Rebelião contra o acordo entre Israel e a Polônia
Judeus e poloneses na "Marcha dos Vivos", uma marcha memorial realizada todos os anos na chamada "estrada da morte" do antigo campo de extermínio nazista alemão de Auschwitz a Auschwitz II-Birkenau na Polônia.
Em 2018 irrompeu um clima gelado nas relações entre Israel e a Polônia, que, ao longo de muitos anos, haviam sido consolidadas progressivamente por meio de acordos bilaterais. A Polônia promulgou leis criticadas por Israel por negarem uma participação polonesa nos crimes nazistas. As relações pioraram ainda mais quando, em 2019, Netanyahu, o premiê israelense na época, comentou publicamente uma “colaboração polonesa com os nazistas”. Em seguida ocorreram diversos incidentes que criaram ainda outras tensões, entre os quais a promulgação de uma nova lei polonesa limitando a possibilidade de reivindicação de antigas propriedades, em meados de 2021. Israel retirou seu embaixador da Polônia e pediu ao embaixador polonês em Israel que não retornasse. Sob a nova coalizão de Netanyahu, agora, tudo mudou: as embaixadas voltaram a ser ocupadas e, recentemente, o ministro das relações exteriores de Israel, Eli Cohen, assinou com seu colega de função polonês um acordo segundo o qual se retomariam as viagens de grupos de escolares israelenses para a Polônia – e isso justamente no ano em que a iniciativa sem paralelo da “Marcha dos Vivos”, uma marcha memorial de Auschwitz para Birkenau, celebra seu jubileu de 35 anos. O acordo foi intensamente criticado em Israel e tachado de “liquidação da memória das vítimas da Shoá”, porque Israel cedeu, de forma totalmente acrítica, às condições polonesas de incluir nas listas dos locais que grupos de escolares podem visitar na Polônia museus que apresentam apenas um dos lados da história, incluindo poloneses exclusivamente como vítimas ou até patriotas salvadores de concidadãos judeus. Entre os que se manifestaram ruidosamente contra o acordo está também Yad Vashem. AN