Haifa, julho de 2020

Provavelmente a palavra “perplexidade” é a que melhor descreve a situação em que o mundo se encontra desde o início da crise do coronavírus. Surgiram, e frequentemente surgem, supostos “especialistas” que externam sua opinião visando o melhor. No entanto, fica fácil emitir opiniões enquanto não estivermos com a responsabilidade de tomar decisões com consequências sérias. O coronavírus ainda continua sendo um grande desconhecido, e ninguém sabe exatamente o que finalmente o vencerá e quanto tempo levará para que isso aconteça.

A palavra “perplexidade” também aparece uma vez na Bíblia, curiosamente relacionada com o sermão de Jesus sobre o fim dos tempos, no monte das Oliveiras (Lc 21.25). Ali também se fala sobre eventos naturais e catástrofes, sobre os quais ninguém tem influência, nem mesmo o homem moderno, apesar de todos os seus progressos tecnológicos que alcançam o Universo. Tudo isso, porém, não ajuda o homem, pois este não consegue fazer nada perante as forças naturais da criação de Deus.

Continuamos lendo no versículo 26: “Os homens desmaiarão de terror, apreensivos com o que estará sobrevindo ao mundo; e os poderes celestes serão abalados”. Naturalmente essas descrições não apontam para a crise do coronavírus. No entanto, essa situação toda faz surgir um sentimento estranho, uma vez que aparentemente ninguém consegue dominar o cenário. (Especialmente porque ninguém consegue determinar por quanto tempo essa situação vai perdurar e quando novamente voltaremos à normalidade.)

O contexto atual trará consequências catastróficas, principalmente para a economia. Muitas áreas econômicas estão paralisadas e o desemprego adquiriu dimensões inimagináveis até em países antes financeiramente estáveis. Por quanto tempo as nações ainda conseguirão pagar os prometidos seguros-desemprego? Somos dominados pelo medo quando continuamos imaginando quais poderiam ser as consequências financeiras causadas pela quarentena devido à proliferação do coronavírus. Isso poderia realmente culminar numa crise mundial.

Numa crise, é natural que se busque um culpado, pois, quando não se encontram explicações aparentemente lógicas, necessariamente se lança mão de teorias da conspiração. Torna-se até interessante observar as diversas hipóteses contraditórias que deveriam elucidar a situação toda. No entanto, aparentemente ninguém dos sábios deste mundo se lembrou que Deus poderia estar por trás de tudo isso, para novamente tornar em loucura a sabedoria mundana, conforme mostra o exemplo de Isaías 44.25. As conquistas da humanidade na área científica são realmente impressionantes; todavia, a presente crise, causada por um vírus invisível a olho nu, novamente demonstrou a insuficiência e as limitações da humanidade.

Em Israel superou-se relativamente bem a crise do coronavírus. A taxa de óbitos entre os infectados está entre as mais baixas do mundo. Além disso, a crise do coronavírus teve ainda um efeito colateral positivo. Tudo indicava que haveria uma quarta rodada de eleições em Israel porque o último resultado novamente estava indefinido. Contudo, diante dos enormes problemas que atingem o país por causa da situação mundial, Benny Gantz (ministro da Defesa de Israel) determinou que os obstáculos que até então o separavam de Netanyahu seriam deixados de lado temporariamente, para que se possa enfim formar um governo capaz de se dedicar a solucionar a montanha de problemas que cresce ameaçadoramente. Ninguém consegue prever quanto tempo isso vai durar. Cabe-nos esperar e orar para que tudo se resolva para o bem de Israel

Com o olhar voltado para aquele que tem tudo sob controle, vos saúda cordialmente com Shalom, vosso

Fredi Winkler

Fredi Winkler é guia turístico em Israel e dirige, junto com a esposa, o Hotel Beth-Shalom, em Haifa, que é vinculado à missão da Chamada.

sumário Revista Chamada Julho 2020

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