A importância da oração

Vivemos tempos carentes de oração. A oração a Deus, especialmente a Cristo, não é bem-vista em público e muitas vezes é proibida. Embora se deseje apenas o melhor para o próximo e se ore por ele, aquilo não se enquadra mais na atual visão do mundo (ao contrário de muitas perversões, que são toleradas!). As neuropatias vão aumentando, os atos de desespero se acumulam e as clínicas psiquiátricas vão ficando lotadas. Muitos não querem orar, alguns talvez não o consigam. Mas o que fazer quando a oração é proibida àqueles que querem praticá-la? Não teríamos aí alcançado um grau talvez insuperável de alheamento de Deus?

Resposta:

No entanto, há um convite tão simples: “Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês!” (Tg 4.8), e “Entre vocês há alguém que está sofrendo? Que ele ore. Há alguém que se sente feliz? Que ele cante louvores (Tg 5.13).

O pastor e evangelista Axel Kühner escreve: “A oração é o maior recurso do homem, mas ela ocupa o menor espaço nos seus afazeres. A oração é o mais belo dever do crente, mas é cumprido da pior maneira. A oração é a forma mais simples de amor e dedicação, mas se transforma no problema mais complicado. Na oração, a porta para Deus se escancara para todos, mas poucos são os que de fato a atravessam. É muito mais fácil ser fiel no trabalho do que na oração. Cremos que a oração é o que provê maior eficácia, mas vivemos como se a nossa atuação é que seria o mais eficaz. A oração é o meio mais seguro de ter parte em todas as dádivas de Deus, mas em parte nenhuma somos tão inseguros como na vida de oração. Deus sabe do que precisamos antes que lhe peçamos, mas ele quer nos dar aquilo pelo que pedirmos”.

As passagens proféticas da Bíblia não deixam dúvidas de que o nosso mundo se afasta cada vez mais de Deus e que terminará em total anarquia e confusão. Em sua impiedade e falta de oração, a humanidade acabará voltando a orar, mas dirigindo-se ao alvo errado. Ela despencará numa idolatria inédita. Aqueles que não honram a Deus e não querem adorá-lo chegarão ao ponto de adorar a Satanás. A respeito disso, lemos o seguinte em Apocalipse 13.4,15: “Adoraram o dragão, que tinha dado autoridade à besta, e também adoraram a besta, dizendo: ‘Quem é como a besta? Quem pode guerrear contra ela?’ Foi-lhe dado poder para dar fôlego à imagem da primeira besta, de modo que ela podia falar e fazer que fossem mortos todos os que se recusassem a adorar a imagem”.

“A oração é o maior recurso do homem, mas ela ocupa o menor espaço nos seus afazeres.”

O profeta Daniel orava de modo muito especial. Sua comunhão de oração com três amigos judeus não só resultou no cancelamento de penas de morte já promulgadas, mas conseguiu mover de tal modo o braço de Deus que coisas profundamente ocultas vieram à luz. Quatro impérios em parte ainda futuros revelaram-se e a história dos povos foi exposta profeticamente até o retorno de Jesus e a iminência do reino de Deus na terra. Consta ali: “Daniel voltou para casa, contou o problema aos seus amigos Hananias, Misael e Azarias, e lhes pediu que rogassem ao Deus dos céus que tivesse misericórdia acerca desse mistério para que ele e seus amigos não fossem executados com os outros sábios da Babilônia. Então o mistério foi revelado a Daniel de noite, numa visão. Daniel louvou o Deus dos céus e disse: ‘[Deus] Revela coisas profundas e ocultas; conhece o que jaz nas trevas e a luz habita com ele. Eu te agradeço e louvo, ó Deus dos meus antepassados, tu me deste sabedoria e poder, e me revelaste o que te pedimos; revelaste-nos o sonho do rei’” (Dn 2.17-20,22-23).

Daniel 6 relata que nele habitava um espírito extraordinário e que Daniel superava de longe todos os demais. Três vezes ao dia ele regularmente orava ao seu Deus. Isso, porém, perturbou tanto os inimigos de Daniel e os que o invejavam que conseguiram com o rei a aprovação de um decreto proibindo qualquer oração a qualquer deus (exceto pedidos dirigidos ao rei). Ali se colocou a humanidade acima da divindade. Daniel, porém, não se impressionou com isso, mas continuou a orar como sempre fizera. Por causa disso, ele seria condenado à morte e lançado numa cova com leões. O Senhor, porém, o guardou milagrosamente. Se confiássemos mais no Deus Todo-poderoso e orássemos a ele em nome de Jesus, também experimentaríamos mais a sua grande e salvadora graça.

Em Daniel 9, o profeta lamenta a impiedade do seu povo, motivo pelo qual ele foi levado ao cativeiro babilônico. Entre outras coisas, ele diz o seguinte em sua oração a Deus: “Conforme está escrito na Lei de Moisés, toda essa desgraça nos atingiu, e ainda assim não temos buscado o favor do Senhor, o nosso Deus, afastando-nos de nossas maldades e obedecendo à tua verdade. O Senhor não hesitou em trazer desgraça sobre nós, pois o Senhor, o nosso Deus, é justo em tudo o que faz; ainda assim nós não lhe temos dado atenção” (v. 13-14). O próprio Senhor Jesus Cristo nos convida a orar, dizendo: “E eu farei o que vocês pedirem em meu nome, para que o Pai seja glorificado no Filho. O que vocês pedirem em meu nome, eu farei” (Jo 14.13-14).

Para quem ora, o trabalho torna-se fácil; e para quem trabalha, a oração flui facilmente do coração. Assim, orar e trabalhar formam uma unidade, um maravilhoso contexto de vida. “Orem no Espírito em todas as ocasiões, com toda oração e súplica; tendo isso em mente, estejam atentos e perseverem na oração por todos os santos” (Ef 6.18).

Norbert Lieth

Norbert Lieth é autor e conferencista internacional. Faz parte da liderança da Chamada na Suíça.

sumário Revista Chamada Julho 2020

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