Haifa, julho de 2023

Diante da reforma judicial planejada em Israel, deveríamos primeiro nos perguntar: por que Israel ainda não tem uma constituição após 75 anos de existência do moderno Estado?

Na verdade, todo Estado que pertence à Organização das Nações Unidas (ONU) deve ter uma constituição. Israel também havia prometido posteriormente estabelecer uma constituição nacional, o que não aconteceu até hoje. A Guerra da Independência (15/05/1948 até 10/03/1949) estourou com a fundação do país, e a jovem nação teve preocupações mais importantes. Quando a guerra acabou, uma grande onda de imigração se instalou, e Israel tinha outras preocupações mais importantes.

Quando as adversidades iniciais mais importantes foram solucionadas e os problemas administrativos, resolvidos, as nações árabes vizinhas começaram a resistir, o que levou à Guerra dos Seis Dias (05-10/06/1967) e, posteriormente, à Guerra do Yom Kippur (06-25/10/1973). Após a Guerra do Yom Kippur, a oposição chegou ao poder pela primeira vez. Israel continuou ocupado com problemas existenciais, de modo que a questão de uma constituição foi novamente adiada.

Nesse ínterim, porém, a necessidade de uma constituição tornava-se cada vez mais urgente, pois essa deficiência havia conferido à Suprema Corte poder demais para o gosto de muitos. Além disso, o parlamento israelense é baseado em um sistema unicameral e, portanto, não possui nenhum instrumento real de controle. A grande questão agora é: como deve ser a constituição do único Estado judeu no mundo? Deve ser semelhante à da maioria dos países ou diferente?

Há alguns que pensam: nós já temos uma constituição, isto é, a Torá, que Deus decretou para o povo de Israel através de Moisés. Uma futura constituição israelense deveria, portanto, ser baseada principalmente na Torá? Existem ordenanças na Torá que são difíceis de aplicar aos nossos dias, como o sábado ou o ano do jubileu. As opiniões divergem amplamente sobre a avaliação desses mandamentos e será difícil encontrar um consenso. Também deve ser lembrado que 20% da população não é judia e que grande parte da população judaica não segue as regras e os regulamentos religiosos. Além disso, o governo de Israel foi criticado e advertido por muitos estados por sua reforma judicial, inclusive por seus melhores amigos, como os EUA.

Talvez tudo fique igual, ou seja, que questões mais urgentes e problemas mais atuais continuem adiando o tema da constituição.

O ministro das Relações Exteriores do Irã esteve recentemente no Líbano para visitar seus aliados (Hezbollah). Na ocasião da visita, ele aproveitou para analisar a situação interna de Israel. Por causa de tudo o que está acontecendo em Israel, ele afirmou que o Estado judeu começou a desmoronar por dentro. O fim do Estado sionista está próximo.

Israel deve levar essas observações a sério, pois elas mostram como os inimigos externos avaliam e julgam os problemas internos do país. A maioria dos ex-chefes de gabinete e de inteligência advertem contra a planejada reforma judicial, porque ela tem o potencial de dividir o povo e enfraquecer a vontade de Israel de se defender. Nós, porém, podemos ter certeza de que Deus mantém os olhos abertos sobre o que está acontecendo, pois por trás de tudo está o plano de Deus para a volta do Messias Jesus.

Com esta confiança, saúdo-vos calorosamente com Shalom, vosso

Fredi Winkler é guia turístico em Israel e dirige, junto com a esposa, o Hotel Beth-Shalom, em Haifa, que é vinculado à missão da Chamada.

sumário Revista Chamada Julho 2023

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