O Velho e a Manhã da Páscoa

Cristo ressuscitou! Este artigo apresenta uma reflexão sobre o túmulo vazio e a mensagem da Páscoa.

O rosto daquelas mulheres expressava tristeza e desespero. Puseram-se a caminho assim que o sol nasceu. Haviam perdido aquele sobre quem depositaram toda a sua confiança. Cada uma das palavras dele se gravara em seus corações. Elas estavam firmemente convictas de que aquele homem havia sido enviado por Deus. Sua causa é a causa de Deus. Ele é o Salvador enviado por Deus. No entanto, então chegara aquela terrível sexta-feira. Ele foi processado – e de modo nenhum aquilo foi um procedimento totalmente correto. Apresentaram-se falsas testemunhas. Os maiorais dos judeus haviam imposto sua crucificação.

Agora as mulheres se puseram a caminho bem cedo no domingo. Queriam embalsamar o cadáver de Jesus. Seria um último gesto de amor para se despedir daquele homem tão venerado. Ao mesmo tempo, era o fim das suas  esperanças.

Apesar da vigilância militar sobre o túmulo, a ressurreição de Jesus não pôde ser impedida.

O velhinho não conseguiu ler o relato dos acontecimentos da Páscoa sem se emocionar intimamente. A preocupação das mulheres para ver se conseguiriam remover aquela grande pedra também mexeu com ele; de outra forma, não teriam acesso ao cadáver de Jesus. Mas então tudo aconteceu de forma bem diferente.

Elas chegaram ao túmulo e a pedra fora removida! O túmulo estava vazio. O velhinho consegue imaginar muito bem o susto, a esperança e o temor das mulheres. Elas viram o túmulo vazio – estava aberto. O corpo de Jesus desaparecera. Elas não sabiam o que pensar. Um furto do corpo teria sido impossível. O túmulo fora lacrado e atentamente vigiado pelos soldados romanos.

Apesar da vigilância militar sobre o túmulo, a ressurreição de Jesus não pôde ser impedida. O evangelista Mateus relata: “E eis que sobreveio um grande terremoto, pois um anjo do Senhor desceu dos céus e, chegando ao sepulcro, rolou a pedra da entrada e assentou-se sobre ela” (28.2). As mulheres se assustaram. “Vocês procuram Jesus de Nazaré, o Crucificado. Ele ressuscitou. Não está aqui.”

Para o velhinho, ficou claro que a ressurreição de Jesus não é apenas uma questão espiritual. Tudo aquilo é bem real. Ninguém pôde negar a ressurreição de Jesus. Ninguém podia dizer: “Mas ali está o seu túmulo, ele está aí, o Jesus morto!”. O túmulo vazio acabava com tais objeções. Foi um milagre que rompeu tudo que se pudesse imaginar  humanamente.

O velhinho consegue perceber o frio na espinha das mulheres diante do túmulo. Elas encontraram dois homens com vestes brancas resplandecentes. “Por que vocês estão procurando entre os mortos aquele que vive? Ele não está aqui! Ressuscitou!” (Lc 24.5b-6a).

Os anjos lembraram as mulheres de que Jesus lhes havia predito sua ressurreição. Na ocasião, não entenderam o que ele queria dizer, mas agora começaram a perceber que era realidade.

As mulheres correram até os discípulos e relataram-lhes o que haviam visto. O velhinho bem que consegue entender por que, inicialmente, os discípulos não quisessem acreditar que Jesus estava vivo. Acharam que aquilo era conversa fiada de mulher. Foi só aos poucos que captaram a verdade. “O Senhor ressuscitou, ele verdadeiramente ressuscitou!”

Nos dias subsequentes, Jesus apareceu aos seus discípulos em diversos lugares. Puderam vê-lo, tocá-lo com as mãos, comer com ele, falar com ele. Foram numerosas as pessoas com quem ele se encontrou.

O velhinho constatou que, logo após a Páscoa, já se iniciou uma propaganda contra a ressurreição. Para os judeus, a ressurreição de Jesus era constrangedora. Queriam tirá-lo do caminho e agora enfrentavam o problema de que ele estava vivo. Inventaram o boato do furto do corpo, mas os fatos depunham contra ele.

O velhinho nota que até hoje a ressurreição de Jesus é contestada e atacada. Afirma-se que Jesus teria estado apenas letárgico. Os teólogos têm problemas com o túmulo vazio. Para eles, Jesus apodreceu no túmulo e sua ressurreição corporal seria uma mistificação.

O velhinho crê na Bíblia. Ele confessa com o apóstolo Paulo: se Jesus não ressuscitou efetivamente, somos os mais miseráveis de todas as criaturas. Nesse caso, nossa fé é vã e ainda vivemos nos nossos pecados (cf. 1Co 15.17,19).

O velhinho se alegra por Jesus Cristo ser a ressurreição e a vida. Quem crer em Jesus, ainda que morra, viverá. O velhinho alegra-se porque para ele a morte não é um ponto final, mas a entrada para a vida eterna. Essa é a inabalável esperança de todos os crentes. Temos um maravilhoso e grande Salvador! Ele é nosso único consolo na vida e na morte. Ele é o primeiro, o último e aquele que vive. Glória eterna a ele!

Rolf Müller é o autor dos “Pensamentos do Velho”, uma série de artigos sobre os desenvolvimentos atuais do fim dos tempos dentro e fora da igreja de Jesus Cristo.

sumário Revista Chamada Abril 2020

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