Apresentador da Al-Jazeera elogia Israel
O primeiro Congresso Sionista, realizado no ano de 1897 na Basileia, Suíça, pode ser considerado como a hora do nascimento do movimento sionista organizado. Recentemente, o empreendimento para a elaboração de uma pátria nacional judaica recebeu uma inusitada homenagem.
O Estado Judeu, a obra visionária de Theodor Herzl, surgiu em 1896. Mesmo que a partir de 1880 já houve uma maior imigração de judeus na Terra Prometida, alguns anos depois ainda se falava da “construção de um assentamento judaico em Eretz [terra de] Israel”. Depois da Declaração de Balfour, em 1917, a expressão “uma pátria nacional soberana” estava na boca de todos. No entanto, mesmo durante todos esses anos, ainda houve muitas discussões entre os judeus sobre o como e o quê. O conceito sionista, com suas abordagens político-filosóficas diferenciadas, finalmente recebeu uma nova estrutura organizacional por meio do Congresso Sionista, mas que somente entrou numa nova fase por meio da fundação da organização Keren Hayesod, em Londres, a partir de 1920. Com as convocações, encabeçadas por Chaim Weizmann, repentinamente houve a participação concreta de judeus de todo o mundo para a edificação de um Estado judeu.
Justamente nesse país, a única nação caracteristicamente judia do mundo, e que naquela região geográfica representa a reconstrução de uma entidade estatal soberana, realizada após dois mil anos de exílio, a qual havia sido prometida para sempre por Deus a Abraão e seus descendentes (Gn 13.14-15), continua havendo divergências. O sionismo até foi classificado como “racismo” pelas Nações Unidas. Mesmo que essa resolução tenha sido revogada alguns anos mais tarde, muitos ainda mantêm esse posicionamento na memória. Às vezes fica a impressão de que não importa o que Israel faça ou deixe de fazer, ele sempre receberá o “cartão vermelho”. E nem é necessário que haja uma guerra: muito se ofendem pela simples presença de judeus. Muitos não consideram o que Israel já construiu e, quando o fazem, às vezes se ouve no mesmo momento que isso aconteceu e continua acontecendo às custas dos habitantes árabes da região.
Diante desse pano de fundo, o mundo árabe se opõe à criação de um Estado judeu desde o princípio. Muito tempo antes do Plano de Partilha da ONU, em 1947, ele já lutou contra os judeus estabelecidos no país. Assim, por ocasião da fundação do Estado de Israel, em 1948, cinco exércitos árabes vizinhos marcharam contra a jovem nação. (Curiosamente, Israel estava prestes a celebrar acordos de paz com dois de seus países vizinhos.) Com alguns países árabes junto ao golfo Pérsico, de posição moderada, Israel havia mantido contatos, mas sobre isso é oficialmente mantido silêncio.
Há alguns anos se ouve crescentemente dois posicionamentos no mundo árabe: uma voz que continua exigindo que Israel deixe de existir, e outra voz que exorta a aceitar Israel como um fato sólido no Oriente Médio, como a revista Chamada tem reportado continuamente. Frequentemente se ouve indivíduos que incentivam os próprios irmãos e irmãs árabes a reconhecerem Israel como um exemplo positivo. No entanto, um claro elogio ao Estado proferido por um árabe ainda continua sendo uma raridade.
Há alguns anos se ouve crescentemente dois posicionamentos no mundo árabe: uma voz que continua exigindo que Israel deixe de existir, e outra voz que exorta a aceitar Israel como um fato sólido no Oriente Médio.
Faisal al-Qassem, apresentador de TV sírio-britânico, é uma personalidade muito conhecida no mundo árabe, pois é um dos moderadores preferidos da emissora de notícias Al Jazeera, a qual, em 1996, promoveu a fundação do Qatar junto ao golfo Pérsico e que faz suas transmissões em árabe e em inglês a partir da capital, Doha. Essa emissora é conhecida por transmitir notícias unilaterais sobre Israel, o que provoca constantes escândalos. Desta vez, porém, foi o mencionado moderador do apreciado programa de debates “The Opposite Direction” [A direção oposta] quem gerou as manchetes. Esse homem é seguido por 5,5 milhões de pessoas em sua conta no Twitter. Na primavera desse ano pôde-se ler ali o seguinte comentário: “Se um árabe deseja xingar alguém, seu oponente normalmente é taxado de ‘sionista’, mesmo sabendo que o projeto de maior êxito da atualidade e do último século é o projeto sionista”. Essa frase foi algo impressionante, mas al-Qassem não se contentou apenas com ela, pois acrescentou: “Todos os projetos árabes falharam, principalmente o do nacionalismo árabe. Assim, antes de usarmos o termo ‘sionista’ como um xingamento, deveríamos observar aquilo que o sionismo já alcançou; então poderemos falar novamente do assunto”.
O moderador recebeu uma avalanche de críticas com as afirmações. Alguns não abriram mão de chama-lo de “servente do sionismo”. Um dia após a comunicação citada em seu Twitter, al-Qassem lançou uma pesquisa: “Quem é mais avançado, mais desenvolvido, mais democrático e mais bem-sucedido: Israel ou os regimes árabes?”. Redondos 82% das 6 168 pessoas que participaram da pesquisa optaram por Israel, o que deixa claro que al-Qassem não está sozinho em seu elogio para o êxito do empreendimento sionista.
Antje Naujoks