Moisés pertencia à alta sociedade egípcia. Filho adotivo da filha do faraó, residia no palácio do homem mais poderoso do mundo. Então, quando decide ajudar seu povo (os hebreus), torna-se um assassino, fugindo e acabando como criador de ovelhas no assentamento de uma tribo no deserto, no meio de uma terra de ninguém (Êx 2; Hb 11.24-27). Uma queda dramática! Contudo, foi longe da sua posição, família e amigos que ele aprendeu que não é ele, mas Deus, quem guia a história. Purificado, humilde, presumivelmente livre de ambições, vaidade e magnificência própria, Moisés finalmente passou no teste depois de 40 anos – tão completamente que Deus precisou persuadi-lo para voltar aos trilhos (Êx 3). Naquele momento, Moisés possuía em mãos a ferramenta mais importante para a monumental tarefa de levar o povo de Israel para fora do Egito: uma profunda Econsciência de sua total dependência de Deus.

No artigo “O Tempo do Repouso Divino”, Rainer Wagner escreve: “Satanás (‘difamador’ em grego) acusou Deus de que a vida sob o seu governo não seria feliz e plena. Ele afirmou que Deus estaria impedindo o acesso do homem ao fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal por razões mesquinhas e egoístas (Gn 3.4-5). O homem deu ouvidos a Satanás e a consequência foi o drama do pecado e da morte que acompanha a humanidade desde a queda. No reino milenar, Deus demonstra como será bom viver sob o seu governo. Nessa dispensação ficará provado que Deus havia dado na criação a possibilidade de viver bem e com sentido nesta terra. [...] O reino milenar calará todos aqueles que consideram imperfeita a criação de Deus” (leia aqui). No milênio, o mundo inteiro reconhecerá a grandeza de Deus, sua graça, retidão e amor a todas as pessoas – assim como Moisés.

Acerca do amor de Deus, o fundador da Chamada, Wim Malgo, escreve: “O amor passa como um fio vermelho através de toda a Bíblia”. Com isso somos lembrados das palavras de Jesus: “Destes dois mandamentos [amar a Deus e os outros] dependem toda a Lei e os Profetas” (Mt 22.40). Porém, para ter esse amor que nos leva à completa dependência de Deus, precisamos estar prontos para servir – assim como Moisés. “Se servimos no primeiro amor, temos ilimitados efeitos de profundidade: lançamos fundamentos que permanecem para sempre e damos frutos que têm valor eterno” (leia aqui).

Se olharmos novamente para a vida de Moisés, vemos que todos os eventos de seus primeiros 80 anos resultaram na sua preparação para ser um forte líder para o povo de Israel. Devido à sua educação palaciana, ele falava fluentemente egípcio e era capaz de assumir a nobreza; e, vivendo no deserto por anos como um simples pastor, aprendeu a lidar com animais selvagens, bem como a reconhecer o clima. Uma preparação ideal para a passagem pelo deserto do Sinai e a entrada na Terra Prometida! Uma tarefa que foi – e continua sendo hoje – o pontapé inicial para Israel abençoar todos os povos (leia aqui).

Concluímos com as palavras de D. L. Moody: “Durante quarenta anos, Moisés achava que sabia quem era. Durante mais quarenta anos, ele descobriu que era um ‘ninguém’. Pelos últimos quarenta anos, ele finalmente experimentou o que Deus pode fazer com um ‘ninguém’”. Oremos para que o Senhor nos diminua a fim de sermos usados por Deus como bênção para muitos (ver Jo 3.30). Desejamos a todos uma boa leitura.

sumário Revista Chamada Julho 2020

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