O relacionamento com os líderes da igreja
1ª Carta a Timóteo | Parte 15 | 1Timóteo 5.17-20
Uma interpretação da primeira carta de Paulo a Timóteo, por Norbert Lieth.
17Os presbíteros que lideram bem a igreja são dignos de dupla honra, especialmente aqueles cujo trabalho é a pregação e o ensino, 18pois a Escritura diz: “Não amordace o boi enquanto está debulhando o cereal”, e “o trabalhador merece o seu salário”. 19Não aceite acusação contra um presbítero, se não for apoiada por duas ou três testemunhas. 20Os que pecarem deverão ser repreendidos em público, para que os demais também temam.
Nos dias atuais acontece justamente o contrário do que lemos em 1Timóteo 5.17-20. Não raramente, os presbíteros ou pastores estão sob forte bombardeio e se tornam alvo de críticas. Aquilo que fizeram, não foi feito corretamente; aquilo que não fazem, isso deveriam fazer; aquilo que fazem, deveriam fazer de maneira melhor; aquilo que pretendem fazer, deveriam fazer de outro jeito.
Se o presbítero deve ser considerado com dupla honra, então também é possível que se cometa duplo pecado quando se fala mal dele ou o critica levianamente. Certamente isso já levou muitas igrejas a incorrer em pecado e certamente a perder bênçãos. Antes de tudo, os fiéis líderes deveriam receber todo o apoio, com honra, estima e consideração, em oração e – além disso – com sustento financeiro, já que dependem da igreja. Já que é tão fácil criticar e acusar os líderes da igreja, não se deve aceitar acusações contra eles, exceto se estas forem confirmadas por duas ou três testemunhas (v. 19).
“Não amordace o boi enquanto está debulhando” são palavras retiradas de Deuteronômio 25.4 e que Paulo também menciona em 1Coríntios 9.9. Jesus falou que “o trabalhador merece o seu salário”, conforme registro de Lucas 10.7.
“... especialmente aqueles cujo trabalho é a pregação e o ensino...” (v. 17). Vemos o quanto a pregação e o ensino estão próximos um do outro, bem como a responsabilidade do ministério da pregação. A responsabilidade é tanta que aqueles que servem com a Palavra devem ser carregados de maneira especial.
A expressão “cujo trabalho é a pregação” significa proclamar a verdade bíblica. É a pregação da mensagem de Cristo. “Ensino” significa explanar as verdades bíblicas para que sejam compreendidas. A pregação, no entanto, deve ocorrer simultaneamente com o ensino da Palavra.
Paulo ordena: “Não aceite acusação contra um presbítero, se não for apoiada por duas ou três testemunhas. Os que pecarem deverão ser repreendidos em público, para que os demais também temam” (v. 19-20).
Sempre devemos ter em mente que os líderes da igreja não são pessoas perfeitas. Eles cometem erros. Podem agir erradamente (v. 17), tomando decisões equivocadas. Eles podem pecar (v. 20). São coisas que não desaparecem automaticamente para quem serve no presbitério, exceto se cometerem pecados que prejudicam o conceito da igreja (ver as qualificações para os presbíteros em 1Tm 3.1-7).
Na verdade, não deveríamos acusar os presbíteros afoitamente ou não dar atenção às acusações contra eles. Contudo, devemos mesmo assim agir com coragem caso o pecado de um líder da igreja seja evidente. Ele precisa ser repreendido diante de todos, para que todos sintam o devido temor à disciplina aplicada. Quando um pecado de um líder for acobertado e esquecido, então os demais membros da igreja podem pensar: “Se ele pode cometê-lo, então eu também posso fazê-lo e não ser chamado à responsabilidade”. Nesse caso, a autoridade dos demais líderes poderia sofrer dano, pois uma liderança que não toma atitudes firmes – sem fazer acepção de pessoas – perde a credibilidade e tende a perder a voz ativa.
Já que não existe mais nenhum Timóteo em nossos dias, a responsabilidade pela repreensão recai sobre os demais presbíteros.