encontramos em nenhuma das cartas apostólicas). Somente no Apocalipse, que anuncia a Israel o seu reinado, o termo volta a ser cantado.

Na estreia do “Messiah” de Händel, o rei da Inglaterra e todos os presentes se levantaram ao soar a grande “aleluia”. E assim será na grande aleluia no final da história sagrada, quando o Senhor Jesus Cristo assumir o seu reinado. O mundo inteiro se levantará.

“Reis da terra e todas as nações, todos os governantes e juízes da terra, moços e moças, velhos e crianças. Louvem todos o nome do Senhor, pois somente o seu nome é exaltado; a sua majestade está acima da terra e dos céus. Ele concedeu poder ao seu povo e recebeu louvor de todos os seus fiéis, dos israelitas, povo a quem ele tanto ama. Aleluia!” (Sl 148.11-14).

O período da igreja entre a última ceia e o seu retorno terá sido superado e então o Senhor voltará a beber do fruto da videira, pois chegaram as bodas do Cordeiro.

Norbert Lieth é autor e conferencista internacional. Faz parte da liderança da Chamada na Suíça.

sumário Revista Chamada Abril 2020

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